segunda-feira, 4 de março de 2013

SUBSIDIOS PARA A HISTÓRIA DA CORPORAÇÃO DE PILOTOS DA BARRA DO DOURO E PORTO ARTIFICIAL DE LEIXÕES – Episódio 279


UMA LARGADA INVULGAR DO VAPOR “SOFALA” DA DOCA Nº 1 DO PORTO DE LEIXÕES

O vapor SOFALA em manobras de atracação no porto de Leixões, década de 60

Havia pilotos da barra mais afoitos e arrojados, a quem os chefes lhes confiavam tarefas de responsabilidade, como o relatado neste episódio, e de que foi protagonista o piloto José Fernandes Amaro Júnior.
O vapor Português SOFALA, 161m/7.956tb, atracado no topo leste da doca nº 1 – lado norte, lugar do Conde de Leça, estava pronto para sair pela tarde de 06/02/1947, todavia os dois rebocadores da A.P.D.L., TRITÃO e MIRA, obrigatoriamente necessários para a manobra, encontravam-se inactivos por avaria nas respectivas máquinas, contudo nessa tarde conseguira-se que um deles ficasse operacional, que julgo tivesse sido o MIRA. Naquele dia não havia qualquer rebocador privado, ou mesmo arrastões de pesca da costa, dentro do porto, suficientemente capazes para auxiliar a manobra de desatracação, e o armador a fim de cumprir escalas tinha toda a necessidade, que o SOFALA saísse nessa tarde, pelo que já tinha um rebocador pronto a largar do porto de Lisboa, caso a manobra não viesse a ter o sucesso desejado. Em face da situação, o sota-piloto-mor Joel da Cunha Monteiro confia ao piloto José Fernandes Amaro Júnior, fora da escala de serviço, para tentar dirigir a manobra de desatracação e saída daquele vapor, que naquela época era a maior unidade da marinha mercante nacional e um dos cerca de cem navios de carga acima dos 150m de comprimento, a nível mundial, certamente após anuência das autoridades marítimo-portuárias.
Aquele piloto da barra, que já tinha dirigido a manobra de entrada e atracação do mesmo há cerca de oito dias, resolveu a situação como normalmente se procedia na doca comercial do porto de Viana do Castelo, com o recurso a espias ou cabos passados ao cais oposto, visto naquele porto, raramente se encontrar um rebocador. Chegada a hora de manobrar, e de acordo com o comandante, estabeleceu cabos aos peorizes da doca Sul e foram-se virando de bordo, ajudando a desviar a popa da muralha, com o rebocador puxando à proa até colocar o navio no enfiamento da saída da doca nº 1. Entretanto, foi seguindo em marcha avante devagar e logo que teve a popa liberta do cais, os cabos safos do hélice e colhidos a bordo, largou o rebocador e deu-lhe toda força avante, só se detendo por fora do farol do Esporão, a fim de efectuar o seu desembarque para a lancha P1.
Por perto estava o pequeno rebocador fluvial MERCÚRIO SEGUNDO, que tinha levado para a doca uma laita vinda do rio Douro para receber de baldeação cereal para a Moagem do Freixo, todavia aquele piloto não solicitou os seus préstimos, dado que o rebocador não possuía força de máquina suficiente para um vapor com o porte do SOFALA e poderia surgir algum incidente, até para o próprio rebocador, apesar do mestre Domingos lhe fazer sinais para o chamar e afirmou-me, caso um dos rebocadores da A.P.D.L. não tivesse ficado pronto, procedia a manobra de largada pelo mesmo sistema. A assistir à manobra encontravam-se no cais o sota-piloto-mor Joel da Cunha Monteiro e o piloto Francisco José de Campos Evangelista.

O paquete QUANZA saindo do porto de Leixões, 30/03/1968

Passados quatro dias surge à vista o paquete QUANZA, 134m/6.403tb, que vai demandar o porto de Leixões ao sinal, fortemente envolvido na ondulação, e na bacia encontram-se alguns navios fundeados. Mais uma vez o sota-piloto-mor Joel da Cunha Monteiro encarrega o piloto José Fernandes Amaro Júnior, fora da escala de serviço, para dar entrada e proceder à atracação desse paquete. Aquele prático ficou deveras surpreendido, visto o paquete ser de muito menor porte do que o SOFALA mas a razão colocava-se na ondulação, que se fazia sentir na bacia e na doca. Saltou para o navio à entrada dos molhes e foi atracar o QUANZA na doca nº 1 – lado Norte auxiliado por um rebocador da A.P.D.L à proa e como desta vez havia um rebocador privado, pegou à popa o rebocador AGUILA da firma Lobo & Freitas da praça do Porto.
Fonte: José Fernandes Amaro Júnior
Imagens de Rui Amaro
(continua)
Rui Amaro

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