segunda-feira, 2 de agosto de 2010

SUBSIDIOS PARA A HISTÓRIA DA CORPORAÇÃO DE PILOTOS DA BARRA DO DOURO E PORTO ARTIFICIAL DE LEIXÕES – Episódio 86

OS VAPORES “ZÉ MANÉL” E “EUDORA” SOFREM INCIDENTES À ENTRADA DA BARRA.




A 14/11/1931, pelas 15h40, O vapor Português ZÉ MANÉL ao alcançar a bóia da barra do Douro, perdeu o governo devido a uma avaria na máquina do leme, pelo que o piloto Bento da Costa ordenou marcha à ré e largou o ferro de estibordo. O vapor obedeceu ao ferro e desandou de proa ao mar, e após reparada a avaria pelas 16h20, suspendeu e fez-se de novo à barra, cruzando-a sem qualquer outro percalço, seguindo para montante até amarrar no lugar do Monchique, junto do pião das barcas da Sociedade Geral, a dois ferros, cabos estabelecidos para a margem e ancorote dos pilotos para Sudoeste.

Nesse mesmo dia, além do ZÉ MANÉL, também entraram a barra os vapores Alemães AJAX, piloto Carlos de Sousa Lopes e o CEUTA, piloto Delfim Duarte; Norueguês SISS, piloto José Fernandes Tato; Dinamarquês ROBERT MAERSK, piloto Mário Francisco da Madalena; Inglês DEVONBRAE, piloto Manuel de Oliveira Alegre; lugre-motor bacalhoeiro Português SANTA ISABEL, piloto João Pinto de Carvalho, sem qualquer contrariedade. O vapor português SANTA IRENE não foi pilotado, pelo que ficou fora da barra a aguardar maré para o dia seguinte.

A 16/11/1931, pelas 16h05, entrava a barra do Douro o vapor Italiano EUDORA, porém ao alcançar o lugar da Forcada, foi de guinada às pedras do cais Velho, devido à forte corrente de cima, que então se fazia sentir, pelo que o piloto Bento da Costa mandou lançar o ferro de estibordo e máquina à ré, a fim de aguentar a estocada. Logo que endireitou ao canal, recolheu o ferro e seguiu rio cima sem mais novidade indo amarrar no lugar do Cavaco a dois ferros, cabos estabelecidos para terra e ancorote dos pilotos ao lançante para Noroeste.

ZÉ MANÉL – 67,76m/ 964tb/ 9 nós; 20/05/1921 lançado á água por Schiffswerft & Maschinenfabriek vorm. Janssen & Schmilinsk AG, Hanburgo, como MINNA, para H. Schuldt GmbH Co. KG; Hamburgo; 12/1921 entregue pelo mesmo estaleiro como ARGUS a Voge & Dacker, Flensburg; 1928 JOSÉ MANUEL, Sociedade Geral de Comércio Industria e Transportes, Lda. Lisboa; 22/01/1929 ZÉ MANÉL, Sociedade Geral de Comércio Industria e Transportes, Lda. Lisboa; 1966 JOÃO DIOGO (2), Sofamar – Soc. De Fainas de Mar e Rio, Sarl., Lisboa, convertido em batelão para o tráfego costeiro nacional. Subsequente história desconhecida.

EUDORA – 93m/2.263tb/9,5nós; 24/08/1895 entregue por Blohm Voss, Steinwerder, como KURT WOERMANN `Woermann Linie, Hamburgo; 1919 KURT WOERMANN, entregue ao Governo Francês como reparação de guerra; 1924 LAGOS, Woermann Linie, Hamburgo; 1927 EUDORA, Navigazione Neptunia, Génova; 1937 SIDAMO, Servizio Italo Portoghese SA. Di Navigazione, Génova; 27/03/1943 torpedeado e afundado pelo submarino HMS SAHIB na barra de Milazzo, Sicilia.

Fontes: José Fernandes Amaro Júnior; Miramar Ship Index; Navios Mercantes Portugueses.

Imagem de autor desconhecido / Navios Mercantes Portugueses

(continua)

Rui Amaro


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