sexta-feira, 8 de outubro de 2010

SUBSIDIOS PARA A HISTÓRIA DA CORPORAÇÃO DE PILOTOS DA BARRA DO DOURO E PORTO ARTIFICIAL DE LEIXÕES – Episódio 100

O PAQUETE INGLÊS “HOLBEIN” PERDE A AMARRA DE BOMBORDO NO PORTO DE LEIXÕES E ATRASA A SAÍDA



A 16/08/1932, pelas 22h00, o paquete Inglês HOLBEIN, piloto Francisco Luis Gonçalves, estava a manobrar para deixar o porto de Leixões com destino aos portos do Brasil e Rio da Prata com escala pelo porto de Lisboa. No momento de desandar sobre o ferro de bombordo e com a máquina a um quarto de força avante, partira-se-lhe a corrente, que foi para o fundo, juntamente com o ferro, pelo que não teve outra alternativa, se não permanecer até às 03h00 do dia 17, saindo do porto após ter sido emanilhada uma nova amarra e o respectivo ferro.

O HOLBEIN, 139m/ 6.278tb/12nós, foi construído em 01/1915 pelo estaleiro D. & W. Henderson & Co., Glasgow, para a Lamport & Holt Line, Liverpool, tendo retomado o tráfego do Brasil e Rio da Prata após a 1ª Guerra Mundial e a 29/03/1935 chegava a Savona para desmantelamento.

Fontes: José Fernandes Amaro Júnior; Lamport & Holt Line.

(continua)

Rui Amaro

quinta-feira, 7 de outubro de 2010

SUBSIDIOS PARA A HISTÓRIA DA CORPORAÇÃO DE PILOTOS DA BARRA DO DOURO E PORTO ARTIFICIAL DE LEIXÕES – Episódio 99

O VAPOR SOVIÉTICO “KRASNY PROFINTERN” DEMANDA O PORTO DE LEIXÕES PARA OPERAÇÕES COMERCIAIS NO LONGO INTERREGNO DA NAVEGAÇÃO RUSSA EM PORTUGAL


O NEFTESYNDICAT S.S.S.R. fundeado no porto de Leixões/ imagem de "O Comércio do Porto" - Colecção Reinaldo Delgado /.


A 17/07/1932, pelas 13h15, entrou no porto de Leixões o vapor Soviético KRASNY PROFINTERN, ficando amarrado ao Norte a dois ferros e durante a sua curta estadia a tripulação foi impedida de vir a terra, tendo para tal proibição permanecido a bordo, ao portaló, agentes da PIDE - Policia Internacional e de Defesa do Estado e da Policia Marítima. Aquele vapor seguiu viagem no dia seguinte.

O KRASNY PROFINTERN, que veio consignado aos agentes Burmester & Cia., Lda., foi o segundo vapor Soviético a escalar o porto de Leixões e o primeiro a realizar operações comerciais de entre quatro navios, poucos anos depois da proclamação Bolchevique na Rússia, e até à revolução dos Cravos em Portugal, devido ao corte de relações diplomáticas entre os governos de Portugal e da USSR, era comandado pelo Capitão Cequref e procedia do porto Russo de Novorossisk, no Mar Negro, com 17 dias de viagem, trazendo a bordo 1 passageiro em transito e carga diversa, destinando-se ao porto de Hamburgo.


O iate FAMALICÃO 3º fundeado no porto de Leixões / imagem de "O Comércio do Porto" . Colecção Reinaldo Delgado /.


O primeiro foi o petroleiro NEFTESYNDICAT S.S.S.R., 143m/8.228tb/1928, que quando em rota do Mar Negro para o porto de Amesterdão, aportou ao porto de Leixões, a fim de conduzir a reboque o iate Português FAMALICÃO 3º, 40m/134tb/1922, que por alturas da Corunha se encontrava em dificuldades, possivelmente desarvorado, tendo revertido para Sul a sua navegação, o que foi digno de registo, pois como seria natural poderia tê-lo deixado no porto Galego mais próximo, contudo essa acção filantrópica do capitão Russo não entendida pelas autoridades politicas e marítimo-portuárias, que não autorizaram a vinda da sua equipagem a terra, nem tão pouco o contacto da tripulação socorrida com a salvadora, se bem que a navegação Soviética não estava inibida de escalar portos Portugueses, o que tinha era de se sujeitar às regras portuárias em vigor. O último dos quatro navios das cores Soviéticas foi o KRASNOARMEYSK, 104,5m/3.019tb/1968, em 05/03/1972.


O KRASNOARMEYSK atracado à doca 1 do porto de leixões em 05/03/1972 / foto de Rui Amaro /.


O KRASNY PEOFINTERN carregou um conjunto de jaulas, com animais vivos, que estiveram presentes numa exposição levada a efeito nos jardins do Palácio de Cristal. Os animais em questão pertenciam a um circo Alemão, que teve agendado diversas actuações na Rússia. Durante a estadia no porto, assistiu à manobra de entrada o piloto Francisco Piedade e durante a saída com destino ao porto de Hamburgo, esteve presente o piloto Júlio Pinto de Almeida.

Anteriormente ao corte das ditas relações diplomáticas, era normal verem-se embarcações Russas no rio Douro, nomeadamente de vela, e alguns iates e palhabotes daquela nacionalidade foram adquiridos e convertidos em fragatas para o tráfego fluvial e local, sobretudo após a grande cheia do rio Douro de 1909, devido ao afundamento de um enormíssimo número de barcaças e fragatas, levados rio abaixo pela impetuosa corrente, e perdidos no rio, costa e mar.

KRASNY PROFINTERN – 106m/ 4.648tb/ 9kn; 17/02/1902 entregue por Roberts Craggs & Sons, Middlesbrough, como HAFIS a Sanders & Renck, Hamburgo; 1904 ARGUN, Imperial Marinha de Guerra Russa, operado como carvoeiro; 08/1920 ARGUN, Mortran, operado como navio carvoeiro; 01/1921 ARGUN, Imperial Marinha de Guerra Russa, operado como carvoeiro; 06/1921 KRASNY PROFINTERN,

Baltic Steamship/Sovtorgflot, Leninegrado; 14/02/1943 torpedeado e afundado pelo submarine U-19, Kptlt Hans- Ludwig Gaude, a Sueste do porto de Tuapse, Mar Negro.

Fontes: José Fernandes Amaro Júnior; Reinaldo Delgado/Blogue Navios e Navegadores; Roberts Craggs & Sons Co., Ltd.

(continua)

Rui Amaro

segunda-feira, 4 de outubro de 2010

SUBSIDIOS PARA A HISTÓRIA DA CORPORAÇÃO DE PILOTOS DA BARRA DO DOURO E PORTO ARTIFICIAL DE LEIXÕES – Episódio 98

QUATRO BARCOS DA FANECA DE PENDÃO AO ALTO POR ALTURAS DA CAPELINHA DO SENHOR DA PEDRA E A SEMPRE SOLICITA LANCHA DE PILOTOS EM SEU SOCORRO


A lancha de pilotar P1 no porto de Leixões em 1955 / Gravura do Diário do Norte /.


A 11/07/1932, pelas 14h00, por ordem do capitão do porto de Leixões, e mais uma vez como alternativa às lanchas salva-vidas do ISN – Instituto de Socorros a Náufragos, se bem que desta, fora pela ausência do salva-vidas auto propulsor CARVALHO ARAÚJO, que se encontrava em Lisboa em reparação, devido a ter sido uma das vitimas da tragédia da barra do Douro, que ficou a ser lembrada como “O ENCALHE DO GAUSS”, saiu daquele porto a lancha dos pilotos P1 em socorro de quatro barcos da faneca, que se encontravam, com pendão ao alto (a), ao Sul da barra do Douro, mais propriamente por alturas da capelinha do Senhor da Pedra, sem hipóteses de alcançarem bom porto, devido à forte Nortada, que se fazia sentir na costa.

A lancha, timonada pelo cabo-piloto Paulino Pereira da Silva Soares, regressou ao porto de Leixões ao anoitecer, trazendo as quatro embarcações a reboque, sem mais percalços. Note-se que a P1 nesse tempo, embora de convés, não era cabinada, apenas possuía a caixa da máquina e uma espécie de gaiuta aberta, onde aquele cabo-piloto de mãos nas malaguetas da roda do leme, conduzia a lancha, e debaixo de vento de Nortada, não era nada agradável para os quatro membros da tripulação, pois só providos de capa de oleado e capuz minimizava as encharcadelas próprias de mar de Nortada ou da chuva em dias molhados.

No caso de embarcações em dificuldades, localizadas a maiores distâncias do Douro ou Leixões, o capitão do porto ordenava a saída de um rebocador, ou por vezes eram trazidas por vapores que rumavam a Norte deixando-as o mais próximo daqueles dois portos, ou do centro piscatório a que pertenciam as embarcações socorridas.


Um barco das peças (pesca de redes de emalhar da sardinha) / Imprensa diária - 1955 /.


Pendão ao alto: uma peça de pano, normalmente vestuário, colocado no topo de um mastro, vara ou remo ao alto, chamando a atenção para dificuldades que surgiram na embarcação e necessitando de socorro urgente.

Fonte: José Fernandes Amaro Júnior

(continua)

Rui Amaro

domingo, 3 de outubro de 2010

SUBSIDIOS PARA A HISTÓRIA DA CORPORAÇÃFO DE PILOTOS DA BARRA DO DOURO E PORTO ARTIFICIAL DE LEIXÕES – Episódio 97

O PILOTO JOSÉ FERNANDES AMARO JÚNIOR VAI PRESTAR SERVIÇO EFECTIVO NO PORTO DE LEIXÕES EM SUBSTITUÇÃO DO PILOTO ELISIO DA SILVA PEREIRA QUE REGRESSA AO PORTO DO DOURO


Os pilotos Elísio da Silva Pereira e José Fernandes Amaro Júnior junto da estação de pilotos da Cantareira


A 06/06/1932, pelas 12h00, o piloto José Fernandes Amaro Júnior preparava-se para seguir para a estação de pilotos de Leça da Palmeira, a fim de substituir o seu colega Elísio da Silva Pereira, que iria regressar à estação da Cantareira, após alguns anos de serviço efectivo no porto de Leixões, quando foi avisado pelo piloto-mor José Rodrigues Brandão, para que não seguisse e aguardasse ordens superiores. Aquela contra-ordem foi devida a ter de levar um oficio do Chefe do Departamento Marítimo do Norte para entregar ao capitão do porto de Leixões, relativo à sua transferência do porto do Douro para o porto de Leixões, onde iria prestar serviço efectivo durante cerca de dois anos ou mais se assim o entendesse, e como tal retomou o serviço normal no rio Douro, pelo que a 7 deu entrada ao vapor Português ZÉ MANEL, que demandou a barra em 15 pés de calado e foi amarrar no pião das barcas do seu armador, Sociedade Geral, situado no lugar do cais do Monchique, que foi o seu último serviço no rio Douro, tendo ficado ao primeiro da escala de serviço todo o Domingo, dia 12.

A 13, pelas 13h00, o piloto José Fernandes Amaro Júnior dirigiu-se para Leça da Palmeira, apresentando-se ao sota-piloto-mor António Joaquim de Matos, que por sua vez o foi apresentar ao capitão do porto e assim permaneceu no serviço efectivo durante cerca de dois anos, mais propriamente até 02/07/1934, tendo a 30 de Junho pilotado de saída o paquete Brasileiro RAUL SOARES, após ter apresentado requerimento ao Chefe do Departamento Marítimo do Norte a 05/06/1934, o qual foi deferido, favoravelmente a 27/06/1934.

Fonte: José Fernandes Amaro Júnior

(continua)

Rui Amaro