domingo, 16 de janeiro de 2011

SUBSIDIOS PARA A HISTÓRIA DA CORPORAÇÃO DE PILOTOS DA BARRA DO DOURO E PORTO ARTIFICIAL DE LEIXÕES – Episódio 144

OS VAPORES "MARI ELI" E "IGHTHAM" SOFREM ACIDENTES NA BARRA


A 22/03/1934, desde há oito dias, que a barra do Douro não permitia qualquer movimento de entradas ou saídas, não só devido à forte corrente de águas do rio, como ainda ao mau estado do mar. Por esse motivo, juntaram-se fora da barra e também na bacia do porto de Leixões bastantes vapores, na totalidade de vinte e quatro e, naquele dia, como a maresia tivesse amainado, o piloto-mor Francisco Rodrigues Brandão, após consulta aos seus subalternos, resolveu dar movimento à barra e até porque certas mercadorias, vindas naqueles vapores, já estavam a escassear, principalmente carvão destinado aos caminhos de ferro e a algumas fábricas da região norte e sendo assim, daqueles vinte e quatro vapores, entraram aquela barra dezasseis, entre os quais o Espanhol MARI ELI e o Inglês IGHTHAM.

O primeiro a demandar a barra foi o MARI ELI, piloto Aires Pereira Franco, que após ter ultrapassado a bóia da ponta do Dente, devido à forte corrente de água de cima, desgovernou para norte, sendo forçado a largar o ferro de estibordo para não embater com as pedras do cais do Touro, onde chegou, embora levemente a encostar. Fazendo manobras de inversão de marcha ou máquina força avante, conseguiu endireitar ao canal, seguindo então para o seu ancoradouro, no lugar do Sandeman, sem mais percalços.

O segundo vapor a fazer-se à barra foi o IGHTHAM, que também pelo mesmo motivo junto da bóia foi de guinada a sul e apesar das manobras dirigidas pelo piloto Francisco Soares de Melo, acabou por encalhar de popa na restinga do Cabedelo. Algum tempo depois, com o auxílio da própria hélice esgaivando a areia e ainda ajudado pela própria corrente do rio acabou por se safar. No entanto, não conseguindo endireitar ao canal e indo atravessado barra fora, foi obrigado nesse momento a lançar o ferro de estibordo para não sofrer novo encalhe nas pedras da ponta do Dente.

Em seu auxílio foram os rebocadores VOUGA 1º, MARS 2º e LUSITÂNIA, tendo o primeiro passado um cabo de reboque ao IGHTHAM, auxiliando-o depois, novamente a demandar a barra. Porém, quando passava diante do lugar da Forcada, meio do cais Velho, voltou a desgovernar mas desta vez para norte, indo apesar do esforço do rebocador VOUGA 1º bater de proa contra as pedras do enrocamento daquele cais. Depois de várias manobras, dirigidas pelo piloto Francisco Soares de Melo e com o auxílio do dito rebocador a puxar para o meio do rio, entrou no canal e seguiu para montante, apesar de ligeiras avarias sofridas no seu casco, indo amarrar no lugar dos Vanzelleres. Ambos os vapores foram obrigados a desmanilhar os ferros, largando-os por mão. Os dois vapores passavam a barra assistidos, respectivamente pelos rebocadores VOUGA 1º e LUSITÂNIA, os quais contribuíram para os incidentes não terem sido de maior gravidade.

Como de costume, estas duas ocorrências fizeram juntar nos cais próximos um grande número de curiosos, que não só estiveram a presenciar as manobras mas também a assistir ao movimento desusado da barra, dado o número de embarcações que a cruzaram.

MARI ELI – 72m/ 1.081tb/ 9nós; 16/06/1897 entregue por Carmichael, McLean & Co.. Greenock, como NAUTIK a J. Lauritzen, Copenhaga; 1915 ENRIQUETA DE MALLOL, 1917 SANTIAGO MUMBRU, 1918 YTURRI EDERRA, 1927 CASTELLON, 1931 MARI ELI, 1928 CASTELLON, 1939 CASTILLO CUELLAR, 1941 MARI ELI, 1941 PUNTA ALMINA; 08/1960 em Bilbao para desmatelamento.

IGHTAM – 77m/ 1.337tb/ 9,5nós; 06/1914 entregue por Wood Skinner & Co., Ltd., Newcastle-upon-Tyne, como EDWIN HUNTER a Goole & W. Riding; 1919 ABBEVILLE, H. W. & C.M. Ezald; 1926 WHARFEDALE, Hinson & Prickett; 1927 NEVILLE, F. H. Green & Co.; 1933 IGHTHAM, Constants South Wales, Ltd., Cardiff; 07/10/1942 embateu numa mina na posição 53,32N/00,45E acabando por se afundar na posição 53,33N/00,27E.

Fontes: José Fernandes Amaro Júnior; Miramar Ship Index.

Rui Amaro


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