domingo, 9 de junho de 2013

SUBSIDIOS PARA A HISTÓRIA DA CORPORAÇÃO DE PILOTOS DA BARRA DO DOURO E PORTO ARTIFICIAL DE LEIXÕES – Episódio 299

A INAUGURAÇÃO DA NOVA LANCHA DE PILOTAGEM “P10”


A P10 ainda na Gafanha da Nazaré, preparado-se para encetar a viagem até à barra do Douro em 05/01/1953. Na foto que tem por fundo um típica bateira mercantel movendo-se à vara, parece-me distinguir o piloto Eduardo Melo e mais dois elementos da Corporação de Pilotos, que a conduziram na viagem até à Cantareira / autor desconhecido - colecçãp F. Cabral, Porto /. 


A P10, diante da Cantareira, com os convidados após o acto inaugural em 07/02/1953 / O Primeiro de Janeiro /.


A  P10 entre molhes do porto de Leixões / A Flama /.

A P10 saindo do porto de Leixões em dia de agitação marítima , 25/04/1955 / Pilotos /.


08/02/1953 - A Corporação de Pilotos da Barra do Douro e Porto Artificial de Leixões, com sede na Cantareira, Foz do Douro, inaugurou, ontem, uma nova lancha-motor destinada aos serviços de pilotagem construída nos estaleiros da Gafanha da Nazaré, tendo sido denominada de P10, e que foi ontem inaugurada.
A nova lancha de linhas elegantes e modernamente apetrechada para o fim a que se destina, oferece um mínimo de condições de navegabilidade, a fim de enfrentar a ondulação marítima, ficando a ser a mais moderna unidade em serviço no país, e a décima da Corporação.
A Corporação de Pilotos, querendo celebrar condignamente o acontecimento, que representa, incontestavelmente, um importante melhoramento dos serviços de pilotagem da barra do Douro e do porto de Leixões, convidou as autoridades marítimo-portuárias e a imprensa a assistirem ao acto inaugural que constituiu cerimónia singela, mas caracterizada por essa admirável camaradagem peculiar às festas de marinheiros.
Pelas 16 horas, no cais do Marégrafo, na Foz do Douro, embarcaram na nova lancha os srs. comandante Oscar de Carvalho, do conselho de Administração da APDL; capitão de fragata João Pais, chefe do Departamento Marítimo do Norte; capitão-tenente José Joaquim da Costa, comandante da Capitania do Porto de Leixões, e seu adjunto, 1º tenente Vieira Coelho; 1º tenente Sousa Pinto, comandante da vedeta NRP DOURADA; comandantes Moreira Pinto e Coutinho Lanhoso, adjuntos da Capitania do Douro; engenheiro naval João de Sousa Duarte; D. João Guilhomil, representante do fabricante do motor da nova lancha; Mário Francisco da Madalena e Joel da Cunha Monteiro, sotas-piloto do Douro e de Leixões, respectivamente, e outros funcionários das duas Capitanias e da Corporação de Pilotos, tomando o comando da nova lancha, o sr. José Fernandes Tato, piloto-mor, que com o seu espirito dinâmico e sempre dado à sua extrema dedicação e saber, tem sabido elevar o prestígio da Corporação de Pilotos, bem merecendo a consideração e a profunda estima que lhe dispensam os seus superiores hierárquicos, seus camaradas e os seus subordinados.
A nova lancha, seguiu rio abaixo, passou defronte da perigosa restinga do Cabedelo, que tantas e tão trágicas recordações evoca, e depois de breve incursão pelas águas revoltas do mar, apontou à barra do Douro, transpondo-a e subindo o rio até ao Ouro, regressando aos cais do Marégrafo.
Após o regresso foi servido um “Porto de Honra” numa das salas da Estação dos Pilotos, aos convidados acima mencionados, estando também presentes os membros das duas comissões administrativas da Corporação de Pilotos, que levaram a cabo a construção da nova lancha: srs. José Fernandes Tato, piloto-mor; Joel da Cunha Monteiro e Mário Francisco da Madalena, sotas-piloto; pilotos José Fernandes Amaro Júnior, Francisco Soares de Melo, Jaime Martins, Cristiano Melo Machado, Eduardo Melo, Aristides Ramalheira.
O sr. comandante João Pais manifestou a sua satisfação pelo progresso que a Corporação dos Pilotos vem demonstrando, dirigiu ao sr. piloto-mor palavras de louvor e saudou a imprensa.
Seguidamente falou o piloto-mor sr. José Fernandes Tato que agradeceu a comparência de todos os oficiais de marinha e convidados, brindando pela Marinha de Guerra.  
P10 – lancha de pilotagem, 14,75m/ boca 04,00m/ 22,94tb/ motor “Jastran” a óleos pesados, de 150hp/ 11nós: 26/12/1952 lançada à água nos estaleiros de Alberto Matos Mónica, Gafanha da Nazaré; 05/01/1953 entregue à Corporação de Pilotos. Na ampla e confortável casa do leme, dispõe ds mais moderna aparelhagem, incluindo sonda electrica auto-registadora e uma estação T.S.F. apta a manter permanente comunicação telefónica, não só com as duas estações de pilotos, e outras estações radionavais, como com quaisquer navios que pretendam, demandar a barra. Custou a nova piloteira, construída em madeira, a importância de oitocentos mil escudos; 1978 LONGAS, INPP – Instituto Nacional de Pilotagem de Portos; __/__/2___ LONGAS, APDL – Administração dos Portos do Douro e Leixões; 2011 ainda em serviço de reserva com o nome de LONGAS, e propriedade da APDL, autoridade portuária.
No Museu Marítimo de Ílhavo, julgo que ainda esteja em exposição um modelo fiel daquela lancha, executado pelo assalariado e pintor dos pilotos José Brandão, falecido o ano apassado, e que era um apaixonado por estas coisas, que também foi quem executou, a pedido do piloto-mor, o pré-desenho da mesma para a sua construção, e que juntamente com o carpinteiro dos pilotos José Ferreira, acompanharam a construção da P10 e se não estou em erro a escolha das madeiras, pois ambos, primitivamente foram experimentados profissionais da construção naval em madeira, o primeiro no Estaleiro da Parceria Marítima do Douro, Canidelo, V. N. de Gaia, e o segundo no estaleiro do Ouro, Lordelo do Ouro, Porto.
Segundo o José Brandão me disse um dia, a popa da lancha ficou um pouco estreitada, o que não correspondia ao seu pré-desenho, o que originava certa dificuldade de manobra.
Ainda tenho na memória a sua chegada ao Douro, ainda no dia da entrega, ao fim da tare, onde se soube que o gasóleo para o percurso entre a Gafanha da Nazaré e a Cantareira, acabou-se mesmo ao acostar às escadas do cais do Marégrafo, Pilotos, porque já perto de Lavadores, de bordo comunicaram desse facto ao piloto-mor, e ao seu encontro foi a lancha P9.
Fontes: jornais “O Comércio do Porto” e “O Primeiro de Janeiro”.
(continua)
Rui Amaro

ATENÇÃO: Se houver alguém que se ache com direitos sobre as imagens postadas neste blogue, deve-o comunicar de imediato. a fim da(s) mesma(s) ser(em) retirada(s), o que será uma pena, contudo rogo a sua compreensão e autorização para a continuação da(s) mesma(s) em NAVIOS Á VISTA, o que muito se agradece.
ATTENTION. If there is anyone who thinks they have “copyrights” of any images/photos posted on this blog, should contact me immediately, in order I remove them, but will be sadness. However I appeal for your comprehension and authorizing the continuation of the same on NAVIOS Á VISTA, which will be very much appreciated.

2 comentários:

Unknown disse...

Cristiano Melo Machado era o mau avô.. obrigado pela partilha e continuação de excelente trabalho

Unknown disse...

CORRECÇÃO: Cristiano Melo Machado era o MEU avô.. obrigado pela partilha e continuação de excelente trabalho :)