quinta-feira, 25 de julho de 2013

SUBSIDIOS PARA A HISTÓRIA DA CORPORAÇÃO DE PILOTOS DA BARRA DO DOURO E PORTO ARTIFICIAL DE LEIXÕES – Episódio 304

O NAVIO-MOTOR HOLANDÊS “MERES-N” SAIU A BARRA COM O ESCURO DA NOITE


O MERES-N sobe o rio Douro diante do centro piscatório da Afurada em 15/08/1965  /Rui Amaro/.

Transcrição verbal do piloto José Fernandes Amaro Júnior, relacionada com o serviço de pilotagem de saída do navio-motor holandês MERES-N.
19/11/1954 – Cerca da 17h00 embarquei na lancha P5 na lingueta dos Pilotos, a fim de ir dar saída ao navio-motor Holandês MERES-N, que se encontrava amarrado no lugar das Escadas da Alfândega, e segundo o telegrama recebido pelo piloto-mor José Fernandes Tato, indicava que o navio estaria pronto a largar às 17h30. Chegado à amarração, reparei que o navio ainda se encontrava em operações de carga, pelo que indaguei do caixeiro de mar Domingos Rodrigues Brandão e do mestre estivador José Soares, da firma Garland, Laidley & Co., Ltd., agência consignatária do navio, do motivo da demora, tendo sido informado que ainda faltavam duas barcas, as quais ainda estavam a carregar no lugar da Cruz, margem de Gaia, caixas e pipas de vinho.
Em face da situação, preveni-os que a noite estava a chegar, e às tantas já não procedia à largada, com o escuro da noite, não que fosse impossível dar saida, mas não era permitida a navegação comercial no rio.
Entretanto as duas barcas foram chegando, e o pessoal de estiva apressou-se a carregar e estivar o vinho, já sob o escuro da noite, Vim a terra telefonar para o piloto-mor, e ele disse-me que dado a ondulação na barra estar calma, e o calado de 15 pés não criava poblemas, e que eu decidisse à minha maneira.
O mestre estivador e o caixeiro de mar, este bom conhecedor da pilotagem, porque durante muitos anos foi tripulante das embarcões dos pilotos, disseram-me para levar o navio para o meio do rio e desandà-lo proa abaixo, para adiantar a largada, que iam carregando, mesmo assim.
Às 18h45 o navio ficou pronto, e o pessoal de terra desembarcou, frente a Massarelos, e o MERES-N lá veio rio abaixo, tendo eu desembarcado para a lancha P-9 cerca da 19h15, evidentemente já de noite.
Relacionado com o MERES-N, ns década de 60, como caixeiro de mar, da Garland, Laidley & Co., Ltd, da rua Infante D. Henrique, 131, Porto, o autor do blogue prestou assistência no Douro/Leixões ao MERES-N, que era um dos quatro navios Holandeses, que serviam a Portugal Lijn, de Roterdão, que semanalmente escalavam aqueles dois portos Nortenhos, servindo Roterdão, Lisboa, Douro, Leixões, Vigo, Anvers, Dover e Roterdão.     
MERES-N – imo 5232622/ 66,24m/ 499tb; 31/12/1952 entregue por Gusto Smulders, Schiedam, a Van Nievelt, Goudriaan & Co’s, Roterdão; 1955 sofreu uma avaria no veio da hélice e teve de ser rebocado pelo navio.motor CONCEPCION, 69,39m/500tb, do mesmo armador, desde Lagoa dos Patos, Rio Grande do Sul, Sul do Brasil, para Roterdão, a fim de receber reparações, tendo ambos os navios navegado uma distâmcia de 6.283mn em 54 dias a 4,77nós. Ambos os navios faziam a linha Roterdão/Assunción, Paraguay; 29/11/1966 LEBANESE STAR, Nav. Cot. D’Outremer, Beirute, Libano; 1975 ABADAN STAR, Habilullah & Co., Abadan, Irão, que lhe instalou um novo motor; 09/1980 ABADAN STAR, sofreu uma avaria grossa durante a Guerra Iraque/Irão, no Shatt-el-Arab; 1998 excluido do Lloyd’s Register of Shipping por dúvida de existência.
Visto subindo o rio Douro em 15/08/1965, diante do centro piscatório da Afurada, de onde eram alguns tripulantes.
Fonte: José Fernandes Amaro Júnior, VNG&Co’s, Miramar Ship Index.
(continua)
Rui Amaro

Sem comentários: