OS VAPORES
“SILVA GOUVEIA” E “MINIMO” – ex “MIRA TERRA” FORAM DESMANTELADOS PARA SUCATA NO
RIO DOURO
O MINIMO ex MIRA TERRA já varado e o SILVA GOUVEIA a aguardar a sua vez. à direita vê-se a fragata DELMINDA da firma A. J. Gonçalves de Moraes, do Porto /F. Cabra, Porto/.
O SILVA GOUVEIA já em fase de desmantelamento / F. Cabral, Porto /.
A 05/1954 demandava a barra do
Douro a reboque, dois antigos vapores da Sociedade Geral de Comércio, Industria
e Transportes, Lda, de Lisboa, ou sejam o SILVA GOUVEIA e o MIRA TERRA, este já
com o nome de MINIMO, para aqui se proceder aos seus desmantelamentos, ao fim
de 35 anos de intensa actividade, em particular ao serviço daquele importante
armador, cujas cores mantiveram durante cerca de 26 anos.
O SILVA GOUVEIA foi retirado do
serviço activo em 03/05/1954 e vendido para demolição, e o MIRA TERRA tinha
sido abatido em 1952 e adquirido por J. Vasconcelos, Lda., de Lisboa, que lhe
alterou o nome para MINIMO, tendo realizado apenas uma viagem, acabando por
ficar encostado no porto de Lisboa.
Ambos os vapores vieram para o
Porto comprados pela firma de sucatas Rocha Mota & Soares, Lda, sediada na
Avenida Diogo Leite, 92/96, V. N. de Gaia, a qual tinha como uma das suas
principais actividades a exportação de sucata para as aciarias do norte de
Espanha, pois traziam ao rio Douro muitos navios espanhóis, que saiam
atolhados, sobretudo de sucata de ferro, e chegaram a ter um grande espaço no
cais de Gaia, onde armazenavam a sua sucata. Pois até, com o aparecimento dos fogões de cozinha eléctricos, o fogão a lenha e carvão de minha casa, também foi metido no porão de um desses navios.
Acontece que no porto comercial do
Douro, ali para os lados da zona histórica ribeirinha Gaiense, onde se situavam
os armazéns daqueles sucateiros, não existiam lugares apropriados para varar
navios para desmanche, e o sócio gerente Paulo Soares foi tirar impressões
sobre o assunto com o piloto-mor José Fernandes Tato, a fim de lhe indicar um
local mais próximo dos armazéns, onde os dois navios pudessem ser varados.
Então, aconselhou-o a ir tirar
pareceres com o seu inquilino e vizinho, o piloto José Fernandes Amaro Júnior,
e de facto na vinda para sua casa, veio falar com o seu caseiro, que de imediato,
lhe disse que o melhor lugar e mais próximo dos armazéns era o banco de areia
de Santo António do Vale da Piedade, margem de Gaia, diante da igreja de
Massarelos.
Chegados os dois velhos vapores,
que foram habituais frequentadores do porto comercial do Douro, foram amarrados
no local indicado pelo piloto José Fernandes Amaro Júnior, e pouco tempo
depois, foi o MINIMO varado naquele banco e ai desmantelado, e de seguida o
SILVA GOUVEIA.
O autor da narrativa, que se lembre
apenas três outras unidades de algum porte foram desmanteladas para sucata e
outros fins e isso depois da 2ª guerra mundial, ou sejam eles: rebocador
AQUILA, estaleiro do Ouro; um caça-minas Inglês, caneiro da Ínsua do Ouro; um
submarino Inglês, banco de Massarelos.
SILVA GOUVEIA - imo 5605879/ 72m/ 958tb/ 10nós;
10/1922 entregue por Schiffswerft & Maschinenfabriek ex Jansen & Schmillinsky,
Geestmunde, como TAUNUS a Ubersee Reederei GmbH, Hamburgo; 1924 MAX WEIDTMAN,
Henry Stahl & Co GmbH, Hamburgo; 1927 MAX WEIDTMAN, Weidtman Linie, GmbH,
Hamburgo; 1928 SILVA GOUVEIA, Sociedade Geral de Comercio, Industria e
Transportes, Lda, Lisboa; 05/1954 chegava ao Douro para desmantelamento em
sucta.
MINIMO – imo 1144392/ 53m/ 510tb/ 9,5nós; 03/1919
entregue por Booy de Hoop, Leiderdorp, NLD, como POELDIEP a NV Hollandsche
Vrachtvaart Mij, Roterdão; 1920 POELDIEP, Eclipse Shipping & Trading Co.,
Ltd, Londres; 1925 WESTMINSTER BRIDGE, Onslow Steamship Co., Ltd, Londres; 1926
PORTO, Sociedade Geral de Comercio, Industria e Transportes, Lda, Lisboa; 1926
MIRA TERRA, Sociedade Geral de Comercio, Industria e Transportes, Lda, Lisboa;
1952 MINIMO, J. Vasconcelos Lda, Lisboa; 05/1954 chegava ao Porto para
desmantelamento em sucata.
Fontes: José Fernandes Amaro;
Lloyds Shipping Register.
(continua)
Rui Amaro
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sobre as imagens postadas neste blogue, deve-o comunicar de imediato. a fim
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o que muito se agradece.
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2 comentários:
http://visao.sapo.pt/temporal-na-galiza-desvenda-antigo-barco-a-vapor-portugues=f772684
Caro Anonimo
Grato pelo comentário.
Pois eu, que já conhecia a história do SILVA GOUVEIA (1), nomeadamente contada por meu pai, de há muito previa o que agora ocorreu.
http://www.wrecksite.eu/wreck.aspx?168136
Saudações marítimo-entusiásticas
Rui Amaro
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