sexta-feira, 19 de novembro de 2010

SUBSIDIOS PARA A HISTÓRIA DA CORPORAÇÃO DE PILOTOS DA BARRA DO DOURO E PORTO ARTIFICIAL DE LEIXÕES – Episódio 113


“NRP GONÇALO VELHO”, NOVO VASO DE GUERRA DA ARMADA PORTUGUESA, DEMANDA A BARRA DO DOURO


O NRP GONÇALO VELHO vindo dos estaleiros chega à baía de Cascais em 31/03/1933 / postal da edição para a venda a favor dos marinheiros tuberculosos da Armada /


A 07/05/1933, pelas 11h00, sob o comando do CFR Francisco Luis Rebelo, entrou a barra do Douro, pela primeira vez o NRP GONÇALO VELHO, aviso de 2ª classe, em visita de apresentação à cidade do Porto. Aquela moderna unidade naval, que fazia parte do programa de novas construções para a Armada Portuguesa da autoria do ministro da marinha, Alm. Magalhães Corrêa, decretado em 1930 e iniciado em 1931, cuja manobra foi dirigida pelo cabo-piloto Alexandre Cardoso Meireles, como era da praxe, naqueles tempos, ser um piloto graduado a dirigir as manobras dos vasos de guerra, passou a barra sob alguma névoa e chuva de noroeste, tendo ido amarrar às bóias do quadro dos vasos de guerra no lugar do Bicalho, Massarelos.


O NRP GONÇALO VELHO em Massarelos, rio Douro, na sua primeira visita à cidade do Porto, 07/05/1933 / (c) colecção F. Cabral, Porto /.


Ao seu encontro saíram a barra os rebocadores TRITÃO, MARS 2º, AGUILA, DEODATO, CRESTUMA 2º e MARIAZINHA, além das lanchas dos pilotos P1, P2, P3, P5 e P6 e outras embarcações privadas. A 13, com vento leste, deixou a barra do Douro com destino ao porto de Viana do Castelo, cuja manobra de largada foi da responsabilidade do cabo-piloto António da Silva Pereira.


O NRP GONÇALO VELHO em Massarelos, rio Douro, na sua primeira visita à cidade do Porto, 07/05/1933 /(c) colecção F. Cabral, Porto /.


NRP GONÇALO VELHO – Cff 81,55m/ 1.435,61dt/ Boca 10,85m/ Pontal 5,18m/ Raio de acção 9.550 milhas à velocidade de 10 nós/ Duas caldeiras aquitubulares/ Potencia das máquinas 2.000 cavalos/ 2 hélices/ Armamento: 3 canhões de 120mm, 4 de 20mm aa, 4 morteiros e 2 lança bombas de profundidade/ Capacidade para combustível (nafta) 335tons/ Velocidade máxima 17,89 nós/ Guarnição: 10 oficiais e 137 sargentos e praças.

O NRP GONÇALO VELHO, juntamente com o seu gémeo NRP GONÇALVES ZARCO, fazia parte da classe dada pelo seu nome, de avisos de 2ª classe ao serviço da Marinha de Guerra Portuguesa

Os dois navios foram construídos nos estaleiros Hawthorne Leslie & Co., de Newcastle-on-Tyne, e encomendados ao abrigo do Programa Naval Português, cuja execução fora decretada em 1930 e iniciada em 1931 da responsabilidade do ministro da marinha, Almirante Magalhães Corrêa. Como avisos coloniais, os navios foram projectados com o objectivo de manter a capacidade de presença naval nos vários territórios do Império Colonial Português, assegurando aí, a soberania de Portugal.

Depois da Segunda Guerra Mundial os navios foram equiparados a fragatas, recebendo o prefixo F nos seus números de amura, respectivamente F-475 e F-476. Em 1959 foram substancialmente modernizados, sendo equipados com armamento e sensores para a guerra anti-submarina, e ainda radar de navegação e ASDIC.


O NRP GONÇALVES ZARCO vindo dos estaleiros à sua chegada ao Tejo / postal da edição para a venda a favor dos marinheiros tuberculosos da Armada /.


Os dois navios foram baptizados com os nomes de dois dos navegadores Portugueses envolvidos na descoberta das ilhas do Atlântico: Gonçalo Velho e João Gonçalves Zarco.

Ambos os navios deixaram de ser empregues como unidades combatentes em 1961. O Gonçalo Velho foi, imediatamente, abatido ao serviço, mas o Gonçalves Zarco foi transformado em navio hidrográfico ostentando o número de amura A-5200 (1961), mantendo-se em serviço até 1964.

Fontes: José Fernandes Amaro Júnior; Marinha de Guerra Portuguesa 1955; Wikipédia.

(continua)

Rui Amaro

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