quarta-feira, 4 de maio de 2011

SUBSIDIOS PARA A HISTÓRIA DA CORPORAÇÃO DE PILOTOS DA BARRA DO DOURO E PORTO ARTIFICIAL DE LEIXÕES – Episódio 175

A FROTA BACALHOEIRA PORTUENSE PREPARA-SE E RUMA AOS PESQUEIROS DOS GRANDES BANCOS DA TERRA NOVA E GROENLÃNDIA


Lugres bacalhoeiros em Massarelos, rio Douro, distinguindo-se o MARIA CARLOTA pintado de cor branca /foto de autor desconhecido - colecção F. Cabral, Porto/.

 Nos meses de Abril e Maio de 1935, os lugres bacalhoeiros à vela ou com motor auxiliar da praça do Porto ou de outros portos de registo, que estiveram a hibernar e a sofrer beneficiações com vista à campanha do ano de 1935, começaram a largar do rio Douro com rumo aos grandes bancos da Terra Nova e Groenlândia, aproveitando as nortadas frescas, que se faziam sentir ao largo da barra do Douro, e próprias daquela época do ano.
A 27/04 saiu o MARIA CARLOTA, 42m/230tb, piloto José Fernandes Amaro Júnior. A 01/05 foi de saída o PALMIRINHA, 38m/269tb, conduzido pelo mesmo piloto e na sua popa ia o PAÇOS DE BRANDÃO, 39m/187tb, piloto Hermínio Gonçalves dos Reis. Este último navio foi um dos dois derradeiros puros lugres à vela da conhecida e famosa “Portuguese White Fleet”, que terminou os seus dias na década de 50 do século XX, no fundo dos mares da Terra Nova. O outro foi o elegante ANA MARIA, 51m/271tb, do Porto. ex ARGUS, da Parceria Geral de Pescarias, de Lisboa, construído no ano de 1873, pelos estaleiros de Dundee/Escócia, também com o nome de ARGUS.        
A 28/05, o NAVEGADOR, 44m/283tb, foi fazer experiências de máquina e regular agulhas, tendo saído a barra e regressado mais tarde, amarrando no quadro dos navios bacalhoeiros, em Massarelos, sob a orientação do piloto José Fernandes Amaro Júnior. Este navio, alguns anos mais tarde, foi adquirido por Augusto Fernandes Bagão e Outros, Aveiro, que o registou com o nome de MARIA ONDINA, nome de uma das sócias, e o colocou no tráfego comercial.
A 16/04/1946, pelas 15h00, o MARIA ONDINA, 48m/388tb, perdeu-se por encalhe na restinga do Cabedelo da barra do Douro, devido ao seu pouco andamento mas sobretudo a águas de ronhenta. A tripulação e o piloto da barra Jaime Martins da Silva foram salvos a muito custo pela lancha dos pilotos P4 timonada pelo seu mestre Eusébio Fernandes Amaro, excepto o capitão e o piloto, que mais tarde saltaram para a água e foram recolhidos pelo salva-vidas da Afurada sob as ordens do seu patrão Maximino, que a remos se aproximara do lugre. O salva-vidas foi de imediato rebocado pela dita lancha dos pilotos para a Cantareira, onde foi prestada toda a assistência aos náufragos.
A 31/05 é a vez do PATRIOTISMO, conduzido pelo mesmo piloto do NAVEGADOR, efectuar experiências de máquina e regular agulhas. Largou de Massarelos, foi atracar à prancha da Shell, na Arrábida, e depois de abastecido de gasóçeo saiu a barra e concluída as experiências, regressou ao rio e foi amarrar no quadro de Massarelos. Estes dois últimos lugres bacalhoeiros rumaram aos mares gelados do Noroeste do Atlântico, dois dias mais tarde.
Fonte: José Fernandes Amaro Júnior.
(continua)
Rui Amaro

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