domingo, 21 de novembro de 2010

SUBSIDIOS PARA A HISTÓRIA DA CORPORAÇÃO DE PILOTOS DA BARRA DO DOURO E PORTO ARTIFICIAL DE LEIXÕES – Episódio 114

A BARCA DE RECREIO INGLESA “FANTOME II” VISITOU LEIXÕES



A 25/05/1933, pelas 07h30, entrou pela primeira vez no porto de Leixões o lorde* Inglês FANTOME II, 58m/534tb, que armava em barca de três mastros de motor auxiliar, e que procedia do porto de Lisboa, destinando-se ao porto de Santander em viagem de cruzeiro do seu proprietário, Lord A. E. Guiness. Piloto de entrada Alfredo Pereira Franco coadjuvado pelo seu colega José Fernandes Amaro Júnior e de saída Joaquim Matias Alves e Alfredo Pereira Franco.
A FANTOME II foi construída em 1896 pelos estaleiros Dubigeon, Nantes, sob encomenda do armador francês Denis Crouan et Fils, que a baptizou com o nome de BELEM em homenagem à cidade de Belém do Pará e durante dezoito anos arvorou pavilhão tricolor, estabelecendo o tráfego com a costa leste da América do Sul e Martinica. Em 1914 após servir vários armadores Franceses, foi adquirida pelo Duque de Westminster, passando a ostentar pavilhão Inglês, tendo sido adaptada a navio de recreio de luxo, passando a primeira guerra mundial nos estaleiros de Gosport, tendo sido equipada com dois motores auxiliares e de 1919 a 1921 visitou vários portos do Mediterrâneo em cruzeiros privados.
Em 1921 foi vendida ao Rei da Cerveja, Lord A. E. Guiness, que a rebaptizou de FANTOME II, tendo realizado algumas viagens à volta do mundo, contudo em 1939, devido ao inicio da segunda conflagração mundial, foi desarmada e encostada no porto de Cowes, Ilha de Wight. No entanto em 1951 foi adquirida pelo Conde Vittorio Cini, que a entregou à Fundazioni Cini de Veneza, tendo sido transformada em navio escola para órfãos de mar, realizando viagens de treino no Adriático e em 1965 amarrou por falta de financiamento. Comprada pela polícia italiana, Carabinieri, a fim de ser adaptada como escola fixa flutuante em San Giorgio, conquanto não tendo sucesso a iniciativa, foi anunciada a sua venda pelo Estaleiro Naval de Veneza.
Em 1979 foi adquirida, através de mecenato, pela Les Caísses d’Epargne com a colaboração da Marinha Nacional Francesa e adaptada a navio escola de treino de mar, retomou o seu primitivo nome de BELEM. Porém, em 1982 subiu o rio Sena e ficou amarrada junto da cidade de Paris até 1985, altura em que foi restaurada e de regresso ao mar realiza em 1986 uma viagem a Nova Iorque, a fim de representar a França no centenário de Estátua da Liberdade, além disso tem efectuado vários cruzeiros de treino de mar levando jovens estudantes, e tem representado a França nas grandes manifestações marítimas internacionais sob a gestão da La Fondation Belém, e já mais recentemente esteve em Leixões.
* Lorde – nome dado, ainda mesmo no passado recente, aos iates de recreio ou de desporto, que normalmente eram propriedade de grandes Senhores ou ricaços, e uma vez que naquele tempo não estavam equipados com os meios técnicos de navegação, nomeadamente GPS, como actualmente, essas embarcações demandavam os portos sob a orientação de piloto da barra embarcado.
Fontes: José Fernandes Amaro Júnior; Internet; Imprensa Diári
(continua)
Rui Amaro


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