terça-feira, 2 de agosto de 2011

SUBSIDIOS PARA A HISTÓRIA DA CORPORAÇÃO DE PILOTOS DA BARRA DO DOURO E PORTO ARTIFICIAL DE LEIXÕES – Episódio 187

O ENCALHE DOS VAPORES INGLESES "ESTRELLANO" E "SEAMEW" NO ESTUÁRIO DO DOURO

A posição em que ficaram os vapores sinistrados, após o encalhe: à esquerda o ESTRELLANO e à direita o SEAMEW / jornal O Comércio do Porto /
  
Desde o dia 18/01/1936, que não havia movimento de navegação na barra do Douro, devido à situação de cheia e sobretudo maresia. A 05/02/1936, dia ameaçador de neblina, entre alguns navios, que entravam a barra e outros que iam de saída, estavam os vapores Ingleses SEAMEW e ESTRELLANO com calados de água não superior a 16 pés, que carregados com carga diversa, se destinavam ao porto de Londres.
Eram 13h45, quando ambos os vapores desandaram proa abaixo, iniciando a sua navegação. Primeiro o SEAMEW, piloto Joel da Cunha Monteiro, logo seguido do ESTRELLANO, piloto Mário Francisco da Madalena. Próximo do lugar do Ouro, um dos pontos do rio bastante arenoso e de pouca altura de água, aquele segundo vapor adiantou-se na sua marcha, todavia perdendo o primeiro de vista devido a uma enorme parede de nevoeiro cerrado, que entretanto se formara, impondo por tal motivo o máximo cuidado na navegação mas que desorientou os respectivos pilotos.
De súbito, aqueles vapores, que assinalavam a sua presença com os usuais toques das suas sirenes, estancaram, sem que antes não tivessem deixado de colidir ligeiramente. Ambos estavam encalhados. O SEAMEW a sul do canal, próximo de São Paio da Afurada, aproado a sul e o ESTRELLANO diante do Ouro, aproado a norte.
Supõe-se, dada a posição dos dois vapores, que o motivo do encalhe, aliado ao denso nevoeiro, tivesse sido devido ao grande número de barcaças afundadas pela cheia naquele área, e batendo nelas, os tenham feito desgovernar. Essas barcaças facilitando a concentração de areias, tornavam-se elementos de sério perigo para uma boa navegação.
Dado o alarme, acorreram ao local os pilotos da barra com o seu material flutuante, espiando com ancorotes os dois vapores, a fim de não serem arrastados mais para sul pela forte corrente da cheia na força da vazante, e também compareceram os rebocadores MARS 2º, VOUGA 1º, NEIVA, LUSITÂNIA e o RECORD, que não chegaram a prestar os seus serviços por desnecessários, visto os dois vapores não correrem perigo imediato.
Os respectivos agentes consignatários fizeram seguir para junto daqueles vapores algumas barcaças e pessoal de estiva, para na eventualidade de ser necessário aliviar alguma carga, o que se julga não chegou a ser necessário. No dia seguinte os dois vapores safaram~se pelos seus próprios meios e seguiram viagem, sem mais percalços.

 SEAMEW / Autor desconhecido - Photoship co., UK /.

SEAMEW, 76m/1.332tb, construído em 1915 pelo estaleiro Ailsa Shipbuilding Co.Ltd., Ayr, pertencia à General Steam Navigation Co., Ltd, Londres, tendo sido vendido a Verano Steamship Co., Ltd (F. V. Andlaw), armadores Gibraltinos, que lhe alteraram o nome para CAVEROCK. Em 1947 foi adquirido por Saorstat and Continental Steamship, Dublin, tendo sido registado como CITY OF ANTWERP, e ainda no mesmo ano foi denominado CARRICKMINES, contudo em 1953 foi desmantelado para sucata em Dublin.
ESTRELLANO, 82m/1.983tb, da Ellerman Papayanni Lines Ltd, Liverpool, foi construído pelo estaleiro Hall, Russell & Co., Aberdeen, que como o SEAMEW escalava os portos Portugueses com regularidade, não resistiu à conflagração mundial, tendo sido torpedeado em 02/1941 pelo submarino Alemão U-37 a 160 milhas para Sudoeste do Cabo de S. Vicente, para onde rumou, a fim de se juntar ao comboio naval HG53, quando se encontrava em viagem de Douro/Leixões para Liverpool com um carregamento de 2.000 toneladas de carga diversa, incluindo 1.110 toneladas de conservas de peixe. No seu afundamento, pereceram cinco dos seus vinte e cinco tripulantes, falecendo um outro a bordo do HMS DEPTFORD (L-53), navio salvador. Além do ESTRELLANO foram torpedeados pelo U-37 os vapores da meama nacionalidade COURLAND e BRANDENBURG, que seguiam no mesmo comboio naval.
Fonte: José Fernandes Amaro Júnior, U-boatNet, Photoship.co-UK, Miramar Ship Indez.
(Rui Amaro)

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