segunda-feira, 13 de dezembro de 2010

SUBSIDIOS PARA A HISTÓRIA DA CORPORAÇÃO DE PILOTOS DA BARRA DO DOURO E PORTO ARTIFICIAL DE LEIXÕES – Episódio 130



O VAPOR FRANCÊS "MARGAUX" ENCALHA QUANDO DE LARGADA DEMANDAVA A BARRA




A 09/11/1933, pelas 07h00, descia o rio Douro em direcção à barra, o vapor Francês MARGAUX, piloto Francisco Soares de Melo, contudo devido ao denso nevoeiro, que lhe surgiu pela proa, foi encalhar num baixio de areia existente no lugar da Ínsua do Ouro. Aquele piloto tentou safar o vapor de marcha à ré, tendo os seus esforços sido frustados.

Da Cantareira acorreram os pilotos da barra com algumas lanchas, que trataram de espiar ancorotes para evitar o deslocamento do vapor pela força da vazante, para local mais crítico e ficou aguardar a preia-mar da noite, a fim de se iniciar novas tentativas de desencalhe. Os trabalhos foram reiniciados às 19h00 com o auxilio do rebocador LUSITÂNIA, que pegou à proa do vapor sinistrado, puxando-o até às 19h30, conseguindo então desencalhá-lo e seguindo depois para a barra assistido pelo mesmo rebocador. Ás 20h15 desembarcou o piloto e sem mais novidade rumou ao seu porto de destino. Os trabalhos de desencalhe foram orientados pelo sota-piloto-mor António Joaquim de Matos e pelo patrão-mor da capitania, coadjuvados por alguns pilotos da barra e seu pessoal assalariado.

O vapor MARGAUX, 78m/ 1.463tb/ 12nós, que foi construído em 1912 pelo estaleiro Atelliers & Chantiers de France, Dunquerque, para o armador Worms & Cie, Nantes, encontrava-se ao serviço da Société Anonyme des Chargeurs de l’Ouest, Nantes, efectuando o tráfego entre os portos de Nantes, Porto, Lisboa e portos Marroquinos.

Na noite de 11/11/1917, em plena guerra de 1914/18, ido do porto de Boulogne-sur-Mer navegava de rumo ao porto de Southampton, porém em sentido oposto e saído daquele porto Britânico em rota para o referido porto Francês, transportando um enorme carregamento de munições, urgentemente requisitadas pelas forças expedicionárias Britânicas estacionadas em território continental, navegava o vapor Inglês BASIL, 103m/3.223tb, pertencente ao armador The Booth Steamship Co. Ltd., (Booth Line), Liverpool, foi este último abalroado pelo MARGAUX, resultando daí o seu afundamento.

http://www.bevs.org/diving/wkbasil.htm

A colisão foi tão violenta, mais parecendo um ataque de torpedo, que o BASIL submergiu em poucos minutos levando consigo treze vidas, que faziam parte da sua tripulação. A razão da colisão foi devido a ambas embarcações, afim de evitar o campo de submarinos inimigos de Owers Light, navegarem com alguma marcha em zig-zag e de faróis apagados, não se apercebendo da aproximação uma da outra. O MARGAUX, após ter recolhido os sobreviventes e com a proa bastante danificada fez rumo ao porto de Southampton. O MARGAUX, que sobreviveu às duas guerras mundiais, foi vendido em 1950 à Sté Anonyme de Chalandage et de Remorquage de l’Indochine, alterando o nome para REGULUS, perdendo-se por naufrágio em 13/06/1951 no Trident Reef, 2mn a norte da baía de Apawan, Filipinas.

Fontes: José Fernandes Amaro Júnior, Miramar Ship Index, Shonas Wreck - S/S BASIL, Diver Net.

(continua)

Rui Amaro

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