segunda-feira, 10 de janeiro de 2011

SUBSIDIOS PARA A HISTÓRIA DA CORPORAÇÃO DE PILOTOS DA BARRA DO DOURO E PORTO ARTIFICIAL DE LEIXÕES – Episódio 140

O VAPOR SALVADEGO "NRP PATRÃO LOPES" TRANSPORTOU DE LISBOA PARA LEIXÕES A LANCHA SALVA-VIDAS "TENENTE ROBY" DESTINADA À PRAIA DA APÚLIA


NRP PATRÃO LOPES / Cortesia Luis Filipe Silva /.


A 05/02/1934, pelas 05h00, demandou o porto de Leixões o NRP PATRÃO LOPES, vapor salvadego, que procedente do porto de Lisboa transportou a nova lancha salva-vidas TENENTE ROBY, destinada à estação de socorros a náufragos da praia da Apúlia, o qual após ter entregue a referida embarcação, saiu de imediato com destino ao porto de Lisboa. A condução de entrada e saída foi orientada pelo piloto José Fernandes Amaro Júnior.

O PATRÃO LOPES, 46,7m/ 467tb, 16 pés de calado, ex-Alemão NEWA, construído em 1880 pelo estaleiro Rostocker A.G., Rostock, por encomenda do armador Nordischer Bergungsverein, foi aprisionado a 24/12/1916, quando se encontrava refugiado no porto de Lisboa, juntamente com mais trinta e seis unidades mercantes Alemãs, devido à situação de guerra. Entregue à Marinha de Guerra Portuguesa, passou a ser utilizado como rebocador de alto-mar e alguns anos mais tarde, também, foi adaptado a unidade naval de apoio ao corpo de mergulhadores.

Logo em Setembro daquele ano, realizou cruzeiros de apoio às embarcações de pesca do alto, que fainavam nas imediações da barra do Tejo, defendendo-as do ataque dos submarinos Alemães. De salientar a assistência prestada aos então novos submarinos Portugueses NRPs FOCA, GOLFINHO e HIDRA, que com o ESPADARTE constituíam a 1ª esquadrilha de submarinos da Marinha de Guerra, na sua rota do porto Italiano de La Spezia, em cujos estaleiros foram construídos, até ao porto de Lisboa. A viagem, que decorreu em Dezembro de 1917 a Fevereiro de 1918, em plena guerra mundial, durante um Inverno tempestuoso e atravessando zonas infestadas por submarinos inimigos, que na ocasião atacavam embarcações navegando nas proximidades dos submarinos Portugueses, foi considerada uma autêntica epopeia. Além disso e até ao final da guerra, a par de alguns reboques de embarcações avariadas e de operações de desencalhe, o PATRÃO LOPES teve como missão principal o serviço de patrulhas na zona entre o cabo da Roca e o Espichel.

Em fins de 1921 princípios de 1922, por duas vezes o salvadego foi a Veneza, trazendo para o porto de Lisboa quatro contratorpedeiros ex-Austríacos, que se denominaram NRPs AVE, LIZ, SADO e MONDEGO, dos seis recebidos como reparação de guerra. Dois deles, NRPs CAVADO e ZEZERE, perderam-se ao largo da costa de Bizerta, devido às amarretas se terem partido sob temporal desfeito. Depois de imensos salvamentos realizados, aquele salvadego acabaria ele próprio de se perder por encalhe nos baixios do Bugio, quando em 1936 ao demandar a barra do Tejo, trazendo a reboque, então já de braço dado, o batelão FRANZ encontrado à deriva ao largo do cabo da Roca.

Teve, porém, tal como o seu patrono, que foi o destemido e herói de socorros a náufragos, Joaquim Lopes, mais conhecido por patrão Lopes, residente em Paço de Arcos, uma digna carreira de salvamentos marítimos bem sucedidos.

Fonte: José Fernandes Amaro Junior; Internet; Miramar Ship Index

(continua)

Rui Amaro

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