sexta-feira, 6 de agosto de 2010

SUBSIDIOS PARA A HISTÓRIA DA CORPORAÇÃO DE PILOTOS DA BARRA DO DOURO E PORTO ARTIFICIAL DE LEIXÕES – Episódio 88

O VAPOR “ALFERRAREDE” SOFRE UM INCIDENTE Á ENTRADA DA BARRA



O ALFERRAREDE demanda o porto de Leixões em finais da década de 40 / (c) Foto Mar, Leixões /.


A 28/11/1931, pelas 14h45, entrava a barra do Douro o vapor Português ALFERRAREDE, piloto António Gonçalves dos Reis, pegado à proa pelo rebocador DOURO PRIMEIRO, viu-se obrigado a largar o ferro de estibordo e leme todo a esse bordo, além de mais força de máquina para vante, devido à forte corrente de águas de cima o ter levado a guinar ao cais Velho, diante das escadas denominadas do Touro ou da Policia. Após ter conseguido ir ao meio do rio, deixou o ferro por mão e seguiu para montante até dar fundo com o único ferro disponível , cabos reforçados para terra e ancorote dos pilotos ao lançante pela popa para Noroeste, no lugar do cais do Cavaco. O rebocador largou o cabo de reboque entre as bóias dos Arribadouros.



PLUTO / postal do armador /.


O ALFERRAREDE, 73,91m/ 1.452tb/ 10 nós, foi lançado à água em 22/04/1905 pelo estaleiro Joh. C. Tecklemborg A. G., Geestemunde, por encomenda do armador Dampfs. Ges. Neptun, Bremen., que lhe deu o nome de PLUTO e o colocou no tráfego da península Ibérica. Em 1914, no início do conflito na Europa, foi internado no porto de Lisboa, tendo sido requisitado pelo governo Português e, consequentemente apresado em 24/02/1916, afim de fazer face à falta de transportes para abastecimento do país. A sua primeira tarefa, sob bandeira Portuguesa, foi ao serviço da marinha de guerra como navio lança-minas sob o nome de NRP SADO e em 1919 passou a fazer parte da frota dos TME - Transportes Marítimos do Estado, Lisboa. Entre 1923 e 1925 esteve ao serviço de dois armadores Portugueses, sob administração dos agentes E. Pinto Basto & Ca., Lda., Lisboa, até ser adquirido em 1927 pela Soc. Geral de Comércio, Industria e Transportes, Lda, Lisboa, que o matriculou com o nome de ALFERRAREDE.

Além de servir vários tráfegos, realizou várias viagens à Terra Nova, a fim de transportar bacalhau para o Norte do país, através do porto do Douro, principalmente na década de 40 e numa dessas viagens, encontrou e recolheu os sobreviventes do petroleiro Holandês LUCRECIA, torpedeado e afundado a 07/07/1940 pelo submarino alemão U-34, a cerca de 100 milhas para Oeste de Land’s End, Sudoeste de Inglaterra, quando em viagem das Antilhas Holandesas para o porto de Falmouth.



O ALFERRAREDE encalhado na praia de Algés, estuário do Tejo / O Comércio do Porto /.


Em meados da década de 50 o ALFERRAREDE, devido a um forte ciclone, garrou e encalhou na praia de Algés, tendo sido safo com o auxílio dos salvadegos Portugueses PRAIA DA ADRAGA e D. LUIS, no dia seguinte. De véspera o PRAIA DA ADRAGA do armador do vapor sinistrado e o COMANDANTE PEDRO RODRIGUES, vapor dos pilotos da barra do Tejo, fizeram várias tentativas de desencalhe, porém a amarreta do último quebrou-se.


O JOÃO DIOGO encalhado a Norte de Peniche / Jornal de Noticias /.


O ALFERRAREDE foi adquirido em 1961 pela armador Sofamar – Sociedade de Fainas de Mar e Rio, Lisboa, tendo o seu nome sido alterado para JOÃO DIOGO, que o colocou no tráfego costeiro nacional, transportando produtos siderúrgicos, desde as instalações da Siderurgia, Seixal, para o porto de Leixões e no regresso minério de ferro. A 08/01/1963 em viagem do porto de Leixões para o rio Tejo, devido ao denso nevoeiro, encalhou ao norte de Peniche, tendo sido considerado perda total.

Fontes: José Fernandes Amaro Júnior; Miramar Ship Index – LR; Dampfs. Ges. Neptun, Bremen.
(continua)

Rui Amaro

Sem comentários: