domingo, 4 de setembro de 2011

SUBSIDIOS PARA A HISTÓRIA DA CORPORAÇÃO DE PILOTOS DA BARRA DO DOURO E PORTO ARTIFICIAL DE LEIXÕES – Episódio 193

O MODERNO NAVIO-MOTOR FRUTEIRO DINAMARQUÊS "TUNIS" DEMANDA A BARRA DO DOURO PELA PRIMEIRA VEZ

O TUNIS em 1936 / DFDS 1866-1941 /.

A 23/09/1936, pelas 10h00, vindo do sul apareceu à vista, navegando a cerca de duas milhas da costa, o navio-motor fruteiro Dinamarquês TUNIS, que procedia de vários portos do Mediterrâneo, onde carregara citrinos e laranjas, além de bastante cortiça em fardos.
Dado que o seu agente consignatário Kendall, Pinto Basto & Cia, Lda tinha bastante interesse, que aquele navio entrasse, a fim de iniciar as operações de carga no sentido de as terminar para sair na maré da manhã do dia seguinte, o piloto-mor Francisco Rodrigues Brandão, sabendo que aquela moderna unidade da marinha mercante Dinamarquesa, de linhas bastantes avançadas para a época, aliás próprio da construção naval dos países Escandinavos e o seu pouco calado, aliado à sua boa marcha e leme, e tendo em conta das boas condições da barra, decide-se pela sua entrada sem demora. O corso da vazante já passara, junto do cais do Marégrafo, há pouco mais de uma hora.
A lancha P4 já saíra para o mar, conduzida pelo cabo-piloto Alexandre Cardoso Meireles, que foi ao encontro daquele navio, tendo-o abordado a sul da praia de Lavadores. Para bordo subiu o piloto José Fernandes Amaro Júnior, que de imediato transmite para terra o calado de água de 14,5 pés, através de toques da sirene do navio. Com a bandeira vermelha, sinal convencional de barra franca, içada nos mastros do castelo da Foz e do cais do Marégrafo e a toda a força avante o TUNIS faz-se à barra do Douro de rumo a nordeste, safo do banco da Barra e dos destroços do INGA l, até alcançar a bóia da ponta do Dente, onde fez o enfiamento da marca das Três Orelhas pela marca nova do Anjo, sempre sem reduzir a sua marcha, a fim do navio governar e vencer a corrente do rio, que já levava alguma impetuosidade, formando o usual escarcéu, mostrando aquele navio ser de bom andamento e sobretudo leme, não criando qualquer dificuldade e obedecendo sempre à manobra e assim prosseguiu até chegar junto do lugar da Ínsua do Ouro, abrandando o andamento, a fim de entregar a declaração de sanidade à baleeira da Sanidade Marítima. Retomando a marcha para montante até alcançar o lugar das escadas da Alfândega, onde largou o ferro de estibordo e pouco depois o de bombordo e de imediato a lancha da amarração, que entretanto já passara o cabo de arame ao ancorote dos pilotos, foi largá-lo pela popa ao lançante pelo sudoeste. A seguir a lancha foi passar cabos por cima do pião de barcas para terra, onde já se encontrava um seu tripulante, que os encabeçou nos peorizes. O TUNIS deixou o rio Douro no dia seguinte pelas 13h00 rumando a Antuérpia e Copenhaga.
 
 
O TUNIS no pós-guerra / DFDS /

 TUNIS - navio fruteiro/ Imo 5370840/ 87m/ 1.648tb/ 12,5nós/ 12 passageiros; 15/01/1936 entregue pelo estaleiro A/S Helsingors Jernskibs-og-Maskinbsggeri, Helsingor, à Det Forened D/S A/S (DFDS), Copenhaga; 04/1940 imobilzado em Nova Iorque devido à Dinamarca ter sido invadida e tomada pela Alemanha Nazi; 06/06/1941 entregue à US Maritime Commission por ordem executiva dos seus armadores Det Forened D/S A/S (DFDS), Copenhaga; 21/07/1941 AQUILA, registo do Panamá e fretado à Marine Operating Co., Inc. 11/08/1941 adquirido pela US Navy em Nova Iorque; 24/10/1941 USS AQUILA (AK-47); 09/10/1945 abatido ao efectivo da US Navy, em Norfolk, VA, e entregue ao US Maritime Commission, tendo sido fretado pela Alcoa Steamship Co., em Portsmouth, VA, recebendo o nome de BONANZA; 25/06/1946 devolvido aos seus primitivos armadores a DFDS, de Copenhaga, e recebendo o seu antigo nome de TUNIS; 1966 MARIA-T, V. H. Eleftheriades, Pireu; 1972 MATHIOS, Rigas O. Boris et all,??; 08/1978 chegava ao Pireu para desmantelamento em sucata.

O MAROCCO em operações comerciais algures num porto do Mediterrâneo Oriental / DFDS 1866-1941 /.

O TUNIS juntamente com o seu gémeo MAROCCO, e mais outros dois com ligeiras diferenças, denominados ALGIER e SICILIEN foram colocados pela DFDS ao serviço da linha do Mediterrâneo incluindo portos da Grécia, Turquia, Siria, Libano, Israel/Palestina e Egipto, e veio ao rio Douro carregar vinho em pipas, conservas, ardósias, resinas e cortiça em fardos, esta na sua maior parte estivada no convés como "barda". Os vapores daquele armador eram mais conhecidos nas ribeiras de Gaia e Porto como “vapores das pipas”, devido à grande quantidade de pipas de vinho, que embarcavam no rio Douro.
No pós-guerra, mais propriamente em 1946 regressou ao serviço do seu armador, retomando a linha do Mediterrâneo com escalas eventuais nos principais portos Portugueses, a fim de reforçar a frota da linha de Portugal, só terminando com a vinda dos novos navios-motor fruteiros da série RHODOS e BYGHOLM entre os anos de 48/50, passando então a servir o tráfego da Dinamarca/Inglaterra.
Fonte: José Fernandes Amaro Júnior; DFDS 1866-1941; US Navy Navsource; Lloyd´s Shipping Register.
(continua)
Rui Amaro

ATENÇÃO: Se houver alguém que se ache com direitos sobre as imagens postadas neste blogue, deve-o comunicar de imediato. a fim da(s) mesma(s) ser(em) retirada(s), o que será uma pena, contudo rogo a sua compreensão e autorização para a continuação da(s) mesma(s)neste Blogue, o que muito se agradece.
ATTENTION. If there is anyone who thinks they have “copyrights” of any images/photos posted on this blog, should contact me immediately, in order I remove them, but will be sadness. However I appeal for your comprehension and authorizing the continuation of the same on this Blog, which will be very much appreciated.

Sem comentários: