Bateiras no ancoradouro do centro piscatório da Afurada, estuário do Douro, década de 30 /(c) autor desconhecido - col. F. Cabral /.
A 19/08/1931, pelas 12h00, quando se fazia à barra do Douro, uma bateira da “mujiganga” do centro piscatório da Afurada, carregada até à borda de caranguejo pilado, que iria ser vendido a lavradores locais para fertilização das suas terras, e que devido a uma volta de mar mais violenta acabou por soçobrar, precipitando nas águas revoltas os seus cinco camaradas, que haviam saído de madrugada para fainar a uma milha e meia da costa, os quais foram socorridos por um barco fanequeiro que andava por perto e pela lancha dos pilotos P5, que de imediato largou do cais do Marégrafo para o local do sinistro, conduzindo os náufragos, a fim de serem assistidos e agasalhados em terra. De seguida aquela lancha foi de novo à barra, afim recuperar alguma palamenta e artes de pesca e rebocar a bateira, que foi varada na lingueta dos Pilotos, a fim de ser esgotada toda água e colocada na sua posição normal.
P5(1) - lancha de pilotos das amarrações no rio Douro e substituta para pilotagem - ancoradouro da Cantareira finais dos anos 40, que se perdeu na barra a 07/01/1974 levada pela vazante, por se ter partido a amarra, tendo sido substituida por uma nova lancha construida do mesmo projecto, também denominada P5(2). Note-se o dispositivo à proa para espiar os ferros da Corporação de Pilotos à popa dos navios. / (c) autor desconhecido - col. F. Cabral /.
“Mujiganga” – designação dada pelos pescadores da Afurada à pesca do caranguejo pilado, que era trabalhada por dezenas de bateiras, nomeadamente daquele centro piscatório, e recordo-me, isto até meados dos anos 50, que as bateiras ao passarem junto do cais Velho, forneciam caranguejo para isco aos pescadores lúdicos, que enxameavam aquele paredão, e estes em troca pagavam-lhes com dinheiro ou com sêmeas ou pão de milho (boroa).
Fonte: José Fernandes Amaro Júnior.
(continua)
Rui Amaro