sábado, 12 de fevereiro de 2011

SUBSIDIOS PARA A HISTÓRIA DA CORPORAÇÃO DE PILOTOS DA BARRA DO DOURO E PORTO ARTIFICIAL DE LEIXÕES – Episódio 150


O VAPOR PORTUGUÊS "CORTE REAL" DEMANDOU A BARRA DO DOURO NA SUA VIAGEM INAUGURAL



A 30/04/1934, pelas 13h00, o vapor Português CORTE REAL demandou o rio Douro pela primeira vez, indo amarrar no lugar do Quadro da Alfandega, conduzido pelo piloto Mário Francisco da Madalena. Aquela nova unidade da Marinha Mercante Nacional, agenciada na cidade do Porto pela firma David José de Pinho & Filhos, Lda, pertencia à Companhia de Navegação Carregadores Açoreanos, Ponta Delgada, vindo suprir a falta do malogrado vapor ANGRA naufragado no lugar de Lavadores, junto à praia do Cabedelo da barra do Douro, em 27/12/1933.

O CORTE REAL, 90m/2.044tb, fora construído e entregue em 06/1922 pelos estaleiros Holandeses A. Vuijk & Zonen em Capelle a/d Ysel, tomando o nome de PEURSEN, para o armador Holandês Stoomvaart Mij. Amesterdão, tendo sido registado a 03/04/1934 na capitania do porto de Ponta Delgada.

A 12/04/1941, pelas 16h45, aquele vapor de nacionalidade neutral, que navegava capitaneado pelo Cdt. José Narciso Marques Júnior, a cerca de oitenta milhas, na latitude do porto de Lisboa, em viagem deste último porto com escala pelo porto de Leixões e de rumo aos portos do Funchal, Ponta Delgada e Nova Iorque com carga diversa, foi torpedeado e afundado pelo submarino alemão U-83 do comando do Kapt. Leut. Hans Werner Kraus, tendo sido salva toda a sua tripulação num dos dois salva-vidas e no escaler de bordo, que foram rebocados pelo submarino cerca de 20mn, tendo então os náufragos remado para a costa, até que foram encontrados pelo cahique de pesca A DEUS, da Fuzeta, cujo mestre se prontificou a rebocar a balieira e o escaler para Cascais, contudo uma lancha da Corporação de Pilotos do Tejo, foi ao seu encontro, tendo trazido a reboque o cahique e as duas embarcações para Cascais, e de seguida subiu o Tejo, tendo desembarcado todos os náufragos em Lisboa a 14/10/1941.

http://en.wikipedia.org/wiki/German_submarine_U-83_(1940)

Fontes: José Fernandes Amaro Júnior; Lloyd's Register of Shipping; A. A. de Moraes.

Imagem: autor desconhecido - Colecção F. Cabral, Porto

(continua)

Rui Amaro

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quarta-feira, 9 de fevereiro de 2011

SUBSIDIOS PARA A HISTÓRIA DA CORPORAÇÃO DE PILOTOS DA BARRA DO DOURO E PORTO ARTIFICIAL DE LEIXÕES – Episódio 149

NAVIOS DE PESCA BELGAS NO DOURO E LEIXÕES COM AVARIAS DE MÁQUINA, TENDO UM DELES SIDO DETIDO PELA AUTORIDADE MARITIMA POR INFRINGIR AS REGRAS MARÍTIMO-PORTUÁRIAS


Navio-motor de pesca por arrasto Belga


A 28/04/1934, pelas 14h00, entraram no porto de Leixões os navios-motores de pesca Belgas HUBERTINE MADELEINE, VAN DER GIESSEN e MEMLINC, vindo este último a reboque do segundo, pelo motivo da rede se encontrar enrodilhada no seu hélice.

Quanto ao primeiro havia entrado na barra do Douro pelas 21h30 de 27, com avaria na máquina, sem a presença de piloto da barra a bordo, e subindo o rio acabou por fundear diante do lugar do Ouro, onde executou as necessárias reparações. A 28, pelas 09h00, deixou a barra do Douro, também sem orientação de piloto da barra, além de não ter sido desembaraçado pela autoridade marítima e aduaneira, pelo que infringiu os regulamentos portuários.

Dado o alarme, da sua fuga e das irregularidades delituosas, à capitania do porto do Douro pelo piloto de serviço à corporação, o Chefe do Departamento Marítimo do Norte fez sair do porto de Leixões, em sua perseguição, a lancha dos pilotos P1 levando a bordo o comandante e algumas praças da policia marítima e o NRP MANDOVY, canhoneira da fiscalização das pescas, que o conseguiram interceptar e deter, vindo depois para o porto de Leixões. Ficando sob vigilância daquela policia até o seu capitão ser presente ao tribunal marítimo.

O HUBERTINE MADELEINE abandonou o porto de Leixões às 17h45 de 03/05 com destino a Ostende, seu porto de armamento, após o seu capitão ter sido julgado, tendo-lhe sido aplicada a coima de três libras esterlinas e respectivos adicionais, que foram pagos de imediato, tendo então sido autorizada a sua saída do porto de Leixões.

Os arrastões de nacionalidade Belga dedicavam-se na costa Portuguesa, especialmente à pesca da raia, tendo alguns sido detidos pelas canhoneiras de fiscalização das pescas por terem sido surpreendidos a fainar em águas territoriais Portuguesas, pelo que os seus capitães eram presentes a tribunal marítimo na respectiva capitania, caso do ANCRE ESPERANCE e do IRENE RAFAEL.

Fonte: José Fernandes Amaro Júnior

(continua)

Rui Amaro

SUBSIDIOS PARA A HISTÓRIA DA CORPORAÇÃO DE PILOTOS DA BARRA DO DOURO E PORTO ARTIFICIAL DE LEIXÕES – Episódio 148

RECORDANDO A TRAGÉDIA DA TRAINEIRA DA PAREJA "LAURINDA" NA BARRA DO DOURO



A 15/04/1934, um domingo já de noite, acabavam de chegar diante da barra do Douro duas traineiras vindas do alto, após terem fainado pelo processo de arrasto de parelha ou pareja na pesca da pescada. Essas duas traineiras eram a SOARES DE ALMEIDA e a LAURINDA, que às 23h00 se fazem à barra embaladas por alguma agitação marítima mas também forçando a perigosa corrente da vazante, que já ia no seu máximo e águas de cheia com bastante escarcéu.

A primeira a cruzar a barra foi a SOARES DE ALMEIDA, que devido ao escarcéu e à forte vaga de fora desgovernou a bombordo e foi de guinada sobre as pedras da ponta do Cais Velho, onde chegou a bater e de imediato começou a apitar, insistentemente por socorro. Entretanto, em seu auxilio aproximou-se a LAURINDA, que seguia na sua esteira, contudo ao rumar para o local do sinistro e já na ocasião, que a SOARES DE ALMEIDA se safou e seguia rio acima, livre de perigo, uma volta de mar imprevista impeliu a LAURINDA para sul, fazendo-a ir sobre a língua de areia do Cabedelo, ficando desgovernada, Desde logo, começou a fazer toques repetitivos da sirene de bordo, que eram secundados pelos toques da SOARES DE ALMEIDA, que seguia para montante já muito adiantada, a fim de ir amarrar na lingueta dos Pescadores, no lugar do cais de Massarelos, cujo mestre julgando, que a situação se tivesse resolvido e não adivinhando a tragédia, que se estava a passar com a outra traineira, que entretanto deixara de apitar por socorro, prosseguiu a sua navegação.

A LAURINDA encalhara na restinga do Cabedelo, local de difícil acesso e a dado momento foi levada pela força bruta da corrente do rio e acabou por adornar e despedaçar-se, submergindo sob a forte ondulação do cabeço da barra, sem que de terra fosse possível valer aos desventurados náufragos, não só por tardiamente terem sido organizados os socorros, como ainda pela rapidez com que a tragédia se desenrolou e ainda por causa da escuridão da noite, que limitara a visibilidade,

Na Foz do Douro, em face dos repetidos sinais de alarme, começaram a convergir aos cais próximos inúmeras pessoas, que lamentavam a sorte dos pescadores naufragados, tripulantes da parelha LAURINDA, contudo sem puderem avaliar a horrível tragédia, que se estava a desenrolar diante dos seus olhos devido à escuridão da noite. Ao cais dos Pilotos principiaram a chegar as viaturas dos Bombeiros Voluntários do Porto, Matosinhos e Leça, Portuenses e os de Leixões com o seu pessoal e respectivo material, assim como os elementos e auto-maca da Cruz Vermelha e ainda o carro porta-cabos da estação de Socorros a Náufragos da Foz do Douro puxado por populares.

Depois, já tarde, começaram a prestar auxilio as várias lanchas motores dos pilotos, que passaram a transportar para o Cabedelo os bombeiros, alguns pilotos e marítimos voluntários da Cantareira, além do material de socorros a náufragos, que não chegou a ser utilizado, dado que a embarcação sinistrada já tinha submergido, contudo aquele pessoal começou por percorrer a costa, na ânsia de encontrar sobreviventes ou corpos das vitimas, pelo que se muniram de fogachos ou archotes.

Os dois primeiros náufragos, que a nado conseguiram alcançar as areias do Cabedelo, foram de imediato transportados para a Cantareira, sendo o primeiro num bote conduzido a remos pelos pilotos da barra Joaquim Matias Alves e Júlio Pinto de Carvalho, que foram os primeiros elementos a chegar ao Cabedelo, logo após se organizar os socorros. Cabe dizer, que aqueles dois pilotos da barra foram dignos de elogio, que não esperando pela chegada do pessoal das suas lanchas e não tendo outras embarcações mais capazes, de pronto deitaram mão daquele bote, que se encontrava amarrado junto da lingueta dos Pilotos e nele se fizeram ao areal do Cabedelo, a fim de socorrerem possíveis sobreviventes, que tivessem alcançado a costa a nado. O segundo daqueles dois náufragos foi conduzido, também, para a Cantareira num outro bote tripulado pelos marítimos da Foz, Álvaro Duarte Lima, Jaime Duarte Lina, Manuel Monteiro de Sousa e pelo marinheiro da armada Alberto da Costa, tendo sido esta a segunda embarcação a varar no Cabedelo. O primeiro náufrago, no trajecto pelo areal, desde a costa até ao rio, foi conduzido às costas do piloto Joaquim Matias Alves. Os dois náufragos, chegados à Cantareira, foram de imediato assistidos pelo pessoal da Cruz Vermelha e de seguida conduzidos ao Hospital da Misericórdia na auto-maca.

O mestre da LAURINDA, Avelino Gravalho, morador em Matosinhos, salvou-se também, tendo percorrido todo o areal do Cabedelo pelo seu pé e seguindo pela margem do lugar de Santo André de Canidelo, foi recolher-se a casa de parentes na localidade piscatória da Afurada e o seu contra-mestre foi resgatado na restinga do Cabedelo, tendo sido levado para o posto da Guarda-fiscal do lugar de Lavadores, onde o pessoal dos Bombeiros Voluntários do Porto lhe prodigalizaram rápidos socorros.

Já de madrugada, cerca das 02h00, foram vistos a boiar próximo da praia do Cabedelo três corpos de vítimas do naufrágio, que infelizmente não puderam ser resgatados ao mar. Porém, pelo alvor, dois corpos foram recuperados, sendo um deles o mestre-pesca de nacionalidade Espanhola e um camarada, tendo sido levados para um barracão do posto da guarda-fiscal do lugar de Lavadores, onde permaneceram até a vinda das autoridade competentes.

A tripulação da LAURINDA, segundo constava, era constituída por catorze homens, dos quais pereceram oito. Além de outros tripulantes salvos, também foi poupado à morte um pescador natural de Ílhavo, que quase milagrosamente deu ao areal do Cabedelo, agarrado a um escantilhão de bordo, quando já lhe faltavam as forças para resistir à violência da maresia.

O salva-vidas a remos da povoação piscatória da Afurada tentou sair a barra, todavia não o pode fazer devido à forte corrente do rio e ao estado do mar. No Hospital da Misericórdia recebeu curativo o assalariado da Corporação de Pilotos, João Luis Gonçalves, morador no lugar da Cantareira, que fora colhido por uma manilha a bordo do salva-vidas a remos da estação da Foz, ficando com um dedo esmagado.

Entre a população do lugar da Afurada de Baixo, que logo após o sinistro fora despertada pela trágica notícia, era grande a consternação e acorreram ao Cabedelo, a fim de colaborar nas buscas das vítimas. A maior parte da desventurada tripulação residia na referida localidade pesqueira. Na margem da Foz, toda a gente que, em compacta multidão, presenciava o desenrolar do triste acontecimento, estava no mais alto grau de emoção. As mulheres choravam, ouvindo-se a cada passo, gritos de pavor e de angústia.

A chalupa-motor de recreio alemã “DEUTSCHLAND”, que se encontrava ancorada no rio Douro, esteve com a bandeira da sua nacionalidade içada a meia-adriça em sinal de sentimento pela morte dos camaradas da traineira desaparecida na barra do Douro.

A LAURINDA e a SOARES DE ALMEIDA pertenciam ao armador Bernardo Soares de Almeida do lugar do Ouro, que as fretara a uma parceria de pesca de que faziam parte dois conhecidos advogados da cidade do Porto. A primeira, quinze dias antes, ao demandar a mesma barra, sofrera uma avaria no leme, correndo sério risco de naufragar.

Na ocasião do naufrágio, criticas infundadas foram feitas à Corporação de Pilotos por populares, por não terem actuado de imediato com o seu material flutuante, só que esses populares deveriam ter em conta, que aquele organismo jamais foi uma instituição de socorros a náufragos, no entanto os seus elementos sempre têm sido dos primeiros a avançar para a barra, em auxilio do seu semelhante, em situações de sinistros idênticos. Acontece, que à aquela hora da noite o seu pessoal não se encontrava na praia da Cantareira mas em suas casas, como era óbvio. Todavia logo, que chamados avançaram com as suas lanchas ou embarcações particulares e mesmo como voluntários embarcados aos remos do salva-vidas VISCONDE DE LANÇADA.

Fontes: José Fernandes Amaro Junior

(continua)

Rui Amaro

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