domingo, 18 de dezembro de 2011

SUBSIDIOS PARA A HISTÓRIA DA CORPORAÇÃO DE PILOTOS DA BARRA DO DOURO E PORTO ARTIFICIAL DE LEIXÕES – Episódio 208

O VAPOR PORTUGUÊS "PÁDUA" SOFRE INCIDENTE À ENTRADA DA BARRA DO DOURO


A 30/09/1938, pelas 15h30, quando o vapor Português PADUA cruzava de entrada a barra do Douro sofreu uma avaria no gualdrope do leme, que o fez desgovernar a bombordo, razão porque o piloto José Fernandes Amaro Júnior, de imediato mandou meter máquina à ré e largar os dois ferros, a fim de evitar o encalhe nas pedras da Ponta do Dente, não evitando que o vapor ficase atravessado ao rio. Meia hora depois a avaria foi colmatada, e o PÁDUA seguiu rio acima sem mais percalços, indo amarrar no quadro da Alfandega a dois ferros, cabos estabelecidos para terra, e ancorote pela popa.
Como é usual nestes casos, aos cais próximos acorreram muitos curiosos para presenciarem as manobras de ida ao canal e comentavam o inesperado incidente.
PÁDUA – 56,23m/ 664,96tb, 9,5nós, possuía um só mastro, cujos paus de carga serviam dois porões, tinha as superstruturas situadas à ré e fora entregue em 08/1925 pelo estaleiro Norddeutsche Union Werke A.G., Tonning, Alemanha, ao armador Sir Walter Steamship Co., Ltd. (Turner, Edwards & Co., Ltd. - gestores), Bristol, que o baptizou com o nome de TEECO e era um frequentador assíduo dos principais portos Portugueses. Em 11/1934 foi adquirido pela Empresa Marítima do Norte., Lda., Porto, na qual a Companhia Colonial de Navegação, Lisboa, possuía interesses, tendo sido registado de SANTO ANTÓNIO, tendo entrado a barra com esse nome, contudo de saída já ostentava o nome de PÁDUA, tendo sido colocado na linha do norte da Europa. Aqui no Douro/Leixões, o PÁDUA era mais identificado de "Corcunda", por ter o casario à ré.
A 27/10/1943, o vapor PÁDUA navegava em pleno Mediterrâneo, na sua 19ª viagem com destino a Marselha, fazendo a aproximação àquele porto, quando a 22 milhas, sem que nada o previsse, subitamente foi sentida uma enorme explosão à popa, que se supôs ter sido devida ao choque com alguma mina à deriva, dando origem ao seu afundamento.
De uma equipagem de 21 homens, seis homens pereceram no naufrágio, tendo os 17 sobreviventes sido salvos nas duas baleeiras do próprio vapor, os quais remaram na direcção do porto de Marselha, e mais tarde foram auxiliados pelo barco de pesca Francês LES QUATRE FRÉRES, cujo mestre os fez chegar ao pequeno porto pesqueiro de Sausset-les-Pins da “Cote d’Azur”, onde a população lhes prodigalizou toda a assistência. Os tripulantes foram depois conduzidos a Marselha, que distava 36km daquele centro piscatório, onde algum tempo mais tarde embarcaram no vapor Português LOBITO da Companhia Colonial de Navegação, que os trouxe para Lisboa.
Aquele vapor encontrava-se ao serviço da Cruz Vermelha Internacional no transporte de socorros, encomendas e correspondência para as vitimas e prisioneiros de guerra, juntamente com os vapores Portugueses AMBRIZ, COSTEIRO, TAGUS e ZÉ MANÉL. O primeiro realizara em Setembro de 1942, sem ter sofrido qualquer percalço, a sua 100ª viagem através do Mediterrâneo ao serviço daquela benemérita associação.
Fontes: José Fernandes Amaro Júnior; Crónica dos Navios da Marinha Portuguesa, (Anais do Club militar Naval), Cdt. Carlos Amorim; Lloyd´s Register of Shipping.
(continua)
Rui Amaro

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