domingo, 22 de julho de 2012

SUBSIDIOS PARA A HISTÓRIA DA CORPORAÇÃO DE PILOTOS DA BARRA DO DOURO E PORTO ARTIFICIAL DE LEIXÕES – Episódio 244

RECORDANDO O ENCALHE DO IATE-MOTOR “LENA” NA BARRA DO DOURO


O iate-motor LENA encalhado nas pedras da Eira / O Comércio do Porto /.

21/07/1944 - Há dois anos que as cheias do Douro não fazem sentir a sua benéfica acção na nossa barra, que por tal motivo, está quase impraticável para embarcações de certa tonelagem, fazendo-se as entradas e saídas sempre com as maiores precauções e, por vezes, com certo risco. Com efeito o Cabedelo tem-se espraiado muitíssimo, em direcção à Meia-Laranja, deixando apenas um estreito canal, onde a água corre com extrema violência, durante a enchente e a vazante. Perto dêsse “funil”, notam-se com frequência, violentos estoques de água, que por vezes cortam obliquamente a direcção da corrente principal, dificultando, em extremo, a navegação naquelas proximidades.
Ainda hoje de manhâ, em consequência do mau estado ds barra, se deu um acidente que, só por feliz acaso, não teve graves resultados.
Pelas 08h00, entrou a barra o iate-motor Português LENA, da praça de Faro, propriedade do armador Roque & Filhos, Lda, daquela cidade, conquanto a maré já vasasse, a barra não estava impraticável, para navios de tão diminuto calado – o navio tem apenas 22,73m de comprimento e desloca pouco mais de 70tb – havendo apenas necessidade de maiores cuidados, como prudentemente um grande balão cilíndrico negro içado a meia-adriça no mastro da casa da consulta dos Pilotos, localizada no pontal da Cantareira. A entrada fez-se sem qualquer incidente, mas quando navio tinha já ultrapassado aquele pontal, e ao afrouxar a marcha para passar um cabo à catraia dos pilotos, que ia auxiliar as manobras de atracação, e iria a reboque, com era usual, um forte estoque de água formou-se por estibordo do LENA, imprimindo-lhe uma grande guinada para o bordo oposto.
Rapidamente o piloto António Gonçalves dos Reis e o mestre, Belchior da Encarnação, manobraram o navio de forma a corrigir a guinada, mas tudo foi inútil, pois o pequemo iate-motor foi encalhar numas pedras submersas, existentes naquele local, e que, por constiyuirem uma larga superfície, mais ou menos plana, são conhecidas entre os marítimos pela “Eira”. Acorreu o material flutuante dos pilotos e o respectivo pessoal, que espiaram dois ancorotes, para evitar que o navio, na enchente, fosse impelido mais para cima das pedras. Pouco depois chegava uma barcaça, para a qual começou a ser baldeada parte da carga, constituída por carvão que o LENA havia carregado em Lisboa, consignado à Companhia Geral de Combustíveis e destinada à União Eléctrica Portuguesa.
Durante a baixa-mar o navio ficou quási completamente em sêco, verificando-se que não tinha quaisquer avarias no casco, pelo que na maré seguinte era de prever que o navio reflutuaria, assim acontecendo pelas 15h55, com grande alegria do pessoal de bordo, seguindo depois o LENA para o cais do Terreiro/Estiva, onde acostou sem mais novidade. Graças à sólida construção do navio e ao seu diminuto porte, o casco resistiu perfeitamente ao esforço que lhe foi exigido, não obstante o navio estar quási completamente carregado, e ter ficado encalhado em pedra de laje.
A bordo do LENA as manobras foram dirigidas pelo acima referido piloto de serviço ao navio, e por terra os trabalhos foram orientados pelo piloto-mor Paulino Pereira da Silva Soares e pelo sota-piloto-mor José Fernandes Tato.
Fontes: José Fernandes Amaro Júnior; Jornal O Comércio do Porto.
(continua)
Rui Amaro  

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