terça-feira, 12 de janeiro de 2010

SUBSIDIOS PARA A HISTÓRIA DA CORPORAÇÃO DE PILOTOS DA BARRA DO DOURO E PORTO ARTIFICIAL DE LEIXÕES – Episódio 38


CHEIA NO RIO DOURO – CAMBAR VAPORES PARA ANCORADOUROS MAIS SEGUROS A JUSANTE


FIDALGO / desenho de José Fernandes Amaro Júnior /.


A 01.02.1930, pelas 13h00, dia de mau tempo e cheia no rio, o capitão do porto chamou os pilotos da barra para tratarem de cambar para ancoradouros mais seguros a jusante ou em último caso para reforçarem as amarras das várias embarcações surtas no rio Douro, entre as quais os vapores Noruegueses FIDALGO, BRO, SADO e AQUILA; Islandês VESTRI e o Inglês ESTRELLANO, amarrados nas Ribeiras do Porto e de Gaia.

Ao piloto José Fernandes Amaro Júnior calha-lhe o vapor FIDALGO de 74m/1.124tb, amarrado no lugar dos Vanzelleres. Chegado a bordo, trata de chamar o rebocador LUSITÂNIA para pegar à proa mas o seu mestre hesita em estabelecer o reboque, receoso de fazer perigar o seu próprio rebocador, não vá meter a borda debaixo de água e afundar-se, devido à forte corrente do rio e às dimensões daquele vapor, que manobrará arriado de popa até ao lugar do cais do Cavaco, diante de Massarelos.

Aquele piloto inicia a manobra de arriar o FIDALGO de popa sem rebocador mas tendo a ajuda dos ferros suspensos, com muito pouca amarra, a roçar pelo fundo. Então, o mestre do rebocador LUSITÂNIA, um dos melhores rebocadores a operar nos portos do Douro e Leixões, decide-se por pegar à proa.


VESTRI, visto nesta foto como NORDLAND (Dinamarquês) / copyright - cortesia do Danish Maritime Museum - Elsinore /.


O vapor desce o rio de popa, evitando a penedia das Lobeiras de Gaia e o banco de areia da Porta Nova, manobrando por vezes avante, conforme as necessidades e o rebocador a aguentar para bombordo para o vapor não topar na dita penedia. Assim, segue rio abaixo até às 17h30 dar fundo a dois ferros à proa, com bastante amarra e ancorotes dos pilotos espiados ao lançante pela popa, além de cabos suficientes passados para terra, a fim de suportar a cheia, que irá durar alguns dias. O FIDALGO ficou amarrado por fora da laita PORTUENSE, no dito lugar do cais do Cavaco, tendo aquele piloto dado por concluído o serviço de mudança às 18h30.

Além do FIDALGO, apenas o VESTRI, piloto António Gonçalves dos Reis, também auxiliado por um rebocador, conseguiu alcançar o ancoradouro do cais do Cavaco e todos os outros já não tiveram hipótese de manobrar, visto os seus ferros encontrarem-se enrascados ou assoreados, pelo que tiveram de reforçar as amarrações, cujo serviço foi orientado pelo piloto José Pinto Ribeiro, coadjuvado mais tarde pelos dois pilotos acima mencionados e com a colaboração das lanchas e catraias dos pilotos.

FIDALGO – 74m/1.124tb; 04/1918 entregue pelo estaleiro Trondheim Mekaniske Vaerksted, Trondheim, ao armador A/S Fido, Mathias Hansen, Kristiansand; 1938 BUST, Skibs A/S Orient;

26/05/1951 BUST, naufragou perto de Chusan Island devido a pirataria

.

http://www.sjohistorie.no/portal/skip/f/fidalgo_1?distrikt=kristiansand


VESTRI – 64,61m/924tb; 10/1891 entregue por J. Laing, Suderland, como TITAN à KNSM, Amesterdão; 08/1922 NORDLAND, Dampschiffs Rederei Nordica AG, Hamburgo; 1924 NORDLAND, T. E. Tulinius, Copenhaga; 1928 VESTRI, H/F Eimskipaflag Vesterlunds, J. Havstein, gestores, Flateyri, Islandia.; 1934 chegava a Stavanger para demolição.
Fontes: José Fernandes Amaro Júnior; Miramar Ship Index

(continua)

Rui Amaro

Sem comentários: