quarta-feira, 7 de abril de 2010

SUBSIDIOS PARA A HISTÓRIA DA CORPORAÇÃO DE PILOTOS DA BARRA DO DOURO E PORTO ARTIFICIAL DE LEIXÕES – Episódio 57


ENTRADA NEGADA AO VAPOR ALEMÃO “ARION” DEVIDO AO SEU CALADO DE ÁGUA E ALGUMA ONDULAÇÃO NA BARRA



O vapor Alemão ARION no porto de Bremen - (c) 100 Jahare DG Neptun, Bremen / colecção F. Cabral /.


A 29/01/1931, pelas 08h00, o piloto José Fernandes Amaro Júnior e o praticante António Duarte, frente ao lugar de Carreiros, saltaram da lancha de pilotar para bordo do vapor Alemão ARION, pertencente à companhia Neptun Dampfs. Ges., Bremen. Aquele vapor procedente de Bremen e Antuérpia, calava 17,9 pés e aguardava entrada na barra do Douro. Como aquele calado se tornasse duvidoso, devido à ondulação, que dificultava uma observação mais rigorosa, o cabo-piloto Alexandre Cardoso Meireles ordenou ao piloto para ir à bacia do porto de Leixões ratificar o calado de água. Confirmado 17,6 pés à proa e 17,9 à popa pelo cabo-piloto Paulino Pereira da Silva Soares, a bordo da lancha P3, o ARION saiu do porto de Leixões, indo dar fundo junto da barra à espera da preia-mar e do sinal de entrada, não deixando de assinalar para terra, através de toques da sua sirene, o seu calado de água máximo.

O piloto José Fernandes Amaro Júnior constatando, que a hora da maré já tinha passado e com os binóculos reparou no corso da vazante já perto da Meia Laranja, além de vislumbrar o piloto-mor Francisco Rodrigues Brandão a ausentar-se de junto da escala de marés do cais do Relógio a caminho da Corporação. Fácil foi concordar da impossibilidade de entrada e como tal deu conhecimento disso ao comandante e ao seu colega. Em face da situação suspendeu o ferro e foi fundear mais ao largo em franquia, marca do Norte ou seja farol da Boa Nova por terra do farol do Molhe Sul e a Leste, marca nova das Três Orelhas por Sul da marca do Anjo e assim permaneceram os dois pilotos a bordo até o vapor ter demandado a barra do Douro passados três dias, ou seja a 31 de Janeiro, pelas 12h40, indo amarrar no lugar do quadro da Alfândega, prolongado com outro vapor.

ARION, IMO 5518221, 90m/2.297tb; 09/1927 entregue pelo estaleiro Deschimag Werk AG Weser, Bremen, á DG Neptun, Bremen, que o colocou no serviço Ibérico; 1929 reconstruído; 1940 ao serviço da “Kriegsmarine”; 1940 entregue ao seu armador; 11/05/1945 bombardeado pela Força Aérea Aliada no rio Elba, sofrendo graves avarias; 1947 parcialmente recuperado; 1950 reparado e reconstruído como “combi ship” (motor e máquina a vapor);, tendo sido alongado para 96,7m/3.156tb, apresentando um novo perfil, retomando o serviço de Portugal e Espanha; 1957 motor removido; 1960 KARL RAGNAR, Lovisa Rederi (gestores A/B R. Nordstrom OY), Lovisa, Finlândia; 03/07/1961 chegava a Hamburgo para desmantelamento; Gémeo APOLLO.

Fontes: The Ships list, 100 Jahre DG Neptun - Bremen, Miramar Ship Index.

(continua)

Rui Amaro

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