terça-feira, 20 de julho de 2010

SUBSIDIOS PARA A HISTÓRIA DA CORPORAÇÃO DE PILOTOS DA BARRA DO DOURO E PORTO ARTIFICIAL DE LEIXÕES – Episódio 82


TRÊS TRAINEIRAS SOFREM ACIDENTE NA BARRA E UMA DELAS ACABA POR SE AFUNDAR


Traineiras amarradas junto do centro piscatório da Afurada, estuário do Douro, década de 30


A 23/10/1931, pelas 10h00, entrava a barra do Douro a traineira NOSSA SENHORA DA CONCEIÇÃO 1º, todavia no momento de manobrar para recuperar uma bateira, que vinha a reboque e se soltou, um dos gualdropes do leme partiu-se, fazendo-a desgovernar. Como o vento do quadrante Sul fosse bastante forte e a ondulação estivesse agitada, aquela traineira foi impelida contra o enrocamento do cais Velho, junto da penedia da Forcada, arrombando e submergindo em menos de dez minutos.

A tripulação, prevendo o perigo iminente, fez soar a sirene de bordo com vários toques de pedido de socorro, a que correspondeu o rebocador LUSITÂNIA, que se encontrava fundeado junto da bóia dos Arribadouros e que de imediato seguiu para o local do naufrágio, passando um cabo à bateira e à chalandra, nas quais se acolheram os nove homens da equipagem daquela traineira, que foram conduzidos para terra. Ao local do sinistro acorreram também duas lanchas dos pilotos, o salva-vidas GONÇALO DIAS da praia da Afurada e o CARVALHO ARAÚJO, este vindo, apressadamente do porto de Leixões.

A 26/10/1931, pelas 08h00, a traineira SENHORA DA GUIA 2ª demandava a barra do Douro e como fosse impotente para vencer a forte corrente de vazante, acabou por ir de encontro ao enrocamento do paredão da Meia Laranja, correndo sério risco de arrombar e consequentemente se afundar.

Verificando a critica situação da traineira, o piloto-mor Francisco Rodrigues Brandão ordenou a ida da lancha de pilotar P4 para o local e passado um cabo de reboque, auxiliou-a a desviar-se das pedras. Porém, não tendo sido o suficiente para a traineira vencer a forte corrente, foi estabelecido um cabo para terra, o qual foi puxado à sirga pelos inúmeros populares, que no cais presenciavam as manobras e que, voluntariamente deram a sua prestimosa colaboração, auxiliando aquela traineira a vencer a força da vazante e a seguir para montante sem mais percalços.

Pouco antes do incidente com a traineira SENHORA DA GUIA 2ª, uma outra traineira esteve quase encalhada nas pedras do cais do Touro, também devido à forte corrente, todavia com as manobras, diligentemente executadas, seguiu rio acima sem mais percalços.

Fontes: José Fernandes Amaro Júnior.

(continua)

Rui Amaro



Sem comentários: