quinta-feira, 15 de outubro de 2009

SUBSIDIOS PARA A HISTÓRIA DA CORPORAÇÃO DE PILOTOS DA BARRA DO DOURO E PORTO ARTIFICIAL DE LEIXÕES – Episódio 20

O PAQUETE CORREIO “HIGHLAND MONARCH” FAZ A SUA PRIMEIRA ESCALA EM LEIXÕES E O PAQUETE “STEPHEN” SOFRE UM ACIDENTE QUANDO DEMANDAVA AQUELE PORTO.



A 22/09/1929, pelas 15h30, demandou o porto de Leixões na sua primeira escala , o paquete Inglês HIGHLAND MONARCH em viagem de Londres, Boulogne-sur~Mer, Corunha e Vigo e com destino aos portos do Rio de Janeiro, Santos, Montevideu e Buenos Aires via Lisboa e Las Palmas com carga diversa, passageiros e correio. O piloto Júlio Pinto de Almeida (Pantaleão), que orientou as manobras de entrada, foi fundear aquele paquete a dois ferros a meio da Bacia, e passado cerca de quatro horas deixava o porto de Leixões, depois de ter embarcado um grande número de emigrantes, cuja manobra de saída foi da responsabilidade do piloto Carlos de Sousa Lopes, o qual, curiosamente em tempos andou embarcado nos paquetes da Nelson Line e da Royal Mail Line.




O HIGHLAND MONARCH, um magnífico paquete, foi construído para o armador Nelson Steam Navigation Co. Ltd (Nelson Line), Londres, pelos estaleiros Harland & Wolf, Belfast, juntamente com os seus seis gémeos. Era um navio-motor de 160m/14.137tb, duas chaminés, dois mastros, dois hélices e uma velocidade de 15 nós. Possuía acomodação para 150 passageiros de 1ª classe, 70 de intermediária e 500 de 3ª classe, e além disso estava provido de câmaras e porões frigoríficos para o transporte de carne congelada da Argentina para a Europa.

Lançado ao mar em 03/05/1928, saiu do porto de Londres, na sua viagem inaugural, a 18/10/1928. Londres, Leixões, Lisboa, Las Palmas, Rio de Janeiro, Santos, Montevideu e Buenos Aires eram os portos da sua rota normal. Em 1932 foi integrado na Royal Mail Line (Mala Real Inglesa), contudo continuou no mesmo tráfego e com o mesmo nome, apenas alterando as cores.




Requisitado para transporte militar em 1940, resistiu à guerra e acabou por voltar aos seus armadores no final da guerra, sofrendo algumas transformações nas suas características, entre as quais a sua tonelagem bruta foi alterada para 14.216tb e as acomodações passaram para 104 passageiros de 1ª classe e 335 de 3ª classe e reentrou ao serviço em 1946. Em 1960, com a diminuição do número de passageiros embarcados em favor das linhas aéreas, acabou por ser vendido aos sucateiros W.H. Arnott Young, tendo sido demolido naquele ano em Dalmuir, Escócia.

Os seus gémeos eram HIGHLAND BRIGADE, HIGHLAND CHIEFTAIN, HIGHLAND PRINCESS, HIIGHLAND HOPE e o HIGHLAND PATRIOT, todos construídos entre 1928 e 1929, excepto o último, que se perdeu a 01/10/1940 atacado por torpedos do submarino U-38, a 500 milhas a Oeste de Bishop Rock, quando rumava ao Clyde, tendo sido entregue pelo estaleiro em 1932, a fim de tomar o lugar do HIGHLAND HOPE, perdido por encalhe, sob denso nevoeiro, nos rochedos dos Farilhões, Berlengas, em 19/11/1930.

Estes paquetes, enquanto ao serviço da Royal Mail Lines (Mala Real Inglesa), tinham a particularidade do piloto de Leixões já ter embarcado em Vigo, mesmo com mar chão, e às 17h00 exactas estavam a cruzar os molhes de Leixões, porém se o comandante entendesse, por motivo de alguma ondulação ou outra situação qualquer, já não entravam e o piloto ia desembarcar a Lisboa. Os passageiros seguiam de comboio para Lisboa. A sua estadia em Leixões era de quatro horas exactas fundeados a meio porto, e jamais atracaram na doca nº 1, tudo isto por serem navios correio, e piloto de entrada permanecia a bordo e seguia para Lisboa a bordo.

A Nelson Line e a Royal Mail Lines (Mala Real Inglesa) eram representadas na cidade do Porto pela agencia de navegação Tait & Co.,Ltd.



O HIGHLAND PRINCESS manobrando para fundear na bacia do porto de Leixões, 02/03/1954 /(c) F. Cabral/.


A 27/09/1929, pelas 08h40, o paquete Inglês STEPHEN, piloto Alfredo Pereira Franco, quando demandava o porto de Leixões, devido a uma errada manobra do homem do leme, foi colidir com o topo do molhe Sul, sofrendo pequenas avarias à proa. Sanado o incidente, foi aquele vapor da linha de Pará e Manaus, pertencente ao armador The Booth Steamship Co., Ltd. (Booth Line) fundear a dois ferros ao Norte.

O STEPHEN, 120m/4.444tb, foi construído no ano de 1910 pelos estaleiros R. W. Hawthorn Leslie & Co., Glasgow e a 15/12/1934 amarrava ao estaleiro do sucateiro M.W.Ward, Briton Ferry, onde foi desmantelado para sucata.

Era um dos vapores da Companhia Booth Line, que com o ALBAN, além de viagens à Europa e EUA, operava no tráfego fluvial do Amazonas, que era agenciada na cidade do Porto pela firma Garland, Laidley & Co., Ltd.



Fontes: José Fernandes Amaro Junior, Nelson Line, Royal Mail Lines, Booth Line, Miramar Ship Index.

Postais da coleccão de Rui Amaro.

(continua)

Rui Amaro

Sem comentários: