sábado, 29 de janeiro de 2011

SUBSIDIOS PARA A HISTÓRIA DA CORPORAÇÃO DE PILOTOS DA BARRA DO DOURO E PORTO ARTIFICIAL DE LEIXÕES – Episódio 145

OS VAPORES NORUEGUÊS "ALA" E O PORTUGUÊS "SAN MIGUEL" SOFREM PERCALÇOS À ENTRADA DA BARRA


A 24/03/1934, pelas 07h00, demandava a barra do Douro o vapor Norueguês ALA, piloto Eurico Pereira Franco, que não conseguira entrar de véspera e devido a um forte estoque de água, desgovernou e foi sobre o cais do Touro, valendo-lhe ter lançado à água o ferro de estibordo, que foi desmanilhado e após algumas manobras conseguiu ir ao meio do rio e fez-se a montante, até dar fundo a um ferro no lugar da Fontinha, cabos para terra e ancorote dos pilotos pela popa para Noroeste.

Meia hora depois do incidente do ALA na barra do Douro, igual percalço sucedia ao vapor Português SAN MIGUEL, que apenas veio de proa até junto do enrocamento do mesmo cais, felizmente não chegando a bater nem a lançar ferro, graças a uma admirável manobra dirigida pelo piloto Joaquim Matias Alves, tendo seguido também rio acima até amarrar no lugar das escadas da Alfandega.

ALA - 66m/933tb; 06/1916 entregue por A/S Jarlso Vaerft, Tonsberg, a E. B. Aaby, Drammen; 10/1917 D/S A/S Ala, gestores E. B. Aaby, Cristiania; 1918 The Shipping Controller, mgrs. Emlyn Jones & Co., Londres; 1919 D/S A/S Ala, gestores E. B. Aaby, Cristiania; 1925 E. B. Aaby, Oslo; 03/1937 E. B. Aaby A/S, gestores E. B. Aaby, Oslo.

O ALA, que era um frequentador regular dos portos do Douro e Leixões, no tráfego de Inglaterra e França, juntamente com os vapores do seu armador DOURO, TEJO, SADO, FARO, MARS, TENTO e CRESCO, que eram mais conhecidos pelos “Marca A”, devido a ostentarem na pintura das chaminés aquela letra, quando com um carregamento completo de carvão, zarpara do porto de Port Talbot a 06/05/1941 de rumo ao porto de Swansea, a fim de se integrar, no dia seguinte, num comboio naval, mas devido ao facto da sua lotação da equipagem não se encontrar preenchida, ficou a aguardar por um próximo comboio. Porém devido a problemas técnicos, entretanto surgidos, a 10 seguiu isolado para o porto de Swansea. A 13 integrou-se num comboio com destino ao porto de Falmouth e a 16 abandonou o comboio e seguiu por sua conta e risco para o porto de Shoreham. Quando a 17 navegava a cerca de duas milhas daquele porto, surgiu nos ares uma esquadrilha de quatro aviões da “Luftwaffe”, que o atacaram a tiros de metralhadora. Os artilheiros de bordo ripostaram de imediato com as suas três metralhadoras antiaéreas. Mais tarde os aviões nazis regressaram e lançaram várias bombas sobre o ALA, acabando por ser atingido e danificado por duas delas, começando a querer submergir. A hospedeira de bordo, esposa do empregado de mesa, foi atingida por estilhaços quando procuravam refúgio. A tripulação composta por 16 elementos abandonou o vapor nos botes de bordo.

O ALA parecia continuar a resistir ao afundamento, pelo que o capitão e o seu imediato subiram a bordo, visto o vapor Norueguês BOTNE entrar em acção, tentando rebocá-lo para o porto mais próximo, auxiliado por um rebocador portuário. Os botes salva-vidas foram levados para terra por embarcações locais. A hospedeira acabou por falecer no hospital de Gosport. O ALA já em bom porto foi descarregado e sofreu reparações provisórias, no sentido de ser levado para o porto de Southampton, a fim de receber as reparações finais, todavia quando, já a reboque em rota para aquele porto, a 13 de Junho, ao largo de Selsey Bill, pouco antes da chegada, foi alvo de uma enorme explosão avante, que o fez submergir e segundo se apurou, o motivo da explosão fora devido às bombas, que o atingiram no ataque aéreo, tornarem-no num campo magnético, passando a ser um alvo fácil para atrair as minas. O imediato, que se encontrava na casa do leme, foi atingido por estruturas de cimento protectoras daquela dependência. Os náufragos, alguns bastante feridos, incluindo o capitão, imediato, e os dois maquinistas, todos salvos por um escoltador Inglês e pelo vapor Norueguês DOURO, seu gémeo e pertença do mesmo armador, que na ocasião navegavam nas imediações. O imediato não resistindo aos ferimentos, acabou por sucumbir no hospital.

Fontes: José Fernandes Amaro Junior; Lillesand Sjomannstorening; Norwegian Merchant Fleet 1939/1945; Lloyd's Register of Shipping.

(continua)

Rui Amaro


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