sexta-feira, 26 de fevereiro de 2010

SUBSIDIOS PARA A HISTÓRIA DA CORPORAÇÃO DE PILOTOS DA BARRA DO DOURO E PORTO ARTIFICIAL DE LEIXÕES – Episódio 51


O VAPOR ALEMÃO “LIPARI” ENTROU PELA PRIMEIRA VEZ NO PORTO DE LEIXÕES



O vapor Holandês ORION /(c) KNSM /.


A 24/11/1930, pelas 16h35, entrou pela primeira vez no porto de Leixões o novo vapor Alemão LIPARI, pertencente à frota do armador Robert Sloman Jr., Hamburgo, representado na cidade do Porto pela firma consignatária W. Stuve & Cia., o qual procedia do porto de Hamburgo e veio receber uma partida de carga diversa para vários portos do Mediterrâneo. A manobra de entrada foi conduzida pelo piloto José Fernandes Amaro Júnior, que o fez fundear ao Sul a dois ferros e a manobra de saída foi da responsabilidade do piloto José Fernandes Tato, acompanhado do piloto-praticante António Melo.

A 11/11/1958, de madrugada, o vapor LIPARI então já como Holandês ORION foi protagonista do salvamento do vapor Espanhol CASTILLO BUTRON, que navegava do porto de Safi para o de Gijon com um carregamento completo de fosfatos, o qual com água aberta fora abandonado pela sua tripulação, devido ao receio de explosão das caldeiras, tendo aquela sido recolhida pelo vapor Holandês, que tomando de reboque o vapor abandonado, o conduziu ao porto de Leixões, tendo ambos fundeado nas imediações cerca das 06h00, aguardando prático e autorização de entrada das autoridades marítimo-portuárias.

Pelas 09h00 os dois vapores demandaram aquele porto, tendo o ORION, pelos seus próprios meios, fundeado na Bacia ao Sul, e o CASTILLO BUTRON trazendo alguma tripulação Holandesa, e assistido pelo rebocador VANDOMA, foi fundear ao Norte da Bacia, junto do cais das Gruas na eventualidade de ser necessário vará-lo num pequeno areal, ali próximo, o que não se concretizou, porque com auxilio de moto-bombas, a água depositada a bordo foi escoada e a avaria consolidada.

O ORION que ficou de posse do vapor sinistrado, como salvado de alto-mar, por abandono da respectiva tripulação, cuja regulação viria a ser mais tarde realizada pelo Lloyd’s, saiu ao fim do dia para o porto de Amesterdão, e no que respeita ao CASTILLO BUTRON deixou o porto de Leixões passados três dias de rumo ao porto de Gijon. Resta acrescentar que os capitães de ambos os vapores apresentaram os respectivos protestos de mar na autoridade marítima local.



O CATILLO BUTRON fundeado na bacia do porto de Leixões depois de esgotada a água /Jornal de Noticias/.


ORION – 95,65m/1958tb/10 nós/2 passageiros/32 tripulantes; 08/11/1930 entregue pelo estaleiro Flensburger Schiffsbau GmbH, Flensburg, como LIPARI ao armador Rob. Sloman Jnr, Hamburgo; 1940 Internado em Malaga, Espanha, devido à eclosão da guerra; 24/07/1945 entregue à Grã-Bretanha como reparação de guerra; 24/07/1946 EMPIRE GARSTON, MoWT- Ministry of Transport, London (gestores Moss Hutchinson Line, Ltd.); 04/08/1946, cedido à Holanda como reparação de guerra; 30/08/1946 ARNHEM, governo Holandês, Den Hague; 05/06/1947 ORION, KNSM-Koniklijke Nederlandsche Stoomboot Mij., Amesterdão; 1948 propulsão convertida para óleos pesados; 08/03/1960 entrava em Antuérpia para desmantelamento.

O ORION escalava o porto de Leixões esporadicamente no seu regresso do Mediterrâneo a Amesterdão.

CASTILLO BUTRON – 84m/1.743tb/9nós; 12/1899 entregue pelo estaleiro A. Rodger & Co., Port Glasgow, como CITRINE A William Robertson (Shipowners), Glasgow; 1915 AVONTOWN, Harrison Sons; 1925 COPEMAN, G. A. Harrison et al; 1931 POMARON, I. W.B. Hitchin, (Strubin & Co., London, registo Estoniano; 1938 POMARON, foi apresado durante a guerra civil de Espanha por transportar contrabando bélico, passando a arvorar a bandeira nacional Espanhola e o nome alterado para BILBAO, governo nacionalista Espanhol;

1939 CASTILLO BUTRON, ENE- Empresa Nacional Elcano de la Marina Mercante, SA., Madrid; 1955 CASTILLO BUTRON, Vasco Cantábrica de Nav., Bilbao; 1959 RIO JILOCA, Vasco Cantábrica de Nav., Bilbao; 09/1963 entrava em Estaca de Bares, costa Cantábrica da Galiza, para desmantelamento em sucata.

Fontes: José Fernandes Amaro Júnior, Miramar Ship Index, Kroonvaarders, Jornal de Noticias.

(continua)

Rui Amaro

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