sábado, 29 de dezembro de 2012

SUBSIDIOS PARA A HISTÓRIA DA CORPORAÇÃO DE PILOTOS DA BARRA DO DOURO E PORTO ARTIFICIAL DE LEIXÕES – Episódio 269


DOIS NAVIOS ACABADOS DE CHEGAR, FAZEM-SE À BARRA MAS NÃO VENCENDO A CORRENTE DA VAZANTE DE MARÉS GRANDES, DEIXAM-SE IR PARA FORA DA BARRA

 HELLE DANICA / (c) courtesy Danish Maritime Museum - Elsinore /


SIMULTANEITY ex NELLY / autor desconhecido - Photoship Co. Uk /

Um dia de Outubro de 1949, pelas 09h00, tempo bom, já com a corrente da vazante a crescer, vindos do norte da Europa, acabam de aparecer à vista dois navios-motores gémeos de cerca de 50m/500tb, recentemente entregues por estaleiros Holandeses, embora de bandeiras diferentes, denominados HELLE DANICA e NELLY. Visto aqueles navios serem de pouco calado. boa marcha e governo, o piloto-mor José Fernandes Tato ordenou para que fossem pilotados e se fizessem à barra sem atrasos.
Chegados a bordo, os respectivos pilotos assinalaram, através de toques de sirene, o calado de água dos seus navios, que não ultrapassavam os 13 pés.
O primeiro a fazer-se à barra foi o Dinamarquês HELLE DANICA consignado à Agência Marítima Lusitana Americana, piloto Eduardo Fernandes Melo, que conseguiu alcançar o lugar da pedra da Gamela, situada entre o cais do Touro e o dique da Meia Laranja, e aí tenta a toda força da sua máquina vencer a vazante, por mais manobras que o piloto arriscasse. As lanchas dos pilotos P9 e P5 aproximam-se e são estabelecidos cabos de reboque para auxiliar o navio, todavia esse auxílio não surte efeito, pelo que o HELLE DANICA largou as lanchas, dando três toques curtos de sirene, sinal indicativo de que ia fazer marcha à ré, e como tal arriou para fora da barra. O Holandês NELLY agênciado pela casa Garland, Laidley & Co. Ltd., piloto José Fernandes Amaro Júnior, que estava na expectativa junto da pedra da Forcada, já dentro da barra, corresponde ao sinal do seu predecessor e ao sabor da corrente, deixa-se ir para fora da barra.
Ambos os navios deram fundo a uns cem metros por fora do farolim de Felgueiras, e acabaram por entrar na maré do fim da tarde, indo o HELLE DANICA amarrar no lugar do Guindaste Eléctrico e o NELLY a oeste da Cábrea. No dia seguinte, o NELLY foi atracar à lingueta da Cábrea, a fim de descarregar volumes pesados, cuja operação, bastante lenta e delicada, teve de ser muito bem calculada, visto o navio não poder permanecer atracado demasiado tempo, porque estaria sujeito a ficar, perigosamente encalhado na penedia submersa. Naquela lingueta já acostaram navios de cerca de 100 metros de comprimento, dependendo do calado de água, e jamais houve qualquer incidente.
HELLE DANICA – imo 5277414/ 51,5m/ 499tb/ 10nós; 02/1949 entregue pr Van Dieppe scheepswerf, Waterhuizen, for H. H. Andersen & Co. Copenhagen; 1953 PHONG CHAU, Viet Hai Vietnam Transport Maritime et Fluviaux, Saigon, FRA; 1954 PHONG CHAU, Viet Hai Vietnam Transport Maritime et Fluviaux, Saigão, VNS; 1959 PHONG CHAU, Dong A. Hai Van Cong Ty, Saigão, VNS: 07/06/1969 Atacado e afundado por missile em Da Nang, tendo mais tarde sido posto a flutuar e entregue a sucateiros.
NELLY – imo 5328173/ 51,3m/ 499tb/ 10nós; 07/1949 entregue por Suurmeijer Werf, Foxhol, a NV Rederij Nelly, Hoogezand; 1954 NELLY, nv Rederij Mij. Wenda, Hoogezand; 1954 SIMULTANEITY, F. T. Everard & Co., Ltd, Londres; 1965 GLEN URQUHART, Glen Scheepvaart Mij NV, Rotterdam; 1968 AGHIOS FANOURIOS, Dimitris Ventouris, Piraeus; 1981 AGHIOS FANOURIOS, Coronation Shipping Co., Ltd. Piraeus; 1984 AGHIOS FANOURIOS, Christos Paraschis, Piraeus; 09/1985 arrived Eleusis for breaking up.
Fontes: José Fernandes Amaro Júnior, Miramar Ship Index.
(continua)
Rui Amaro

ATENÇÃO: Se houver alguém que se ache com direitos sobre as imagens postadas neste blogue, deve-o comunicar de imediato. a fim da(s) mesma(s) ser(em) retirada(s), o que será uma pena, contudo rogo a sua compreensão e autorização para a continuação da(s) mesma(s)neste Blogue, o que muito se agradece.
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quarta-feira, 26 de dezembro de 2012

SUBSIDIOS PARA A HISTÓRIA DA CORPORAÇÃO DE PILOTOS DA BARRA DO DOURO E PORTO ARTIFICIAL DE LEIXÕES – Episódio 268


 O VAPOR “COSTEIRO SEGUNDO” SOFRE UM INCIDENTE NO RIO DOURO

O COSTEIRO SEGUNDO demanda o porto de Leixões 

A 31/10/1948, pelas 09h00, o vapor Português COSTEIRO SEGUNDO, sob a orientação do piloto José Fernandes Amaro Júnior, tendo a seu lado o piloto praticante João Cardoso Meireles, inicia a manobra de largada do ancoradouro do lugar do Monchique, pela popa do navio-motor Belga MARCEL. Atracadas a este último navio estavam duas barcaças recebendo carga e ainda o barco utilizado no transporte dos estivadores. O COSTEIRO SEGUNDO ao virar os ferros da proa e como estes tinham seio, o vapor portou pelos ferros descaindo para ré, pelo que aquele piloto mandou andar toda força avante para não colidir com as referidas embarcações mas não foi possível evitá-lo. As duas barcaças ficaram arrombadas a meter água e de imediato a lancha dos pilotos P6 rebocou-as, ficando varadas na margem esquerda, a fim de não se afundarem. Aquele vapor acabou por virar proa abaixo e sair a barra com rumo a Lisboa, sem mais novidade.
COSTEIRO SEGUNDO – imo 5607607/ 52m/ 486tb/ 10nós; 11/1933 entregue pelo estaleiro da Companhia União Fabril, Barreiro, à Soc. Geral de Comércio, Industria e Transportes, Lisboa; 12/09/1952 naufragou ao largo do Cabo de Sines, por abalroamento com o vapor Francês PENTHIEVRE, em viagem do Pomarão para o Barreiro. Toda a tripulação foi salva.
O COSTEIRO SEGUNDO, que era um visitante regular do porto do Douro com carregamentos completos de enxofre para as fábricas da CUF, de Vila Nova de Gaia, carregados em cais fluviais do rio Guadiana, era mais identificado devido ao seu formato por “Bola” no rio Douro, em cuja barra estivera encalhado na década de 40, sem consequências de maior.
Fontes: José Fernandes Amaro Júnior, Miramar Ship Index
(continua)
Rui Amaro

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SUBSIDIOS PARA A HISTÓRIA DA CORPORAÇÃO DE PILOTOS DA BARRA DO DOURO E PORTO ARTIFICIAL DE LEIXÕES – Episódio 267


O CERCO “MASCATO” LARGA DO RIO DOURO COM PILOTO EMBARCADO

A 01/09/1948 foi recebido na corporação de pilotos um telegrama requisitando piloto para às 23h00 dar saída ao cerco a gasoil MASCATO, que se encontrava ancorado junto do estaleiro do seu armador Manuel Pereira Júnior, localizado perto do lugar da Alumiara, Canidelo, onde estivera a sofrer fabricos.
Cerca das 22h00 o piloto José Fernandes Amaro Júnior embarcou no caíque da passagem, que fazia a ligação entre a lingueta da calçada da Arrábida, lugar do Ouro e a capela de S. Pedro da Afurada. Depois foi caminhar até ao referido estaleiro, distancia ainda considerável. Chegado ao local perto das 23h00, foi aquele piloto conduzido para bordo na chalandra, que já o esperava na margem, todavia o mestre comunicou àquele piloto, que só depois das 23h30 é que estaria em condições de manobrar porque ainda faltavam ultimar ligeiros preparativos no motor. Dado que os fundos ali eram bastante traiçoeiros, até convinha aguardar mais algum tempo, aproveitando a maré de enchente. Às 23h40 suspendeu-se o ferro, e de meia força avante meteu-se leme a nordeste e depois de alcançar o meio do rio, diante da Ínsua do Ouro, rumou-se à barra, que se cruzou às 24h00. Após aquele piloto ter desembarcado para a lancha P9, o MASCATO seguiu viagem até ao Algarve.
O MASCATO meteu piloto devido ao seu mestre não ter prática dos portos nortenhos e compreende-se porque a sua actividade era, exclusivamente na costa algarvia, além da largada ser realizada de noite. Aquele cerco ou galeão algarvio de cerca de 25m/40tb, que fora construído, como traineira, no referido estaleiro e que se dedicava às artes de rede de cerco na pesca da sardinha, carapau, biqueirão, etc., anteriormente trabalhou na costa norte, a partir do porto de Leixões, como traineira clássica.
A firma Manuel Pereira Júnior armava uma grande frota de pesca, constituída por cercos, traineiras e buques, que fainavam não só no Algarve mas também na costa nortenha, Matosinhos, e possuía várias fabricas de conserva no Algarve e julgo uma outra, cujo edifício há poucos anos foi demolido, no lugar de  S. Paio, Canidelo. No local existiu também um outro estaleiro pertencente à Parceria Maritima do Douro, Casa Gouveia. Estaleiro esse mais vocacionado para a construção naval em madeira, além da reparação de navios de longo curso e da pesca do bacalhau. Nesse estaleiro, entre outros, foi construído o navio-motor VILAS BOAS, que mais tarde foi adaptado a navio-motor bacalhoeiro com o nome de COVA DA IRIA.
Fontes: José Fernandes Amaro Júnior
(continua)
Rui Amaro