quarta-feira, 26 de dezembro de 2012

SUBSIDIOS PARA A HISTÓRIA DA CORPORAÇÃO DE PILOTOS DA BARRA DO DOURO E PORTO ARTIFICIAL DE LEIXÕES – Episódio 267


O CERCO “MASCATO” LARGA DO RIO DOURO COM PILOTO EMBARCADO

A 01/09/1948 foi recebido na corporação de pilotos um telegrama requisitando piloto para às 23h00 dar saída ao cerco a gasoil MASCATO, que se encontrava ancorado junto do estaleiro do seu armador Manuel Pereira Júnior, localizado perto do lugar da Alumiara, Canidelo, onde estivera a sofrer fabricos.
Cerca das 22h00 o piloto José Fernandes Amaro Júnior embarcou no caíque da passagem, que fazia a ligação entre a lingueta da calçada da Arrábida, lugar do Ouro e a capela de S. Pedro da Afurada. Depois foi caminhar até ao referido estaleiro, distancia ainda considerável. Chegado ao local perto das 23h00, foi aquele piloto conduzido para bordo na chalandra, que já o esperava na margem, todavia o mestre comunicou àquele piloto, que só depois das 23h30 é que estaria em condições de manobrar porque ainda faltavam ultimar ligeiros preparativos no motor. Dado que os fundos ali eram bastante traiçoeiros, até convinha aguardar mais algum tempo, aproveitando a maré de enchente. Às 23h40 suspendeu-se o ferro, e de meia força avante meteu-se leme a nordeste e depois de alcançar o meio do rio, diante da Ínsua do Ouro, rumou-se à barra, que se cruzou às 24h00. Após aquele piloto ter desembarcado para a lancha P9, o MASCATO seguiu viagem até ao Algarve.
O MASCATO meteu piloto devido ao seu mestre não ter prática dos portos nortenhos e compreende-se porque a sua actividade era, exclusivamente na costa algarvia, além da largada ser realizada de noite. Aquele cerco ou galeão algarvio de cerca de 25m/40tb, que fora construído, como traineira, no referido estaleiro e que se dedicava às artes de rede de cerco na pesca da sardinha, carapau, biqueirão, etc., anteriormente trabalhou na costa norte, a partir do porto de Leixões, como traineira clássica.
A firma Manuel Pereira Júnior armava uma grande frota de pesca, constituída por cercos, traineiras e buques, que fainavam não só no Algarve mas também na costa nortenha, Matosinhos, e possuía várias fabricas de conserva no Algarve e julgo uma outra, cujo edifício há poucos anos foi demolido, no lugar de  S. Paio, Canidelo. No local existiu também um outro estaleiro pertencente à Parceria Maritima do Douro, Casa Gouveia. Estaleiro esse mais vocacionado para a construção naval em madeira, além da reparação de navios de longo curso e da pesca do bacalhau. Nesse estaleiro, entre outros, foi construído o navio-motor VILAS BOAS, que mais tarde foi adaptado a navio-motor bacalhoeiro com o nome de COVA DA IRIA.
Fontes: José Fernandes Amaro Júnior
(continua)
Rui Amaro

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