A 11.01.1930, pelas 09h55, entrou pela primeira vez na barra do Douro, consignado aos agentes Kendall, Pinto Basto & Ca. Lda., Porto, o vapor Inglês HALCYON, piloto Carlos de Sousa Lopes, que procedia do porto de Londres com carga diversa e foi amarrar no lugar do Jones, junto à ponte D. Luís, margem de Gaia, a dois ferros, cabos para terra e ancorote dos pilotos pela popa ao Noroeste.
HALCYON (3) – 87m/1,580tb/13nós; 10/1921 entregue pelo estaleiro Ailsa Shipbuilding Co., Troon, ao armador General Steam Navigation Co., Ltd., Londres; 1934 ZAMALEK, Khedivial Mail Steamship Co, Alexandria; 05/11/1956 afundado no Suez para bloquear o canal.
Fontes: José Fernandes Amaro Júnior; Miramar Ship Index.
O VAPOR PORTUGUÊS “MALANGE” SOFRE UM ACIDENTE Á ENTRADA DO PORTO DE LEIXÕES
O MALANGE (2) larga do porto de Leixões, finais da década de 40 / (c) colecção F. Cabral /
A 09.01.1930, pelas 21h00, quando preparava a aterragem ao porto de Leixões, navegando no sentido Oeste/Leste, o vapor Português MALANGE, da Companhia Colonial de Navegação, Lisboa, incompreensivelmente foi embater com a parte exterior do molhe Norte, resultando sofrer um rombo na roda de proa e algumas chapas amolgadas no costado de estibordo. De imediato fez alguns toques de sirene, alertando as autoridades locais, contudo em terra não foi audível a sua presença, o que só ocorreu pelo alvor, após o MALANGE já se encontrar fundeado ao largo da costa, indo então para bordo, nessa altura, o piloto Manuel Pinto da Costa, a fim de lhe dar entrada. Aquele vapor procedia de Lisboa e Setúbal com carga diversa em trânsito, e era esperado no rio Douro, donde seguiria para portos do Norte da Europa.
MALANGE (2) – 95m/3.156tb/9,5 nós; 01/1905 entregue pelo estaleiro Neptun Werft AG, Rostock, como HORNFELS para o armador H.C. Horn, Schleswig; 1905 HORNFELS, Dampfs. Rhederei Horn AG, Lubeck; 1907 ALGIER, Robert M. Sloman Jr., Hamburgo; 1914 ALGIER, devido ao conflito de 1914/18 refugiou-se em Palermo, Sicilia; 1915 aprisionado pelo governo Italiano e o seu nome alterado para CARLO PISACANE; 1923 CARLO PISACANE, A. Zanchi, Genova; 1929 MALANGE, Companhia Colonial de Navegação, Lisboa; 1949 NURFAN, F. Zezen, Turquia; 04/1961 chegava a Split para desmantelamento.
O MALANGE durante a sua carreira com as cores da Companhia Colonial de Navegação, esteve afecto ao tráfego com os territórios Portugueses de África e com o serviço do Norte da Europa.
Fonte: José Fernandes Amaro Júnior; Miramar Ship Index; Horn Linie.
CHUVEIRO IMPREVISTO, UMA IDA EM BOM Á BARRA E O INCIDENTE COM O VAPOR NORUEGUÊS “REGAL”
Molhe do Farolim de Felgueiras /Imagem de Rui Amaro /.
A 27.12.1929, pelas 06h30, o piloto José Fernandes Amaro Júnior e o seu colega Joaquim Matias Alves, como em tantas outras ocasiões, dirigiram-se ao molhe do farolim de Felgueiras, no intuito de melhor avaliarem o jeito da corrente de água de cima e a ondulação na barra, porém já de regresso à corporação, o mar encrespou-se e os dois práticos foram surpreendidos por uma bátega de água caída sobre o paredão, ficando com as fardas um pouco encharcadas.
Em face do contratempo, foi cada um a sua casa trocar de roupa, pois tinham de ir para Leça da Palmeira, juntamente com mais dois colegas, a fim de embarcarem nos vapores, que na bacia aguardavam melhores condições de mar e maré para demandarem sem percalços a barra do Douro.
Vapores esses que vieram frente à barra do Douro e acabaram por não entrar devido ao piloto-mor Francisco Rodrigues Brandão e os seus subalternos considerarem que a ondulação recrudescera e como tal deixara de haver condições mínimas para um movimento marítimo sem incidentes, pelo que regressaram à bacia do porto de Leixões. Os quatro vapores eram os seguintes: Sueco NICKE, piloto José Fernandes Amaro Júnior; Norueguês DOURO, piloto Joaquim Matias Alves; Alemão ROLANDSECK, piloto Carlos de Sousa Lopes e o português IBO, piloto João António da Fonseca.
A 31.12.1929 o piloto José Fernandes Amaro Júnior registou, que no ano que então terminava efectuara 27 dias de 24 horas de serviço à corporação ou como se dizia ao “telefone”.
A 05.01.1930, pelas 16h25, demandava a barra do Douro o vapor Norueguês REGAL e quando alcançava o lugar denominado Forcada, meio do cais Velho, deu uma forte guinada a bombordo, pelo que o piloto José Pinto Ribeiro não perdendo tempo mandou lançar o ferro de estibordo e máquina toda força à ré. Após o vapor obedecer à manobra foi ao canal e virou o ferro, seguindo para montante até dar fundo a dois ferros, cabos estabelecidos para terra e ancorote à popa, pelo Noroeste, no lugar do cais do Cavaco.
Reformado da agência de navegação GARLAND, LAIDLEY / VESSELMAR (Administrativo e Caixeiro de mar) - PORTO.
Autor do livro "A BARRA DA MORTE - A FOZ DO RIO DOURO", cujo lançamento teve lugar a 14/04/2007 no estaleiro norte das obras da nova barra do rio Douro, à Foz do Douro - Porto