quinta-feira, 4 de agosto de 2011

SUBSIDIOS PARA A HISTÓRIA DA CORPORAÇÃO DE PILOTOS DA BAVAPRRA DO DOURO E PORTO ARTIFICIAL DE LEIXÕES – Episódio 188

O VAPOR ALEMÃO "WALTER LEONHARDT" SOFRE UM INCIDENTE QUANDO SEGUIA RIO ACIMA A CAMINHO DO SEU ANCORADOURO



A 13/02/1936, pelas 09h00, quando o vapor Alemão WALTER LEONHARDT, piloto Manuel de Oliveira Alegre, depois de ter demandado a barra do Douro, seguia a caminho do seu ancoradouro, ao passar diante da lingueta do Bicalho, devido a um forte estoque de água, formado pela corrente de águas de cheia, fê-lo ir de guinada para bombordo embater com o vapor português SECIL, ali amarrado na descarga de cimento ensacado e correndo o risco de ir encalhar sobre as pedras da margem norte.

  
O SECIL(1) no estuário do Sado, diante do Outão, década de 30 / foto da Secil - colecção F. Cabbral, Porto /.

Acorreram os rebocadores VOUGA 1º, AGUILA e DEODATO, que passaram cabos de reboque àquele vapor, conduzindo-o de popa para jusante até atingirem o ancoradouro do Gás, ao Ouro, ficando aí amarrado a aguardar melhores condições de navegabilidade, a fim de seguir para o ancoradouro dos Vanzelleres, o qual lhe era destinado.
Este incidente, que devido às circunstâncias do local poderia ter sido de consequências mais graves, fez juntar muitos curiosos, que à sua maneira comentavam o sucedido e davam sugestões para se retirar o WALTER LEONHARDT da sua posição critica, o qual transportava carvão e pertencia ao armador Leonhardt & Blumberg, Hamburgo.
WALTER LEONHARDT - Imo 5602231/ 80m/ 1.305tb/ 9 nós/ 04/1904 entregue por Neptun Werft AG, Rostock, como GUSTAV BOLDT, a August Cords, Rostock; 1916 HANS CORDS, August Cords, Rostock; 1918 CHRISTEN SALLING, Gustav Salling, Flensburg; 1929 WALTER LEONHARDT, Leonhardt & Blumberg, Hamburg; 1936 NORD, Schulte & Bruns, Emden; 1938 Hermann Schulte, Schulte & Bruns, Emden; 23/09/1944 torpedeado e afundado por aeronave Aliada ao largo de Borkum.
Fonte: José Fernandes Amaro Júnior; Miramar Ship Index 
Imagem: Quadro de autor não identificado.

ATENÇÃO: Se houver alguém que se ache com direitos sobre as imagens postadas neste blogue, deve-o comunicar de imediato. a fim da(s) mesma(s) ser(em) retirada(s), o que será uma pena, contudo rogo a sua compreensão e autorização para a continuação da(s) mesma(s)neste Blogue, o que muito se agradece.
ATTENTION. If there is anyone who thinks they have “copyrights” of any images/photos posted on this blog, should contact me immediately, in order I remove them, but will be sadness. However I appeal for your comprehension and authorizing the continuation of the same on this Blog, which will be very much appreciated.

terça-feira, 2 de agosto de 2011

SUBSIDIOS PARA A HISTÓRIA DA CORPORAÇÃO DE PILOTOS DA BARRA DO DOURO E PORTO ARTIFICIAL DE LEIXÕES – Episódio 187

O ENCALHE DOS VAPORES INGLESES "ESTRELLANO" E "SEAMEW" NO ESTUÁRIO DO DOURO

A posição em que ficaram os vapores sinistrados, após o encalhe: à esquerda o ESTRELLANO e à direita o SEAMEW / jornal O Comércio do Porto /
  
Desde o dia 18/01/1936, que não havia movimento de navegação na barra do Douro, devido à situação de cheia e sobretudo maresia. A 05/02/1936, dia ameaçador de neblina, entre alguns navios, que entravam a barra e outros que iam de saída, estavam os vapores Ingleses SEAMEW e ESTRELLANO com calados de água não superior a 16 pés, que carregados com carga diversa, se destinavam ao porto de Londres.
Eram 13h45, quando ambos os vapores desandaram proa abaixo, iniciando a sua navegação. Primeiro o SEAMEW, piloto Joel da Cunha Monteiro, logo seguido do ESTRELLANO, piloto Mário Francisco da Madalena. Próximo do lugar do Ouro, um dos pontos do rio bastante arenoso e de pouca altura de água, aquele segundo vapor adiantou-se na sua marcha, todavia perdendo o primeiro de vista devido a uma enorme parede de nevoeiro cerrado, que entretanto se formara, impondo por tal motivo o máximo cuidado na navegação mas que desorientou os respectivos pilotos.
De súbito, aqueles vapores, que assinalavam a sua presença com os usuais toques das suas sirenes, estancaram, sem que antes não tivessem deixado de colidir ligeiramente. Ambos estavam encalhados. O SEAMEW a sul do canal, próximo de São Paio da Afurada, aproado a sul e o ESTRELLANO diante do Ouro, aproado a norte.
Supõe-se, dada a posição dos dois vapores, que o motivo do encalhe, aliado ao denso nevoeiro, tivesse sido devido ao grande número de barcaças afundadas pela cheia naquele área, e batendo nelas, os tenham feito desgovernar. Essas barcaças facilitando a concentração de areias, tornavam-se elementos de sério perigo para uma boa navegação.
Dado o alarme, acorreram ao local os pilotos da barra com o seu material flutuante, espiando com ancorotes os dois vapores, a fim de não serem arrastados mais para sul pela forte corrente da cheia na força da vazante, e também compareceram os rebocadores MARS 2º, VOUGA 1º, NEIVA, LUSITÂNIA e o RECORD, que não chegaram a prestar os seus serviços por desnecessários, visto os dois vapores não correrem perigo imediato.
Os respectivos agentes consignatários fizeram seguir para junto daqueles vapores algumas barcaças e pessoal de estiva, para na eventualidade de ser necessário aliviar alguma carga, o que se julga não chegou a ser necessário. No dia seguinte os dois vapores safaram~se pelos seus próprios meios e seguiram viagem, sem mais percalços.

 SEAMEW / Autor desconhecido - Photoship co., UK /.

SEAMEW, 76m/1.332tb, construído em 1915 pelo estaleiro Ailsa Shipbuilding Co.Ltd., Ayr, pertencia à General Steam Navigation Co., Ltd, Londres, tendo sido vendido a Verano Steamship Co., Ltd (F. V. Andlaw), armadores Gibraltinos, que lhe alteraram o nome para CAVEROCK. Em 1947 foi adquirido por Saorstat and Continental Steamship, Dublin, tendo sido registado como CITY OF ANTWERP, e ainda no mesmo ano foi denominado CARRICKMINES, contudo em 1953 foi desmantelado para sucata em Dublin.
ESTRELLANO, 82m/1.983tb, da Ellerman Papayanni Lines Ltd, Liverpool, foi construído pelo estaleiro Hall, Russell & Co., Aberdeen, que como o SEAMEW escalava os portos Portugueses com regularidade, não resistiu à conflagração mundial, tendo sido torpedeado em 02/1941 pelo submarino Alemão U-37 a 160 milhas para Sudoeste do Cabo de S. Vicente, para onde rumou, a fim de se juntar ao comboio naval HG53, quando se encontrava em viagem de Douro/Leixões para Liverpool com um carregamento de 2.000 toneladas de carga diversa, incluindo 1.110 toneladas de conservas de peixe. No seu afundamento, pereceram cinco dos seus vinte e cinco tripulantes, falecendo um outro a bordo do HMS DEPTFORD (L-53), navio salvador. Além do ESTRELLANO foram torpedeados pelo U-37 os vapores da meama nacionalidade COURLAND e BRANDENBURG, que seguiam no mesmo comboio naval.
Fonte: José Fernandes Amaro Júnior, U-boatNet, Photoship.co-UK, Miramar Ship Indez.
(Rui Amaro)

ATENÇÃO: Se houver alguém que se ache com direitos sobre as imagens postadas neste blogue, deve-o comunicar de imediato. a fim da(s) mesma(s) ser(em) retirada(s), o que será uma pena, contudo rogo a sua compreensão e autorização para a continuação da(s) mesma(s)neste Blogue, o que muito se agradece.
ATTENTION. If there is anyone who thinks they have “copyrights” of any images/photos posted on this blog, should contact me immediately, in order I remove them, but will be sadness. However I appeal for your comprehension and authorizing the continuation of the same on this Blog, which will be very much appreciated.

domingo, 31 de julho de 2011

SUBSIDIOS PARA A HISTÓRIA DA CORPORAÇÃO DE PILOTOS DA BARRA DO DOURO E PORTO ARTIFICIAL DE LEIXÕES – Episódio 186

NOVA CHEIA NO RIO DOURO E SOBRESSALTOS PARA AS POPULAÇÕES RIBEIRINHAS E ACIDENTES COM NAVIOS
 
 
O SILVA GOUVEIA que garrou vendo-se por estibordo o VESTA e pela popa o ALFERRAREDE, e mais a jusante o SEBOU, suportando as águas de cheia do rio Douro   

No dia 20/01/1936, pelas 04h30, a população da beira-rio foi alarmada com os toques de pedido de socorro lançado por algumas embarcações surtas nas ribeiras do Porto e Gaia. Aconteceu, que o vapor Inglês ESTRELLANO amarrado no lugar do Jones, margem de Gaia, bastante exposto à forte corrente, acabou por arrancar os peorízes, que lhe prendiam os grossos cabos da amarração e levado pela corrente, sempre com os ferros de proa e o ancorote de popa no fundo, atravessou o rio e foi abalroar o vapor da mesma bandeira BACKWORTH, que estava amarrado junto do cais do Terreiro, com um carregamento de bacalhau. O pânico foi grande, porque entre aquele vapor e o cais haviam muitas barcaças carregadas e atracados encontravam-se os rebocadores RECORD, AGUILA e MARIAZINHA, que correram perigo de serem despedaçados e afundados, tendo sido impelidos contra a muralha. A presença dos responsáveis da capitania e as corporações de bombeiros não se fizeram esperar e os pilotos da barra trataram de regularizar a situação. Às 08h00, a fim de auxiliar a retirar o ESTRELLANO da crítica situação foi chamado o salvadego Dinamarquês VALKYRIEN, que por um acaso se encontrava surto no rio Douro, pegando à proa e arriando-o para jusante ao sabor da corrente, mais propriamente para o lugar do cais do Cavaco, ancoradouro mais seguro, assim como o rebocador VOUGA 1º pegou no BACKWORTH, levando-o de popa para o lugar de Santo António do Vale da Piedade, o mesmo fazendo em relação aos vapores Dinamarquês VARING e Inglês DARINO, sendo reforçadas as amarrações de todos ao vapores e navios desde as Ribeiras do Porto e Gaia até aos lugares dos cais da Arrozeira e do Ouro.
Na Ribeira do Porto estavam os vapores Portugueses IBO, OUREM, lugre-motor AMIZADE 1º e o iate-motor ALENTEJO 1º, este acabou por soçobrar. Na margem de Gaia encontravam-se amarrados os vapores Ingleses SEAMEW, BRINKBURN, MAUD LLEWLLYN; Noruegueses GALATEA e BALDER. No quadro da Alfandega estavam os Alemães VESTA, SEBOU e GUNTHER RUSS; portugueses SILVA GOUVEIA e ALFERRAREDE e o Norueguês AUD.

O ALENTEJO 1º após naufragar, estando por fora o AMIZADE 1º, uma fragata e mais a jusante o IBO. Na margem de Gaia, distingue-se o BRINKBURN.
 
O SILVA GOUVEIA, que estava amarrado por terra do VESTA, garrou e foi sobre este, valendo-lhe os ferros do ALFERRAREDE, amarrado pela sua popa, que o aguentaram. Na prancha do Peixe, a Massarelos, viam-se os pescadores ALBATROZ, MACHADO e CABO DE SÃO VICENTE. e pela popa estavam alguns lugres bacalhoeiros. Desde o lugar de Santo António do Vale da Piedade até à lingueta do Lugan, encontravam-se os vapores Portugueses MIRA TERRA e CORTE REAL; Dinamarqueses ENERGI e VARING; Ingleses BACKWORTH, ESTRELLANO e DARINO.
O iate-motor ALENTEJO 1º teve no seu longo “curriculum” quatro afundamentos. Como ALENTEJO na cheia do rio Douro de 1936, alguns anos mais tarde afundou-se na ria de Aveiro. Após a guerra de 1939/45 foi adquirido por um armador do Porto, que o registou como TEÓFILO e devido a cheias do rio Douro, afundou-se por duas vezes, uma no cais do Terreiro e outra no lugar de Massarelos e na cheia de 1961/62 não resistindo à forte corrente foi barra fora, tendo sido resgatado ao largo da costa, completamente desalvorado, tendo sido levado para o porto de Leixões.
Fonte: José Fernandes Amaro Júnior
Imagens: imprensa diária
(continua)
Rui Amaro

ATENÇÃO: Se houver alguém que se ache com direitos sobre as imagens postadas neste blogue, deve-o comunicar de imediato. a fim da(s) mesma(s) ser(em) retirada(s), o que será uma pena, contudo rogo a sua compreensão e autorização para a continuação da(s) mesma(s)neste Blogue, o que muito se agradece.
ATTENTION. If there is anyone who thinks they have “copyrights” of any images/photos posted on this blog, should contact me immediately, in order I remove them, but will be sadness. However I appeal for your comprehension and authorizing the continuation of the same on this Blog, which will be very much appreciated.