sexta-feira, 28 de novembro de 2014


in memoriam

Como devias detestar ficar preso em casa, enquanto as ondas vinham e iam e o teu Douro descarregava água e mais água naquela barra que conhecias como poucos. Uma vida a navegar, sobretudo em terra, a perscrutar horizontes na cata de veleiros, na restinga a ler os sinais das marés, no farolim a argumentar com outros marítimos, na Cantareira a ver os últimos caícos e os últimos sáveis. Sempre, mas sempre te verei assim: indagador, curioso, homem de saber e de ensinar.
Acabou. Perdemos-te e perdemos um pouco mais do nosso “norte”, aquele que nos levava a uma Foz do Douro profundamente fluvial e marítima e que vai desaparecendo inelutavelmente.
Deixas-nos herança: ”A Barra da Morte”, livro admirável sobre as tragédias da embocadura do Douro e ainda os inúmeros textos dos blogues que animavas.
Quanto saber, quanta paixão e quanta humanidade!
A Rua da Cerca, toda a Foz chora porque se foi um seu amante generoso, um Bom.

Assim estou eu.

Um abraço para sempre, Rui.

QZ

sábado, 19 de abril de 2014

A V I S O

O BLOGUE VAI FICAR INACTIVO POR TEMPO INDETERMINADO POR MOTIVO DE PROBLEMAS DE SAÚDE DO SEU AUTOR

quinta-feira, 13 de fevereiro de 2014

SUBSIDIOS PARA A HISTÓRIA DA CORPORAÇÃO DE PILOTOS DA BARRA DO DOU-RO E PORTO ARTIFICIAL DE LEIXÕES – Episódio 321

O ULTIMO EMBARQUE DO PILOTO JOSÉ FERNANDES AMARO JÚNIOR

O DA CAPO manobrando para entrar na doca nº 1 do porto de Leixões

25/09/1959, pelas 15h00, o piloto José Fernandes Amaro Júnior, realizava o seu último embarque, conduzindo de saída do rio Douro para Leixões, o navio-motor holandês DA CAPO, agenciado pela Casa Garland, Laidley, do Porto, o qual estava atracado ao cais de Gaia e foi acostar â Doca nº 1 – cais sul. O percurso foi feito desde a Cantareira até à entrada daquela doca sob denso nevoeiro, e nesse dia a névoa não clareou, razão porque o paquete inglês HILDEBRAND recusou a entrada em Leixões e foi encalhar na manhã seguinte, junto do cabo Raso, quando rumava ao porto de Lisboa, também sob névoa cerrada.
À data exercia a função de cabo-piloto interino, mas devido á falta de pilotos em tempo de férias e em dia de bastante movimento marítimo, o piloto-mor incumbiu-lhe aquele serviço.
Aliás já tinha feito a entrega da papelada para a aposentação antecipada, porque já sentia um certo cansaço ao saltar para os navios, sobretudo em dias de mar agitado, principalmente naqueles de maior tonelagem, que demandavam o porto de Leixões. A 01/10 iniciava o seu mês de férias, e a partir do último dia de férias, iria aguardar a inspecção médica e subsequentemente a ordem de aposentação.
DA CAPO – imo 5091652/ 61,9m/ 499tb/ 10nós; 08/12/1948 entregue por J. Pattje, Waterhuizen, a F. v/d Laan, Groningen, l/t chartered to VNG6co’s, Roterdão; 1963 DOLORES, Oldenburger & Braam, Delfzijl, l/t chartered to VNG6co’s, Roterdão; 01/1972 arrived Masnedo, Dinamarca, par desmantelamento.
Fontes: José Fernandes Amaro Junior, Miramar Ship Index.
Imagem: F. Cabral, Porto

Rui Amaro     

SUBSIDIOS PARA A HISTÓRIA DA CORPORAÇÃO DE PILOTOS DA BARRA DO DOU-RO E PORTO ARTIFICIAL DE LEIXÕES – Episódio 320

CUMPRIU-SE O ULTIMO DESEJO DE UM CAPITÃO DA MARINHA MERCANTE INGLESA COM O LANÇAMENTO DAS SUAS CINZAS NA BARRA DO DOURO – 19/07/1957


O TEXTO SERÁ OPORTUNAMENTE  POSTADO NESTE BLOGUE.

domingo, 5 de janeiro de 2014

SUBSIDIOS PARA A HISTÓRIA DA CORPORAÇÃO DE PILOTOS DA BARRA DO DOU-RO E PORTO ARTIFICIAL DE LEIXÕES – Episódio 319

O NAVIO-MOTOR ESPANHOL “VIRGEN DE LA LUZ” SOFREU UM ACIDENTE QUANDO FAZIA A APROXIMAÇÃO AO PORTO DE LEIXÕES

O VIRGEN DE LA LUZ junto da praia do Titan

06/07/1956 – O n/m Espanhol VIRGEN DE LA LUZ, que fazia a aproximação à entrada do porto de Leixões de madrugada, com nevoeiro cerrado e alguma ondulação, ainda sem a presença do piloto da barra, e acabou por embater contra a penedia por fora do molhe Norte e abre água. Entretanto aproxima-se a lancha de pilotar que aborda o VIRGEN DE LA LUZ para embarque do piloto da barra, que trata de colocar o navio a salvo, conduzindo-o apressadamente para junto da praia do Titan, molhe Norte, sobranceira ao porto de serviço, onde fica varado na areia, a fim de não soçobrar.
A 12/07 depois das reparações provisórias, o VIRGEN DE LA LUZ seguiu para o porto de Viana do Castelo, a fim de sofrer as reparações finais nos Estaleiros Navais daquele porto do Alto Minho.
VIRGEN DE LA LUZ – imo 5381734/ 43m/ 400tb/ 07,5 nós; 01/1944 entregue pela Union Naval de Levante, Valencia, como VIRGEN DEL PILAR a Vicent Ensenat, Palma de Maiorca; 1945 VIRGEN DE LA LUZ, Vicent Ensenat, Palma de Maiorca; 14/04/1976 sofre um acidente na ria de Corcubion, quando em rota de San Esteban de Pravia para Corcubion com um carregamento de carvão, tendo sido varado numa praia, afim de não se afundar, onde mais tarde acabou por ser desmantelado para sucata.
Fontes: Jornal O Comercio do Porto, Miramar Ship Index.
Imagem: F, Cabral, Porto.
(continua)
Rui Amaro

quinta-feira, 19 de dezembro de 2013

SUBSIDIOS PARA A HISTÓRIA DA CORPORAÇÃO DE PILOTOS DA BARRA DO DOURO E PORTO ARTIFICIAL DE LEIXÕES – Episódio 318

CHEIA NO RIO DOURO

O HUNDSECK aguentando uma cheia no rio Douro, lugar do cais do Monchique, Porto, em 04/1960 / foto Rui Amaro /.

A 21/03/1956 foi recebido um telegrama da Régua, que na margem daquela localidade o nível das águas de cheia estavam de manhã em 05m, e às 19h00 já subiram para 05,52m; a 22 pelas 18h00 as águas já se encontravam a 06,30m com tendência para descer; a 23 voltaram a subir, pelo que às 11h00 foram para 05,56m, e continuavam a subir de nível, pelo que às 15h00 já iam 07,50m e às 19h00 já andavam em 08,36m, e sempre com tendência a a vir para cima. A 24 pelas 09h00 a escala marcava 12,45m, e às 14h00 baixavam para 11,46m; a 25 desciam para 10,60m com tendência a baixar, e nos dias seguintes foram descendo razoavelmente. Durante esse tempo haviam ventos frescos com rajadas violentas de Sudoeste e Oeste com chuva intensa e bastante mar. No Porto a Ribeira e Miragaia estiverem debaixo de água, assim como as margens de V. N. de Gaia, e como assim o novo cais do Vinho do Porto (cais de Gaia), ao qual estava atracado o n/m Alemão HUNDSECK, que se aguentou firme.
A 28, o piloto-mor, apesar de ainda haver impetuosidade nas águas de cheia, e mar de andaço com alguns lisos, o piloto-mor José Fernandes Tato, após consulta com os pilotos, decidiu abrir a barra á navegação, e assim saiu o n/ m Alemão HUNDSECK, assessorado pelo piloto José Fernandes Amaro Júnior, que disse que nunca conduzira navio algum com tanta velocidade, porque o navio ao sabor da corrente e a meia força deixava de governar, então ordenou força toda avante e lá cruzou a barra num liso de mar, indo desembarcar para a lancha P10 junto do farol do Esporão de Leixões. Entrou o vapor Norueguês GALATEA, que foi atracar ao cais do Terreiro, a dois ferros, a fim de carregar sucata, e ainda o n/m Português CORUCHE, que foi amarrar junto do lugar das escadas da Alfandega, a dois ferros, cabos estabelecidos para terra e a ancorote dos pilotos ao lançante para sudoeste, ambos ficaram com amarrações reforçadas, devido à previsão de nova cheia, pois na Régua o nível das águas recomeçou a subir de nível.
Navios que suportaram a cheia, sem grandes complicações, porque os pilotos trataram do reforço das suas amarrações: No lugar da Carbonífera: Iates-motor MARIA CLOTILDE, TEÓFILO, SADINO, EDUARDO XISTO, lanchão-motor GAVIÃO DOS MARES, e ainda as fragatas CANTANHEDE e GIBRALTINA; lugar do cais do Cavaco: n/m SECIL GRANDE; lugar do cais das Pedras, Massarelos: lugre-motor bacalhoeiro CONDESTÁVEL; quadro dos bacalhoeiros, Massarelos: Lugre ANA MARIA, lugre-motor AVIZ, rebocador MARIALVA, iate de recreio Alemão KARLENA, este não aguentou a força das águas e acabou por submergir; quadro dos navios de guerra, Massarelos: NRP CORVINA.
Com a cheia, que os tripeiros apelidam de “engenheiro da Régua”, a barra alargou imenso, estando agora as pedras denominadas Fogamanadas e Perlongas, em pleno rio, pelo que há grande regozijo nos mareantes e nos pilotos da barra, que agora podem conduzir as embarcações mais confortavelmente.
Entretanto a 18/04/1956 nova cheia se avizinhava, pois na Régua as águas já estavam a inundar as margens e a corrente já vinha com bastante impetuosidade, pelo que nesse dia não houve movimento marítimo na barra do Douro, contudo a 20 saiu o n/m Português SECIL com destino a Setúbal, voltando a barra a ser encerrada.
HUNDSECK (3) – imo 5156828/ 57,2m/ 777tb/ 10 nós/ tripulantes 12/ passageiros 1; 11/1951 entregue por A.G. Weser Werk Seebeck, Bremerhaven, como DIONE à Cie de Transports Cotmar SA, Puerto Cortez, Honduras, gestores Cie de Transports Cotmar, Basileia; 1952 DIONE, Cie de Transports Cotmar, Bremen; 1955 HUNDSECK, DDG Hansa, Bremen; 1967 BALTIQUE, Emeraude Maritime SA, Nantes; 1969 BALTIQUE, Lybian Coast Shipping Line, Tripoli, Libia; 1975 KUMKALE, Ali Meraloglu, Istanbul; 1996 KUMKALE, Meraloglu Denizeilik ve TLS, Istanbul; 2007 KUMKALE, Akas Denizeilik ve Turizm Sanayl TLS, Istanbul; 2008 KUMKALE, Necip Meraloglu ve Ortaklari, Istanbul; 2010 excluído do LR por dúvida de existência. Navios-gémeos: DORIDE/ROSENECK (2); ACASTE/BRUNNECK (2).
Fontes: José Fernandes Amaro Júnior, DDG Hansa, Bremen, Miramar Ship Index.
(continua)

Rui Amaro

segunda-feira, 9 de dezembro de 2013

SUBSIDIOS PARA A HISTÓRIA DA CORPORAÇÃO DE PILOTOS DA BARRA DO DOURO E PORTO ARTIFICIAL DE LEIXÕES – Episódio 317

 O NOVO NAVIO-MOTOR ALEMÃO “PORTO”

O n/m Alemão PORTO subindo o rio Douro, diante de Sobteiras / F. Cabral, Porto /.

10/05/1956 – O novo n/m Alemão PORTO demandou nesta data, pela primeira vez o rio Douro, pelas 13h30, conduzido pelo piloto Herminio Gonçalves dos Reis, indo amarrar no lugar do Ramos Pinto, margem de Gaia, a dois ferros, cabos estabelecidos para terra, e ancorote dos Pilotos pela popa, ao lançante para Noroeste.
PORTO – imo 5282902/ 71,2m/ 1.372tab/ 12,5 nós/ 4 passageiros; 21/04/1956 entregue pelos estaleiros Nobiskrug Werft, Rendsburg, à OPDR - Oldenburg Portugiesische Dampfschiffs Rhederei, Hamburg, que o empregou na linha de Portugal; 1971 PORTO, Souster Shipping Co., Ltd., Famagusta; 1972 PORTO, Souster Hellas Maritime, Famagusta; 1973 SAMOS FAITH, Souster Hellas Maritime, Famagusta; 1974 SAMOS FAITH, Dawn Shipping Enterprises, Ltd., Limassol; 1979 SAMOS FAITH, Nelapa Shipping Co., Ltd., Limassol; 18/01/1980 naufragou durante a viagem de Ravenna / Dammam, devido a explosão seguida de incendio na casa das máquinas. Navios gémeos: PASAJES, SEVILLA, SETÚBAL.
Visto a subir o rio Douro em 10/05/1956.
Fontes: José Fernandes Amaro Júnior, OPDR.
(continua)
Rui Amaro

ATENÇÃO: Se houver alguém que se ache com direitos sobre as imagens postadas neste blogue, deve-o comunicar de imediato. a fim da(s) mesma(s) ser(em) retirada(s), o que será uma pena, contudo rogo a sua compreensão e autorização para a continuação da(s) mesma(s) em NAVIOS Á VISTA
, o que muito se agradece.

ATTENTION. If there is anyone who thinks they have “copyrights” of any images/photos posted on this blog, should contact me immediately, in order I remove them, but will be sadness. However I appeal for your comprehension and authorizing the continuation of the same on NAVIOS Á VISTA, which will be very much appreciated.