quarta-feira, 16 de novembro de 2011

SUBSIDIOS PARA A HISTÓRIA DA CORPORAÇÃO DE PILOTOS DA BARRA DO DOURO E PORTO ARTIFICIAL DE LEIXÕES – Episódio 203

RECORDANDO A CERIMÓNIA DO BOTA-ABAIXO DO REBOCADOR DOS PILOTOS "COMANDANTE AFONSO DE CARVALHO"

 
O Rebocador COMANDANTE AFONSO DE CARVALHO da Corporação de Pilotos da Barra do Douro e do Porto Artificial de Leixões amarrado à bóia na Bacia do porto de Leixões em 1938 / (c) Foto da referida Corporação /.

A 19/11/1938, os pilotos da barra do Douro e porto artificial de Leixões e seu pessoal auxiliar viram-se rodeados de pessoas de alta representação social, que com eles comungaram na alegria, que sentiam por verem a missão da sua corporação facilitada pelo facto de haver sido dotada com uma moderníssima e bem apetrechada unidade, um rebocador, que lhes viria a facilitar as suas lides de abordagem no embarque e desembarque das embarcações, que necessitam de escalar os portos do Douro e Leixões, sobretudo em ocasiões de mau tempo.
Às 14h00, nos estaleiros de António Gomes Martins, vulgo Estaleiros do Ouro, sedeado na freguesia de Lordelo do Ouro, na cidade do Porto, a cerimonia do «bota-abaixo» daquela embarcação, cuja construção, como fora noticiado, terminara há dias. Ali compareceram os srs. comadantes Afonso de Carvalho, chefe do Departamento Maritimo; capitão-tenente João Vaz Monteiro, comandante da canhoneira NRP DIU; primeiro-tenente Andrade e Silva, comandante da canhoneira NRP ZAIRE; primeiro-tenente engenheiro naval Carneiro Geraldes, primeiro-tenente António Bernardino Moreira, patrão-mór; segundos-tenentes Sousa e Brandão, do Departamento Maritimo; coronel Lauro Moreira, inspector dos incêndios, de Matosinhos; capitães Manuel Cruz, comandante da Guarda-fiscal; Eduardo Romero, presidente da Associação dos Armadores de Navegação; Gonçalo Guilhomil, delegado do Instituto de Socorros a Náufragos, etc.
De Lisboa, como representação da respectiva Corporação de Pilotos, estavam presentes os srs. José Almeida Florêncio, piloto-mór; Augusto António Martins, sota-piloto-mór; Joaquim Santos e José Pedro, pilotos. Um piquete dos B. V. de Matosinhos-Leça, fazia a guarda de honra.
A nova embarcação que foi baptizada com o nome de COMANDANTE AFONSO DE CARVALHO, estava na carreira, embandeirada em arco. A meio do rio via-se fundeada a canhoneira NRP ZAIRE, que pouco antes, vinda do mar, demandara a barra, após o seu serviço de fiscalização das pescas.
Pouco depois das 14h00 o sr. Paulino Soares, piloto-mór, convidou a esposa do sr. Comandante Afonso de Carvalho a proceder á cerimónia do baptismo, e minutos decorridos a nova embarcação de pilotagem deslizava na carreira e entrava nas águas do Douro, entre grandes manifestações de regozijo. Após aquela cerimónia, os convidados seguiram para a sede da Corporação de Pilotos, na Cantareira, onde ia realizar-se a homenagem, aos Srs. comandantes Afonso de Carvalho e A. Coucêlo. No gabinete da direcção, o sota-piloto-mór José Fernandes Tato, em nome da corporação dos pilotos, saudou as entidades presentes e os colegas de Lisboa, após o que pôs em evidência a importância que para a corporação local tinha a embarcação que havia sido lançada à água.
Mais adiante, aludiu á vida dos elementos da corporação, para fazer também referências à situação da sua Caixa de Pensões.
Em riscos de não poder cumprir os seus objectivos, foi o snr. comandante Coucêlo - disse - quem solucionou o problema a contento de todos. Lembrou a necessidade de ser criada uma Caixa de Reformas, e terminou por convidar a Sra. de Afonso de Carvalho a descerrar os retratos de seu marido e do snr. comandante Coucêlo, cerimónia que foi coroada por uma prolongada salva de palmas.

O sr. comandante Afonso de Carvalho corta o cabo que sustinha a nova embarcação dos pilotos / jornal O Século /.

O sr. comandante Afonso de Carvalho agradeceu, a seguir, a homenagem,  e manifestou a sua satisfação por ver melhorada
A situação da Corporação dos Pilotos, cuja missão enalteceu. Elogiou também, a Corporação dos Pilotos de Lisboa, com a qual viveu três anos, e, por fim, apresentou as suas despedidas, visto ter sido nomeado para comandar o aviso de 1ª classe NRP AFONSO DE ALBUQUERQUE, cargo que, então iria ocupar dentro de dias.
Por último, usou da palavra o sr. comandante do porto de Leixões.
Seguiu-se um «copo de água», durante o qual, brindaram, o sota-piloto-mor José Fernandes Tato, comandante Afonso de Carvalho e comandante A. Coucêlo, após o que os convidados foram visitar o nova casa da consulta, que acabara de ser construída no cais do Marégrafo, destinada a simplificar as operações de pilotagem, pois entre outros serviços que lhe eram destinados, servirá para estabelecer a comunicação rádio-telefónica com o rebocador COMADANTE AFONSO DE CARVALHO.
À noite, realizou-se na Foz do Douro, um jantar de confraternização dos pilotos, oferecido pela casa construtora do novo rebocador de pilotagem portuária.
Estiveram presentes, o patrão-mor do porto do Douro; o segundo tenente António Bernardino Moreira; piloto-mór de Lisboa, sr. José de Almeida Florêncio; sota-piloto-mór de Lisboa, Augusto Martins; José Pinto de Almeida, e Francisco Rodrigues Brandão, pilotos-mór reformados, ambos da corporação do Douro e Leixões; Paulino de Sousa Soares,  piloto-mór do Douro e Leixões; António ds Silva Pereira, sota-piloto-mór de Leixões; José Fernandes Tato, sota-piloto-mór do Douro, além de muitas outras pessoas, e como não poderia deixar de ser, todos os pilotos da barra dos portos do Douro e Leixões e os representantes dos seus colegas da barra do Tejo. Aos brindes, falaram vários oradores, que se referiram ao significado daquela festa e salientaram o espírito de solidariedade que deve unir todos os pilotos.
Foram saudados, o governo, e os srs. Presidentes da República e do Conselho de Ministros, Portugal e a Imprensa.


COMANDANTE AFONSO DE CARVALHO, 24,35m/ 93,05tb, construído em madeira pelos Estaleiros do Ouro, António Gomes Martins & Fos., Lda., que serviu muito pouco ou mesmo nada as tarefas de pilotagem. No entanto, entre outros, a 15/02/1941 colaborou no desencalhe do paquete Brasileiro CUYABÁ, 125m/6.489tb, na Bacia do porto de Leixões e em algumas tarefas de rebocagem do tráfego local, tendo sido vendido em 1941 para a SAPEC, Setúbal, a fim de fazer face à difícil situação financeira da corporação, motivada pela falha de navegação, sobretudo estrangeira devido às consequências da guerra.
Fontes: José Fernandes Amaro Júnior; Jornal O Século; Lloyd's Register of Shipping.
(continua)
Rui Amaro

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