sábado, 7 de agosto de 2010

SUBSIDIOS PARA A HISTÓRIA DA CORPORAÇÃO DE PILOTOS DA BARRA DO DOURO E PORTO ARTIFICIAL DE LEIXÕES – Episódio 89

O VAPOR “GONÇALO VELHO” SOFRE INCIDENTE Á ENTRADA DA BARRA



O GONÇALO VELHO amarrado no lugar do quadro da Alfandega, rio Douro / (c) foto colecção F. Cabral /.


A 19/12/1931, pelas 10h50, quando entrava a barra e passava diante da penedia da Forcada, o vapor Português GONÇALO VELHO, devido às águas de ronhenta que originaram um forte estoque de água, guinou a bombordo. O piloto Mário Francisco da Madalena ordenou, imediatamente o lançamento do ferro de estibordo, a fim de evitar, que aquele vapor fosse embater nas pedras do cais do Touro. Manobrando ao canal, e a fim de evitar mais percalços desmanilhou a amarra perdendo o ferro e seguiu rio acima sem mais novidade, indo amarrar nas escadas da Alfandega com o ferro de bombordo, reforço de cabos estabelecidos a terra e ancorote dos pilotos pela popa para Sudoeste.

O GONÇALO VELHO, 86m/1.579tb, gémeo do ANGRA, naufragado na costa de Lavadores em 27/12/1933, foi lançado ao mar em Março de 1913 pelo estaleiro Murdoch & Murray, Ltd., Glasgow, com o nome de LINMERE, para o armador Watson Steamship Co, Ltd., Manchester. Em 1916 tornou-se propriedade do armador Lever Bros, Ltd., Liverpool, tendo um ano depois passado para o armador Bromport Steamship C., Ltd., sob gestão da firma H. R. Greenhalgh & Co., Liverpool, conservando o mesmo nome. Em 1923 foi vendido à companhia MacAndrews & Co., Ltd., Londres, que alterou o nome para BALBOA, tendo sido colocado no tráfego fruteiro da Península Ibérica, até ser adquirido em 1928 pela Companhia de Navegação Carregadores Açoreanos, Ponta Delgada, para o serviço das Ilhas com o Norte da Europa, escalando os portos de Lisboa, Porto e Leixões, todavia nos últimos anos da guerra de 1939/45 passou a realizar viagens aos E.U.A., devido à perigosidade de navegar nos mares do norte da Europa.



O GONÇALO VELHO amarrado no lugar do cais do Monchique, aquando do seu regresso ao rio Douro no pós-guerra / semanário O Século Ilustrado /.


Em 08/10/1940, pelas 13h47, no canal da Mancha, foi o GONÇALO VELHO atacado a tiro de canhão pelo submarino alemão U-47, do comando do famoso Kapitanleutnant Gunther Prien, apesar de convenientemente sinalizada a sua nacionalidade neutral, sofrendo vários danos à proa. O seu capitão foi a bordo do submarino, a fim de conferenciar com o seu colega Alemão. Esclarecida a situação e o regresso do capitão Português, após o pedido de desculpas Alemão, aquele vapor retomou a sua rota para o rio Douro, sem mais percalços.

No inico de 1946 retoma o serviço do Norte da Europa, que o seu armador suspendera, devido à situação de guerra na Europa, que entretanto em Maio de 1945, felizmente terminara, tendo o GONÇALO VELHO sido recebido, festivamente pelas gentes das fainas fluviais, no seu regresso ao rio Douro.



O GENEROSO no porto de Leixões na década de 50 / (c) Foto Mar, Leixões /.


Em 1948 foi vendido ao armador Sociedad de Navegación Tenax S.A, Panamá, tendo sido registado com o mesmo nome sob bandeira Panamiana. Nos finais de 1949 foi adquirido pela Société Anonyme de Navigation San Giorgio, Basileia, registado sob pavilhão Suíço, passando a chamar-se GENEROSO. Em 1953 era vendido aos armadores Italianos Gabbiano, S.R.L., Veneza, mantendo o mesmo nome e a 25/07/1961, após 48 anos de uma vida intensa, chegava ao porto Italiano de Viareggio, a fim de ser demolido para sucata.

Fontes: José Fernandes Amaro Júnior; Miramar Ship Index – LR; Uboat.Net.

(continua)

Rui Amaro

1 comentário:

Rui Amaro disse...
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