quinta-feira, 26 de julho de 2012

SUBSIDIOS PARA A HISTÓRIA DA CORPORAÇÃO DE PILOTOS DA BARRA DO DOURO E PORTO ARTIFICIAL DE LEIXÕES – Episódio 246

UM PILOTO DE LEIXÕES FOI DESEMBARCAR AO RIO DE JANEIRO DEVIDO À GRANDE AGITAÇÃO MARITIMA

Paquete NYASSA / CNN - colecção F. Cabral, Porto /.

                       Rebocador TRITÃO (1) amarrado no caneiro da Ínsua, Ouro, rio Douro / F. Cabral, Porto /.

A 11/12/1942, dia tempestuoso e de grande agitação marítima, pelas 16h30, sob orientação do piloto Francisco Luís Gonçalves, largava da doca nº 1 – Norte, do porto de Leixões, onde estivera a embarcar carga diversa e passageiros para os portos do Rio de Janeiro, Santos e Rio da Prata, e dado que a lancha de pilotos P1 não conseguira recolher aquele prático entre molhes, devido à forte ondulação que se fazia sentir, mesmo nesse local do porto, onde em outras ocasiões de mau tempo os pilotos desembarcavam, e alguns chegaram a sofrer acidentes, e uma vez que a lancha não poderia sair, foi decidido que o rebocador TRITÃO, da APDL, saísse ao encontro do NYASSA, que pairava ao largo, a fim de tentar a abordagem com o auxilio da catraia dos Pilotos, a nº 5, e gorada aquela tentativa, o comandante do NYASSA resolveu rumar ao Rio de Janeiro, levando o piloto Francisco Luís Gonçalves, em cujo porto passados alguns dias desembarcava.
Na chegada ao Rio de Janeiro, foi manchete da imprensa Brasileira, como um caso inédito na pilotagem portuária, tendo sido muito acarinhado pelos Cariocas, e sobretudo pela colónia Portuguesa do Rio de Janeiro, e muito particularmente pelo seu patricio e amigo Júlio Baptista, emigrado há bastantes anos naquela cidade e tio do autor do blogue, tendo ficado alojado em sua casa, até ao regresso do NYASSA ao Rio de Janeiro, onde embarcou de rumo à Pátria, porto de Lisboa, e dai por caminho-de-ferro para o Porto, ou melhor â Foz do Douro, onde residia.
Em outras ocasiões de mar agitado houve pilotos que foram desembarcar a Lisboa, Funchal, Ponta Delgada, Vigo, Corunha, Bilbao, Londres, Liverpool, e o pai do autor do texto, uma certa ocasião, já ia preparado para ir desembarcar a Boston, Mass., num “liberty ship”, felizmente a muito custo conseguiu ser recolhido pela lancha P1, se bem que o comandante, muito possivelmente desviaria a rota para Ponta Delgada. Em 1945, só num dia de muito mar, três vapores levaram os pilotos que os conduziam na largada para outros portos.
NYASSA - imo 5602600/ 145,75m/ 8.980tb/ 14 nós/ 800 passageiros e 166 tripulantes, foi construído em 1906 pelo estaleiro J. C. Tecklenburg A.G., Geestmunde, para a Nordeutscher Lloyd, Bremen, com o nome de BULOW, tendo sido colocado na linha do Extremo Oriente, Austrália e Nova Iorque. A 23/07/1914 saiu de Bremen para o Extremo Oriente, tendo sido surpreendido pelo início da guerra de 1914/18, quando navegava em pleno Atlântico Norte, pelo que se refugiou no porto de Lisboa, então porto neutro, como o fizeram um grande número de unidades mercantes Alemãs. Requisitado e confiscado pelo governo de Portugal no ano de 1916, a fim de fazer face à falta de transportes marítimos devido à situação de guerra, foi rebaptizado de TRÁZ-OS-MONTES, passando a fazer parte da frota da então formada empresa Transportes Marítimos do Estado (TME) e por falta de tripulações para equipar o enorme número de vapores apresados foi gerido pelos armador Inglês Furness, Withy & Co. Ltd., até ao final da guerra. Além disso, fez algumas viagens ao porto de Nova Iorque, fretado à Cunard Line, tendo também servido como transporte militar durante o conflito.
Em 1922 ficou inactivo no rio Tejo até ao ano de 1924, altura em que foi adquirido pela Companhia Nacional de Navegação, que o colocou na linha de Moçambique e alguns anos mais tarde na linha da América do Sul com viagens alternadas aos territórios Portugueses de África.
Em 24/04/1931, armado em cruzador auxiliar, o NYASSA larga do Tejo, juntamente com outras unidades navais e mercantes, a fim de desembarcar tropas na Madeira para combater o levantamento militar, que ficou conhecido pela Revolução da Madeira, e que foi derrotado pelas forças governamentais. Em 11/1940 fez várias viagens entre Lisboa e os E.U.A, assim como aos portos do Brasil e Rio da Prata, transportando sobretudo refugiados de guerra e por razões de segurança acabou por amarrar no rio Tejo.
Em 18/02/1943, embora como navio de um país neutro, o NYASSA, quando em viagem do Rio da Prata e Brasil para Lisboa, foi abordado e desviado para Gibraltar pelo corveta Canadiana HMCS REGINA (K-234), por suspeitas de trtansportar contrabando de diamantes para ajudar o esforço de guerra dos Alemães. Confiscada a mercadoria, foi o NYASSA mandado prosseguir viagem.
Em 01/02/1944, o NYASSA demandava o porto de Haifa transportando cerca de 750 Judeus, que se encontravam refugiados em Portugal, e que foi o maior grupo de refugiados chegados à Palestina idos da Europa em tempo de guerra.
Durante o período 2ª guerra mundial, serviu também como transporte de tropas para alguns dos territórios Portugueses do Ultramar.
Em 1946 regressa à rota de Moçambique e em 1949, depois de ter realizado uma viagem em 07/1949, de Lisboa a Macau com escala em vários portos intermediários, fundeou no porto de Lisboa, após a entrada ao serviço dos novos paquetes do seu armador. Em 07/11/1951 chegava a reboque ao Blyth, Escócia, para desmantelamento pelos sucateiros Hughes Bolkow.
02/1913, ainda como BULOW, sofreu um encalhe na costa de Blacknor Point, Portland, Dorset, tendo sido resgatado, após ter aliviado alguma carga, por rebocadores locais.
Fontes: José Fernandes Amaro Júnior; Nordeutscher Lloyd, Bremen; Skaphandrus; Ships Nostalgia; Miramar Ship Index; Wrecks.
(Continua)
Rui Amaro

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