quarta-feira, 17 de novembro de 2010

SUBSIDIOS PARA A HISTÓRIA DA CORPORAÇÃO DE PILOTOS DA BARRA DO DOURO E PORTO ARTIFICIAL DE LEIXÕES – Episódio 112



O PALHABOTE “ADELAIDE 3º” DESARVORADO AO LARGO DE FRANCELOS, VILA NOVA DE GAIA



Um iate de motor auxiliar, neste caso o MAR NOVO, que ao largo de Espinho ficou desarvorado por volta de 1950.


A 04/12/1932, pelas 11h30, dia de nortada fresca, foi avistado pelo telegrafista de serviço à Estação Semafórica Marítima do Monte da Luz, Foz do Douro, um palhabote desarvorado, ou seja com mastreação destruída, Avisada a Autoridade Marítima, o Chefe do Departamento Marítimo do Norte, ordenou que a lancha de pilotos P1 fosse avisar o rebocador LUSITÃNIA para ir em socorro do navio em dificuldades, contudo dado que aquele rebocador estava a prestar assistência ao lugre Português MARIA JOANA, que se encontrava já a sotavento do porto de Leixões, e pretendia cruzar os molhes a reboque, logo aquela lancha conduzida pelo sota-piloto-mor António Joaquim de Matos, coadjuvado pelo piloto Alfredo Pereira Franco, e ainda os usuais tripulantes, mestre Artur, motorista Júlio Pinto da Costa, marinheiro Alfredo Saragoça, não perdeu mais tempo, rumando a Sudoeste ao encontro do desconhecido palhabote, que só foi avistado já com a lancha a navegar por alturas da capelinha do Senhor da Pedra, lugar de Francelos, Vila Nova de Gaia, ostentando o grupo de galhardetes assinalando “Preciso de socorro imediato e peço que não me abandonem”.

Abordado o palhabote, verificou-se que era o ADELAIDE 3º, propriedade da Sociedade Ferreira, Lda., da praça da Figueira da Foz, que era esperado no rio Douro, e que vinha a navegar com auxilio do motor, embora com bastante dificuldade, uma vez que a mastreação e respectivo aparelho vinham á borda, em face da situação, o sota-piloto-mor ordenou que o sinal de pedido de socorro, fosse baixado, e estabelecido um cabo “virador” seguiu a reboque da lancha P1 rumando ao porto de Leixões, onde saltou a bordo o piloto de escala José Fernandes Amaro Júnior, que orientou as manobras de entrada e amarração, e após estas concluídas entraram a bordo o patrão-mor da capitania do porto de Leixões, o sota-piloto-mor e o piloto, que na P1 tinham ido ao encontro daquele palhabote de vela e motor auxiliar, vulgarmente também chamado de hiate ou iate, a fim de colherem declarações do mestre, sobre o motivo que deu origem ao sinistro. O usual protesto de mar ratificado pelo mestre foi entregue três dias depois na capitania.


CONDECORAÇÕES PELO INSTITUTO DE SOCORROS A NAUFRAGOS NA CAPITANIA DO PORTO DO DOURO


A 01/05/1933, pelas 15h00, na capitania do porto do Douro foram condecorados pelo Instituto de Socorros a Náufragos com a medalha e diploma pela sua acção no auxílio ao palhabote a motor Português ADELAIDE 3º, que ficara desarvorado, isto é desmastreado e velame desfeitos, ao mar da capelinha do Senhor da Pedra, lugar de Francelos, Vila Nova de Gaia, e também aquando do naufrágio do lugre Português CELESTINA DUARTE junto do molhe Norte do porto de Leixões.

No que respeita ao palhabote ADELAIDE 3º, foram distinguidos os seguintes elementos: sota-piloto-mor António Joaquim de Matos e o piloto Alfredo Pereira Franco com medalha e diploma e os tripulantes da lancha P1, mestre Artur, marinheiro Alfredo Saragoça e o motorista Júlio Pinto da Costa com diploma. Este último era filho do José Rabumba, arrojado patrão de salva-vidas da estação de Leixões e no que respeita ao lugre CELESTINA DUARTE foram entregues medalhas e diplomas aos seguintes marítimos: pilotos Júlio Pinto de Almeida e Alfredo Pereira Franco e mestres e camaradas das traineiras RIOS e BOM DESPACHO, de Matosinhos.

Fonte: José Fernandes Amaro Júnior; imagem da Imprensa diária.

(continua)

Rui Amaro

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