terça-feira, 6 de outubro de 2009

SUBSIDIOS PARA A HISTÓRIA DA CORPORAÇÃO DE PILOTOS DA BARRA DO DOURO E PORTO ARTIFICIAL DE LEIXÕES – Parte 15

OS ENCALHES DOS VAPORES “HENRY TEGNER” E “CLYMERE” E AINDA PRESTIMOSA DRAGA “PORTO”


A 01/04/1929, pelas 06h30, encontravam-se para entrar na barra do Douro o vapor Alemão ARION, o Inglês OTTINGE e o Dinamarquês HENRY TEGNER. Este último, cuja manobra era dirigida pelo piloto Joaquim Matias Alves, quando demandava a barra, diante do lugar da Forcada, partira-se o gualdrope de estibordo, ficando sem governo. Sem perda de tempo, o piloto mandou largar o ferro de estibordo, todavia o vapor levava seguimento e apesar de estar a trabalhar de máquina à ré, acabou por subicar na pedra denominada Gamela, entre as escadas da Policia e o cais da Meia Laranja, ficando com três pés fora de água.

De imediato, o piloto-mor Francisco Rodrigues Brandão mandou seguir para o local algumas embarcações da corporação e por terra alguns pilotos e pessoal assalariado, a fim de colaborarem nas operações de desencalhe. Foi espiado um ancorote dos pilotos para Sudoeste e cabos passados para terra à proa e à popa. Além daquelas diligências a máquina continuava a trabalhar de marcha à ré, até que passado algum tempo, acabou por se soltar da pedra, pelo que foram largados os cabos de terra e suspendido o ancorote à popa. No entanto a máquina foi parada, porque o vapor estava demasiado encostado ao enrocamento do cais e como tal poderia fazer avaria nas pás do hélice. Em face disso foi chamado o rebocador BURNAY 2º, que o puxou para o canal de navegabilidade.




Vapor HENRY TEGNER / Copyright - cortesia do Danish Maritime Museum, Elsinore /.

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Largada a amarreta de reboque, o HENRY TEGNER, que procedia de Roterdão consignado aos agentes Jervell & Knudsen, Lda, seguiu pelos seus próprios meios até dar fundo a dois ferros, cabos estabelecidos para terra e ancorote ao lançante para Sudoeste, no lugar das Alminhas, à Ribeira do Porto, a fim de descarregar batata de semente.

HENRY TEGNER, Imo 5603744, 80m/1.457gt/9 nós; 03/1914 entregue pelo estaleiro Helsingor Skibsvaerft & Maskinbyggesri, Helsingor, ao armador D/S Progress (mgrs Marius Nielsen & Sohn), Copenhaga; 1957 vendido para mais serviço; 1959 chegava a Odense para desmantelamento.

A 17/06/1929, pelas 12h20, após demandar a barra do Douro sem dificuldades, seguia rio acima o vapor Inglês CLYMERE, piloto Hermínio Gonçalves dos Reis, contudo ao passar junto das pedras denominadas Lobeiras de Gaia encalhou no banco de areia denominado Porta Nova, Banhos ou Porto A. Não conseguindo libertar-se, apesar das manobras de emergência executadas, teve de aguardar pela maré da noite, altura em que se safou pelos seus próprios meios e foi amarrar no ancoradouro do lugar do Jones, junto da ponte D.Luis I, margem de Gaia, a dois ferros, cabos para terra e ancorote dos pilotos pela popa, sem mais percalços.

CLYMERE, detalhes e história não encontrados.




A draga PORTO trabalhando em operações de dragagens entre os molhes do porto de leixões, década de 50 /(c) Foto Mar - Leixões/.


Também a 17, pelas 08h00, vinda do porto de Leixões entrou a barra a draga Portuguesa PORTO, que veio dragar a restinga do Cabedelo. Durante a maré de enchente fez algumas dragagens, após o que regressou àquele porto para continuar nos dias seguintes.

Aquela draga foi construída na Alemanha no ano de 1913 sob encomenda da Associação Comercial do Porto, a fim de fazer face, exclusivamente às dragagens dos portos do Douro e Leixões, devido aos seus constantes assoreamentos. Passados bastantes anos foi transferida para a posse dos então formada Direcção Geral dos Serviços Hidráulicos e em 1978 devido à extinção daquele organismo estatal foi incluída na frota da Dragapor – Dragagens de Portugal E.P., contudo em 1981, já com o nome de PROCYON, para renovação da frota do seu armador, foi leiloada no porto de Viana do Castelo.

A draga PORTO, que no rio Douro tinha por ancoradouro o lugar do Ouro, junto das instalações da Associação Comercial do Porto mais tarde transferidas para A.P.D.L., prestou durante a sua existência serviços de grande valia para os vários portos portugueses mas muito especialmente para o porto do Douro, juntamente com o quebra-rochas DOURO e a draga fixa de baldes DR. OLIVEIRA SALAZAR, entre outras unidades, nas várias obras de desassoreamento e beneficiação da barra.

Fonte: José Fernandes Amaro Júnior e Miramar Ship Index.

(Continua)

Rui Amaro

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