sábado, 8 de maio de 2010

SUBSIDIOS PARA A HISTÓRIA DA CORPORAÇÃO DE PILOTOS DA BARRA DO DOURO E PORTO ARTIFICIAL DE LEIXÕES – Episódio 61

A LANCHA DE PILOTOS “P4” RESGATA DOIS PESCADORES DE UMA PEQUENA EMBARCAÇÃO NAUFRAGADA A SUL DA BARRA DO DOURO


A 25/02/1931, pelas 08h00, ao largo das pedras do Cão, a Sul do Cabedelo da barra do Douro, povoação de Lavadores, devido à forte rebentação, voltou-se uma pequena embarcação de pesca do centro piscatória da Afurada, tendo os seus dois ocupantes quase perdendo a vida. Valeu-lhes a pronta acção da lancha dos pilotos P4, que os salvou “in extremis” de uma morte certa, conduzindo-os de seguida para a Cantareira, onde foram agasalhados na corporação de pilotos, sendo-lhes fornecido roupas secas, tendo de seguida sido transportados ao Hospital da Misericórdia do Porto (Hospital de Santo António), na auto-maca da Cruz Vermelha. A embarcação naufragada foi encontrada mais tarde varada no areal.

Fonte: José Fernandes Amaro Júnior

(continua)

Rui Amaro

quarta-feira, 5 de maio de 2010

SUBSIDIOS PARA A HISTÓRIA DA CORPORAÇÃO DE PILOTOS DA BARRA DO DOURO E PORTO ARTIFICIAL DE LEIXÕES – Episódio 60


O VAPOR PORTUGUÊS “SAN MIGUEL” NO RIO DOURO NA SUA VIAGEM INAUGURAL



O SAN MIGUEL entranso na doca nº 2 do porto de Leixões em 17/10/1965 - Rui Amaro


A 24/02/1931, pelas 17h30, entrou a barra do Douro, em 18 pés de calado de água, o moderno vapor Português SAN MIGUEL, 92,65m/2.177tb/11-13 nós, que efectuava a sua viagem inaugural, tendo sido amarrado no lugar de Oeste da Cábrea. A entrada foi orientada pelo piloto Eurico Pereira Franco e no primeiro dia de Abril saiu a barra sob a direcção do piloto José Jeremias dos Santos com destino aos Açores com escala pelo porto de Lisboa.

Aquela esplêndida unidade mercante foi entregue em 02/1931 pelos estaleiros Swan, Hunter & Wigham Richardson, Sunderland, à Companhia de Navegação Carregadores Açoreanos, Ponta Delgada, representada na cidade do Porto pela firma David, José de Pinho & Fos., Lda, que o destinou à linha dos Açores/Norte da Europa/Continente/Açores. No dealbar da segunda guerra mundial passou a operar na nova linha da costa Leste do EUA, nomeadamente para os portos de Nova Iorque e Filadélfia, escalando o Funchal e os principais portos Açoreanos, e após o fim da guerra e a entrada de quatro novas unidades para o seu armador e para aquela linha, que foram o RIBEIRA GRANDE, MONTE BRASIL, HORTA e VILA DO PORTO, retomou o serviço do Norte da Europa, terminando os seus dias no tráfego Continente/Madeira/Açores. Em Junho de 1968 foi vendido a sucateiros Espanhóis do porto de Ferrol.

Fonres: José Fernandes Amaro Júnior e Carregadores Açoreanos e a sua frota (A.A. de Moraes).

(continua)

Rui Amaro

SUBSIDIOS PARA A HISTÓRIA DA CORPORAÇÃO DE PILOTOS DA BARRA DO DOURO E PORTO ARTIFICIAL DE LEIXÕES – Episódio 59


O VAPOR NORUEGUÊS “BESSEGG” SOFRE POR DUAS VEZES AVARIA NA MÁQUINA QUANDO SE PREPARAVA PARA RUMAR Á BARRA




Narrativa textual do piloto José Fernandes Amaro Júnior, relacionada com o seu serviço de largada do rio Douro do vapor Norueguês BESSEGG.

«A 14.02.1931, pelas 13h00, embarquei numa das catraias das amarrações a fim de ir dar saída ao vapor Norueguês BESSEGG, o qual após ter descarregado um carregamento de bacalhau da Noruega no lugar do cais do Terreiro, estava pronto para largar em lastro.

Chegado a bordo, fiz ver ao capitão, que ia chamar um rebocador para auxiliar a manobra de desandar o vapor. O capitão disse-me, que não havia necessidade disso. No entanto, depois de lhe ter feito ver das consequências, que daí poderiam advir, devido a vários vapores estarem amarrados dois a dois do lado da margem de Gaia, o que iria condicionar aquela manobra, o capitão acabou por concordar com a minha intenção.

O pequeno rebocador fluvial MARIAZINHA pegou à proa e então, iniciei a manobra largando os cabos de terra, virando os ferros da proa e logo de seguida o rebocador começou a desandar o vapor, ao mesmo tempo que a catraia suspendia e recolhia o ferro dos pilotos à popa. Após ter posicionado o vapor de proa a jusante e ainda com o rebocador à proa, mandei dar meia força avante na máquina e seguia rumo à barra, quando o capitão me diz, que largasse o ferro, porque a máquina estava com avaria e já não queria sair. Em face disso largou-se o ferro de estibordo e fiz sinal ao rebocador para rodar o vapor de proa a montante, porque íamos regressar ao mesmo ancoradouro e assim se procedeu, ficando o vapor amarrado de maneira a sair no dia seguinte. Entretanto subiu a bordo o empregado da agência do vapor, a firma Jervell & Knudsen Lda., a quem fiz ver para quando marcasse a hora da saída do vapor, o não fizesse através da estação telegráfica da Associação Comercial mas directamente por telefone para estação de pilotos da Foz, recomendando ao piloto de serviço à estação para me avisar.

Regressado à Cantareira, dei conhecimento ao piloto-mor Francisco Rodrigues Brandão do sucedido, pelo que ele me disse para continuar afecto à saída do BESSEGG. No dia seguinte, domingo gordo, logo de manhã cedo fui para a corporação a fim de aguardar o telefonema. No entanto, o piloto José Fernandes Tato, de serviço à estação recebeu o aviso do empregado da agência e comunicou ao piloto-mor e este foi tirar parecer com o cabo-piloto António da Silva Pereira e com o piloto mais antigo Manuel de Oliveira Alegre, indagando se deveria mandar o piloto que iniciara o serviço de saída na véspera ou mandar o piloto Júlio Pinto de Carvalho. Ambos foram de opinião, que deveria ser o piloto Júlio Pinto de Carvalho, que estava ao primeiro da esquadra de serviços de dentro. Quando aquele meu colega se preparava para embarcar na catraia, que o levaria ao vapor e auxiliar as manobras de largada, foi recebida contra-ordem do agente a cancelar a saída, devido a nova avaria, ficando marcada para o dia seguinte, terça-feira de Carnaval e, efectivamente nesse dia o BESSEGG passou a barra do Douro, conduzido pelo piloto Mário Francisco da Madalena acompanhado pelo piloto praticante António Duarte».

Fontes e imagem:: José Fernandes Amaro Júnior e Lillesand Monstringskrets/ Sjohistorie.No

(continua)

Rui Amaro