TRÊS LUGRES BACALHOEIROS NÃO TENDO ÁGUA
SUFICIENTE NA BARRA DE AVEIRO APRESSARAM-SE A VIR PARA O RIO DOURO
ANTÓNIO RIBAU / autor desconhecido /.
MARIA FREDERICO / Foto Mar, Leixões /
RIO CAIMA / autor desconhecido /
A 09/10/1949,
vento sul fresco com alguma bruma, a meio da tarde, já no final da preia-mar, a
lancha de pilotar P9 sai a barra, levando a bordo alguns pilotos, e
estranhamente ruma a sul sobre o banco da barra, o que não era muito usual.
Algum tempo
depois começa-se a vislumbrar por entre a bruma um lugre de três mastros, de
traquete desfraldado e o rebocador VOUGA 1º, pegando à proa. Esse lugre era o
ANTÓNIO RIBAU, e pouco depois descortina-se outros dois lugres, que eram o
MARIA FREDERICO e o RIO CAIMA, também ambos, com algum pano içado, para dar
mais alguma marcha, a fim de conseguirem entrar com a preia-mar, o que já não lhes
foi possível.
Essses lugres que
tinham estado à barra de Aveiro, e não conseguindo àgua, mesmo em ocasião de
maré grande, não perderam tempo e rumaram ao rio Douro a toda a força dos seus motores,
a fim de desembarcarem as respectivas companhas e ficarem a aguardar melhores
águas na barra do seu porto de armamento.
O ANTÓNIO RIBAU,
sempre assistido pelo VOUGA 1º, faz-se á barra por sudueste, junto ao banco, e
já entra com vazante, logo a seguir, e pelo mesmo enfiamento, entra a MARIA FREDERICO, auxiliado pelo
MERCURIO 2º, que saíra a barra ao seu encontro, e por último um pouco atrasado
vem o RIO CAIMA, em 15 pés de água, conduzido pelo piloto José Fernandes Amaro
Júnior, que não conseguindo rebocador, e já com bastante vazante, passa junto ao cabeço do banco, e lá vai singrando
para montante pelos seus próprios meios, com certa dificuldade, aguenta a bombordo,
aguenta a estibordo, mas lá ultrapassa a zona critica. Os três lugres foram
amarrar no lugar do Cais do Cavaco, frente a Massarelos, a dois ferros,
ancorotes dos pilotos para noroeste e cabos estabelecidos para terra, junto a
outros navios bacalhoeiros do Douro, da Figueira da Foz e de Aveiro, já anteriormente
chegados.
Em terra, ali
junto ao cais do Touro e da Meia Laranja, era um ver se te avias, com tantos
familiares e amigos das companhas e tripulantes, que logo que souberan na barra
de Aveiro, que os lugres não tinham entrada e vinham para o Douro, num abrir e
fechar de olhos, prantaram-se na Foz do Douro, até parecia que estávamos na
romaria ao São Bartolomeu, que se celebra na freguesia no mês de Agosto.
Fontes: o autor
do blogue
(continua)
Rui Amaro
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