terça-feira, 21 de junho de 2011

SUBSIDIOS PARA A HISTÓRIA DA CORPORAÇÃO DE PILOTOS DA BARRA DO DOURO E PORTO ARTIFICIAL DE LEIXÕES – Episódio 181

O "ALFERRAREDE" UM VAPOR CHEIO DE ADVERSIDADES



 A 03/12/1935, a barra do Douro está a ter um movimento de embarcações desusado, atendendo às boas condições de mar, que se tem feito sentir e sendo assim, entre muitas embarcações, demandou a barra do Douro o vapor Português ALFERRAREDE, que desde alguns dias se encontrava fundeado na bacia do porto de Leixões, na situação de “embargado” pela capitania, pelo motivo de ainda não ter pago a multa, a que o seu capitão fora condenado, por ter demandando aquele porto sem a presença de piloto da barra, infringindo por tal motivo os regulamentos da pilotagem portuária. Esta questão, que ainda não ficara resolvida dado o agravo feito pela Sociedade Geral de Comércio, Indústria e Transportes, empresa armadora daquele vapor, deu motivo a grande discussão na classe marítima.
O vapor ALFERRAREDE para ser desembaraçado pela capitania do porto de Leixões, a fim de se dirigir ao rio Douro, teve de depositar uma caução naquela autoridade marítima por ordem da Direcção Geral da Marinha Mercante e não por ordem daquela capitania, que desde principio a não queria aceitar
Assim, o vapor ALFERRAREDE saiu do porto de Leixões e fez-se ao rio Douro, conduzido pelo piloto José Fernandes Amaro Júnior. Porém, quando aquele vapor, auxiliado pelo rebocador “VOUGA 1º”, passava junto do cais da Meia Laranja, local mais apertado da barra, devido ao areal do Cabedelo e a sua restinga estarem demasiado espraiados a norte. Assim, aquele vapor teve de se mover numa apertada curva para estibordo, a fim de ir safo das pedras do enrocamento do cais do Marégrafo, mas devido a um forte estoque de água desgovernou a bombordo mesmo com o rebocador a puxar para estibordo, não conseguiu obedecer ao leme, pelo que aquele piloto mandou largar o ferro de estibordo para aguentar a guinada e ordenou máquina de marcha à ré. Após algumas manobras com o rebocador sempre a puxar para sul, descativou a corrente do ferro, deixando-a por mão e seguiu para montante até amarrar junto da lingueta da Sociedade Geral, ao lugar do Monchique. Este vapor sempre foi de muito mau leme.
ALFERRAREDE - 73,91m/ 1.452tb/ 10 nós, foi lançado à água em 22/04/1905 pelo estaleiro Joh. C. Tecklemborg A. G., Geestemunde, por encomenda do armador Dampfs. Ges. Neptun, Bremen., que lhe deu o nome de PLUTO e o colocou no tráfego da península Ibérica. Em 1914, no início do conflito na Europa, foi internado no porto de Lisboa, tendo sido requisitado pelo governo Português e, consequentemente apresado em 24/02/1916, afim de fazer face à falta de transportes para abastecimento do país. A sua primeira tarefa, sob bandeira Portuguesa, foi ao serviço da marinha de guerra como navio lança-minas sob o nome de NRP SADO e em 1919 passou a fazer parte da frota dos TME - Transportes Marítimos do Estado, Lisboa. Entre 1923 e 1925 esteve ao serviço de dois armadores Portugueses, sob administração dos agentes E. Pinto Basto & Ca., Lda., Lisboa, até ser adquirido em 1927 pela Soc. Geral de Comércio, Industria e Transportes, Lda, Lisboa, que o matriculou com o nome de ALFERRAREDE.
Além de servir vários tráfegos, realizou várias viagens à Terra Nova, a fim de transportar bacalhau para o Norte do país, através do porto do Douro, principalmente na década de 40 e numa dessas viagens, encontrou e recolheu os sobreviventes do petroleiro Holandês LUCRECIA, torpedeado e afundado a 07/07/1940 pelo submarino alemão U-34, a cerca de 100 milhas para Oeste de Land’s End, Sudoeste de Inglaterra, quando em viagem das Antilhas Holandesas para o porto de Falmouth.
Em meados da década de 50 o ALFERRAREDE, devido a um forte ciclone, garrou e encalhou na praia de Algés, tendo sido safo com o auxílio dos salvadegos Portugueses PRAIA DA ADRAGA e D. LUIS, no dia seguinte. De véspera o PRAIA DA ADRAGA do armador do vapor sinistrado e o COMANDANTE PEDRO RODRIGUES, vapor dos pilotos da barra do Tejo, fizeram várias tentativas de desencalhe, porém a amarreta do último quebrou.
O ALFERRAREDE foi adquirido em 1961 pela armador Sofamar – Sociedade de Fainas de Mar e Rio, Lisboa, tendo o seu nome sido alterado para JOÃO DIOGO (1), que o colocou no tráfego costeiro nacional, transportando produtos siderúrgicos, desde as instalações da Siderurgia, Seixal, para o porto de Leixões e no regresso minério de ferro. Em 1963 em viagem do porto de Leixões para o rio Tejo, devido ao denso nevoeiro, encalhou ao norte de Peniche, tendo sido considerado perda total.
Fontes: José Fernandes Amaro Júnior, Lloyd's Register of Shipping, Dampfs. Ges. Neptun, Bremen; Imagem: Autor desconhecido – Navios Mercantes Portugueses.
(continua)
Rui Amaro

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