sexta-feira, 3 de dezembro de 2010

SUBSIDIOS PARA A HISTÓRIA DA CORPORAÇÃO DE PILOTOS DA BARRA DO DOURO E PORTO ARTIFICIAL DE LEIXÕES – Episódio 121



O VAPOR PORTUGUÊS “BEIRIZ” ENCALHA NO RIO DOURO


O BEIRIZ encalhado diante do lugar de Sobreiras /Imprensa diária/.


A 31/08/1933, pelas 12h00, o vapor Português BEIRIZ, piloto Joel da Cunha Monteiro, após ter demandado a barra do Douro e devido ao nevoeiro, que entretanto se formara, ao passar diante do lugar de Sobreiras desviou-se do canal e encalhou na areia, muito próximo da margem norte.

Dado o alarme, seguiram para o local do acidente os rebocadores MARS 2º e LUSITÂNIA, que não chegaram a prestar qualquer assistência, visto o vapor sinistrado não correr qualquer perigo e ter grandes hipóteses de se safar da areia pelos seus próprios meios. No entanto, os dois rebocadores permaneceram fundeados nas imediações, para qualquer eventualidade.

Como o BEIRIZ tivesse feito várias tentativas de se safar com a sua própria máquina e algumas espias lançadas à popa pelas lanchas dos pilotos, as quais se tornaram infrutíferas nesse momento e tanto mais que a maré já ia de vazante, foi resolvido proceder-se à baldeação de alguma carga para barcaças. Essa operação de aliviar o vapor foi iniciada pelas 14h00 e terminada já pela enchente. À noite recomeçou-se as tentativas para o desencalhe, todavia nada se conseguindo.

Contudo, não descurando, esperou-se pela preia-mar e às 23h00, com o auxílio da sua própria máquina e das espias estabelecidas pela popa, o BEIRIZ foi obrigado a endireitar para o canal, conseguindo assim safar-se do banco de areia e seguir rio acima para o ancoradouro do lugar de Santo António do Vale da Piedade, diante do lugar do cais das Pedras, sem mais percalços.

Os trabalhos de desencalhe foram dirigidos pelo sota-piloto-mor António Joaquim de Matos e pelos cabos-pilotos Alexandre Cardoso Meireles e António da Silva Pereira coadjuvados por alguns pilotos, além do seu pessoal assalariado, tanto a bordo como nas lanchas.

O BEIRIZ procedia de Hamburgo com carga diversa para os portos do Douro e Lisboa, transportava também bastante carga para territórios Portugueses de África, com transbordo no porto de Lisboa, e vinha consignado aos agentes Sociedade Mercantil e Industrial Lda, da cidade do Porto.

BEIRIZ – 82m/ 1.229tb/ 11 nós; 05/1902 entregue por Wood & Kinnen & Co., Ltd., Newcastle, como PARIS a London and Paria Steamship Co. Ltd., Swansea, gestures F. C. Strick & Co., Ltd.; 1912 WILLY, NV Mij. tot Exploitatie van het ss Willy, gestores W.H. Berhuys Coal Trade, Amesterdão; 1933 BEIRIZ, Companhia Atlântica de Navegação., Lda., Lisboa; 1936 adquirido pelos sucateiros A. De Andrade & Cia., Lisboa, para desmantelamento.

http://www.merchantnavyofficers.com/strick/paris.jpg

Imagem do vapor Inglês PARIS

Fontes: José Fernandes Amaro Júnior, Miramar ship Index.

(continua)

Rui Amaro

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